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Fonte: Tele.Síntese
[13/11/13]
PV critica licenciamento simplificado para instalação de antenas (E radiação
de equipamentos celulares opõe especialistas)
O líder do PV, deputado Sarney Filho (MA), criticou o fato de o projeto de lei
das antenas (PL 5013/13) prever um licenciamento ambiental simplificado para a
instalação desses equipamentos e o fato de as autorizações serem delegadas para
estados e municípios. Ele participou nesta quarta-feira (13) de audiência
pública da comissão especial que discute o projeto. Na ocasião, outros deputados
do PV também pediram que a discussão do projeto seja aprofundada e criticaram a
pressa na análise do texto. O projeto é uma das prioridades do governo, que
pretende ampliar a infraestrutura de comunicações para a Copa do Mundo e
Olimpíadas.
Para Sarney Filho, é prematuro estabelecer de antemão que o licenciamento das
antenas deverá ser simplificado. “Porque já se está dizendo que o licenciamento
é simplificado? Qual a substância que determina que esse licenciamento tem de
ser simplificado? O potencial de poluição – seja ela visual ou danos para a
saúde – ainda não está determinado nessa questão das antenas”, argumentou.
Prerrogativas do Ibama
O projeto estabelece que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)
disciplinará o procedimento simplificado de licenciamento ambiental para
instalação de infraestrutura de suporte, bem como de qualquer outra
infraestrutura de redes de telecomunicações.
A deputada Rosane Ferreira (PV-PR) disse que a norma pode diminuir o poder dos
órgãos ambientais ao impor esse procedimento simples. “Não estamos diminuindo o
poder do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis] e invadindo as prerrogativas do órgão?”, questionou.
A assessora da presidência do Ibama, Verônica Marques Tavares, rebateu as
críticas. Segundo ela, o fato de o procedimento ser simplificado não vai impedir
que o Conama faça as suas exigências. “Ele vai ter de estabelecer o que é
exigível, os estudos, os prazos e a documentação mínima. Não tem grandes
questões em relação a se estabelecer um procedimento simplificado”, disse.
Delegação
O líder do PV criticou ainda o fato de as autorizações de instalação de antenas
serem de responsabilidade dos estados e municípios. Ele disse que as antenas, no
Brasil, geram impactos visuais irreversíveis, como a interferência nas paisagens
urbanas. “Quando viajamos ao exterior, não nos deparamos com esses verdadeiros
monstrengos, que são essas antenas espalhadas nas cidades sem senso de
equilíbrio urbano, manchando a paisagem”, disse.
A competência dos municípios foi defendida pela assessora do Ibama. “Precisamos
acabar com esse mito de que o Ibama faz melhor. É preciso que o Conama
estabeleça regras claras para que todos os órgãos possam seguir critérios
estabelecidos e padronizados, e assim evitar pedidos descabidos”, explicou.
Radiação
Especialistas divergiram nesta quarta-feira (13) sobre os efeitos à saúde
causados por torres e antenas de telefonia celular, em audiência pública sobre o
assunto na Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara. Alguns consideram
seguras as chamadas estações radiobase (torres e antenas), desde que a radiação
emitida por elas respeite os limites estabelecidos pela Anatel. Outros acreditam
que a população não está protegida por essas normas e que a radiação emitida
pelo próprio aparelho celular causa danos à saúde.
O superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Marconi Maya,
informou que o Brasil segue as recomendações da Organização Mundial de Saúde
(OMS) relativas à exposição humana a campos eletromagnéticos. Segundo ele, a
agência regulamentou o assunto em 2002, adotando os limites de radiação
propostos pela Comissão Internacional de Proteção contra as Radiações não
Ionizantes (Icnirp, na sigla em inglês), órgão da OMS. Quando vai licenciar as
estações radiobase, a agência observa se esses limites.
“A Anatel realiza medições constantemente para avaliar o nível de exposição
humana a esses campos”, completou Maya. Ele acrescentou que todos os celulares,
para serem certificados e homologados, também passam por testes de absorção de
radiação. “Os celulares possuem controle de potência, exatamente para proteger o
cidadão”, disse.
Fator cancerígeno
Porém, o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Álvaro Salles, afirmou que a OMS classificou em
2011 as radiações de celulares, internet wifi, bluetooth, estações de rádio e de
TV e microondas, por exemplo, como possivelmente cancerígenas. “É impressionante
que essa classificação não resultou em nenhuma ação dos governos para proteger a
saúde pública dessas radiações”, destacou. Para ele, o uso de fones de ouvido,
viva voz, mensagens de texto e de telefone fixo podem ajudar a proteger o
cidadão. “O celular foi feito apenas para deslocamentos, não devemos correr
riscos desnecessários”, opinou.
Salles recomendou ainda o uso do telefone celular com uma distância mínima da
cabeça. Segundo ele, os próprios fabricantes de celulares fazem esse aviso.
“Leiam o manual, está lá a distância mínima, em letras pequenas”, alertou. Ele
acrescentou que estudos inéditos e recentes mostram que crianças são mais
suscetíveis à radiação de celulares do que adultos. Para o professor, o governo
deveria fazer ampla campanha de esclarecimentos à população.
O professor afirmou também que a legislação do Icnirp, seguida pela Anatel, é
antiga (de 1998) e só considera os efeitos de curto tempo de exposição. “Essa
legislação tem que ser revista, para considerar os efeitos da exposição de longa
duração, que é a realidade da população atualmente”, destacou. Para ele, as
pesquisas sobre efeitos dessa exposição devem durar pelo menos de oito a dez
anos. Salles citou pesquisa realizada na Alemanha, que mostra que o risco de
casos de câncer é três vezes maior entre pessoas que viveram durante dez anos
(de 1994 a 2004) num raio de 400 metros das torres e antenas.
(Da redação, com Agência Câmara)