WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Lei Geral das Antenas --> Índice de artigos e notícias --> 2012
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Tele.Síntese Análise 345
[25/06/12]
Governo começa a enfrentar os gargalos que aumentam o custo da infraestrutura
As frequentes – e antigas – reclamações das operadoras de telecom sobre
dificuldades para instalar redes, em função de problemas e do custo da
infraestrutura passiva, finalmente motivaram ações concretas do governo. As duas
medidas em elaboração – o decreto que obriga obras federais a instalar dutos
para uso das operadoras de telecom e o projeto de Lei Geral de Instalação de
Infraestrutura em Telecomunicações, a “Lei das Antenas” – são respostas às
demanda e representam uma luz no fim do túnel, ou, do duto.
A expectativa da indústria é positiva frente ao encaminhamento dado pelo
Ministério das Comunicações ao tema, como ficou claro durante os debates do 30o
Encontro Tele.Síntese, realizado dia 19 em São Paulo. Em especial porque as duas
iniciativas têm participação de diferentes segmentos da indústria. “Fomos
chamados a dar nossa contribuição”, diz Eduardo Levy, diretor-executivo do
SindiTelebrasil, que destaca a qualidade do diálogo estabelecido.
O decreto que trata do direito de passagem em rodovias, redes de saneamento e
postes de energia está prestes a sair. Segundo o diretor de banda larga do
Ministério das Comunicações, Artur Coimbra, a minuta de decreto deverá ser
enviada este mês à Casa Civil da Presidência da República.
No caso do direito de passagem, haverá duas formas de abordagem, explicou ele.
As empresas estatais, ao construir uma infraestrutura, terão de publicar seu
projeto básico e abri-lo para as operadoras de telecomunicações instalarem suas
fibras ópticas. E só poderá ser cobrado o custo marginal dessa obra, e não um
preço mensal, como acontece hoje. Já as obras de saneamento e estradas tocadas
com recursos do governo federal terão que instalar a rede de telecom (pelo menos
os dutos, ou até mesmo a fibra apagada).
Essas redes serão de propriedade da União, que irá cedê-las gratuitamente para
as operadoras. Para evitar o monopólio e garantir a competição na ocupação da
infraestrutura, cada empresa só poderá usar 15% da capacidade da infraestrutura
instalada. Se quiser usar entre 15% a 25%, precisará de autorização específica e
pagar por ela. Nenhuma operadora poderá ocupar mais do que 25% de capacidade.
Quanto aos postes de energia, o decreto vai definir regras gerais, pois a
negociação com a Aneel sobre o preço pelo compartilhamento dos postes das
concessionárias de eneriga elétrica é competência da Anatel. Uma das regras
estabelece que o uso do poste será regulado por grupo econômico. Assim, um mesmo
grupo econômico de telecomunicações só poderá usar dez centímetros da cota do
poste.
O restante deve ser ocupado por outras empresas. Essas medidas revolvem parte
dos problemas no que se refere a instalar dutos, passar cabos aéreos ou
subterrâneos e lançar fibras ao longo das rodovias. E, ao harmonizar o
tratamento dado pelos diversos órgãos federais, reduz as dificuldades na
obtenção das licenças. “Há obras esperando há mais de um ano o licenciamento e
esse atraso onera o custo em mais de 40%”, afirmou Helio Bampi, diretor da
Abeprest.
Mais antenas
O decreto, no entanto, não trata de uma questão cada vez mais sensível para as
operadoras: a instalação de estações radiobase para telefonia celular. Com mais
de 250 leis municipais e estaduais relativas ao tema, a maioria com objetivo de
proteger os cidadãos dos efeitos da radiação, cresce o volume de restrições. Um
dos objetivos da chamada “Lei das Antenas” – o projeto deve ser encaminhado ao
Congresso no final do segundo semestre – é disciplinar, entre outros temas, a
instalação das estações radiobase, já que legislar sobre telecomunicações é
competência da União, e não dos estados e municípios.
Mas até o Congresso aprovar uma lei sobre o assunto, o que deve ocorrer em 2013,
o SindiTelebrasil vai acelerar a campanha de esclarecimento a entidades de
municípios e assembleias legislativas das cidades com legislações mais
restritivas. “O diálogo é fundamental, pois há muita desinformação. Além disso,
para atender à telefonia móvel vamos ter de instalar mais antenas,
principalmente com a chegada da 4G. Não há saída fora do entendimento”, disse
Levy.
Os gestores públicos também reclamam: da falta de empenho das operadoras em
compartilhar infraestrutura. Silvia Coimbra, gerente-técnica de Gestão de Vias
Urbanas da prefeitura de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, vê na
construção compartilhada de galerias uma solução importante para acabar com os
gargalos. Não é da tradição do setor de telecomunicações compartilhar rede e
mesmo insfraestrutura passiva. Essa cultura começa a sofrer mudanças, ainda
lentas.
A Telebras, contou Luiz Vergueiro, gerente comercial, assinou contrato com a TIM
para compartilhar antenas. Outro exemplo foi dado por João Moura, presidente
executivo da Telcomp: doze operadoras investiram para acabar com o gargalo na
região da Faria Lima, na capital paulista, pagaram a conta conjuntamente,
compartilharam o risco do investimento, mas cada uma optou por ter seu próprio
cabo. Se tivessem compartilhado o cabo, disse ele, no futuro haveria espaço para
outros interessados.