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Fonte: Estadão
[25/02/10]
Sócio da Eletronet pode ser beneficiado
Empresa sem dívidas traria possibilidade de ganhos
O principal argumento dos credores no processo de falência da Eletronet é que a
empresa, apesar de ter sido criada com 51% de participação da americana AES e
49% da Eletrobrás, é uma empresa pública.
O principal argumento para isso é que a AES foi afastada da gestão após deixar
de fazer os aportes previstos em contrato e, quando foi declarada a autofalência
da companhia, quem estava no seu comando era a Lightpar, empresa da Eletrobrás.
Caso esse argumento vingue, o processo de falência da Eletronet deixará de
existir, porque uma estatal não poderia ter feito o pedido de autofalência.
Dessa forma, o governo arcaria com as dívidas.
O Nelson dos Santos, que comprou a participação da AES por R$ 1, ficaria com uma
empresa saneada, pronta para ser vendida, ou poderia acabar vendendo a sua
participação de volta ao governo.
As dívidas da Eletronet estão em cerca de R$ 800 milhões. A Furukawa e a Alcatel
Lucent, que forneceram equipamentos e cabos para a operadora, têm cerca de 80%
do total. A caução exigida pela Justiça seria usada para cobrir a dívida.
Segundo Domingos Refinetti, advogado da Furukawa, ainda não foi depositada a
caução. "Não constam dos autos nem a caução nem a posse das fibras para o
governo."
A Eletronet tem uma rede de 16 mil quilômetros de fibras ópticas, que cobrem 18
Estados. Várias operadoras privadas estudaram a compra da Eletronet, sem fechar
negócio. "Estivemos analisando a aquisição muito tempo atrás, antes de eu voltar
para o Brasil", afirmou Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica.
Valente assumiu o comando da operação brasileira há três anos. Anteriormente,
foi presidente da subsidiária peruana da Telefônica. Segundo ele, o negócio não
foi para a frente porque a situação era complicada.
"Digo isso pelo processo de falência", explicou o executivo, acrescentando que
não tem conhecimento das implicações políticas divulgadas nos últimos dias. Para
Valente, a possibilidade de usar a infraestrutura da Eletronet para ampliar a
oferta de banda larga no País é "muito positiva, pelo menos em termos técnicos".
Ele disse que a Oi, a Embratel, a Intelig e a GVT (que comprou a Geodex) têm
redes nacionais comparáveis à rede da Eletronet, mas hoje é muito difícil
avaliar a situação da rede da operadora falida.
Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, afirmou que "a Eletronet não era
considerado um bom negócio desde que foi criada, há 10 anos".
Segundo o consultor, isso decorre do valor que precisaria ser pago às empresas
da Eletrobrás pelo direito de uso da infraestrutura, caso o governo deixasse de
ser acionista da empresa.