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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[28/02/14]
Cidade de SP patina na flexibilização de lei de antenas
PL ainda deve passar por quatro comissões. Operadoras estão apreensivas com a
dificuldade de instalação de ERBs
O tempo passa e a frase “Imagina na Copa!” continua no ar, quando o assunto é
infraestrutura de telecomunicações. O próprio setor já levou o tema à imprensa.
E o a repercução internacional só tende a crescer. No dia 28, a consultoria
Infonetic Research divulgou uma pesquisa a respeito do número de estações
radiobase por habitante do Brasil. A conclusão, da principal analista de
infraestrutura móvel da empresa, Stéphane Téral, foi a mesma que há tempos já se
sabe por aqui: faltam ERBs.
“O Brasil tem problemas mais sérios para resolver, como as manifestações
anti-Copa do Mundo e outros problemas relacionados a infraestrutura. Mas não
vejo qualquer possibilidade de estarem prontos [os brasileiros] em termos de
mobilidade, faltando apenas quatro meses para a Copa do Mundo da Fifa”, disparou
para o mundo.
O ônus deve recair sobre as operadoras, já tão surradas por abusar de promoções,
mesmo sem garantia de qualidade do serviço. Há, porém, uma parcela expressiva de
culpa do poder público, extremamente lento para responder às necessidades de um
setor dinâmico em termos de mudanças tecnológicas e que conta com penetração de
1,36 celular por pessoa (muitos brasileiros têm mais de um chip).
Um bom exemplo dessa afirmação ocorre no município de São Paulo, o maior mercado
de celular do Brasil. No dia 5 de março do ano passado, portanto há onze meses,
as operadoras, acompanhadas do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, se
reuniram com o prefeito Fernando Haddad, para debater as limitações da atual
legislação para instalação de estações radiobase na cidade e apresentar seus
argumentos para a necessidade de flexibilização. No dia 21 de março, foi
publicada no Diário Oficial do Município a Portaria 83/13-PREF com a lista de
indicados de diversas secretarias para compor um Grupo de Trabalho com o
objetivo de realizar estudos relativos à matéria e apresentar proposta
legislativa em 30 dias. Consultada sobre os resultados do grupo de trabalho, a
Secretaria de Governo do município, após uma semana de prazo, não conseguiu
responder à reportagem.
Em novembro de 2013, o vereador José Américo Dias, presidente da Câmara de
Vereadores Municipal de São Paulo, apresentou o projeto de Lei 751/2013. O PL de
Instalação de Radiobase (ERB), como foi apelidado, tramita desde então. Em
dezembro, a Comissão de Constituição, Justiça e Legislação participativa da
Câmara se posicionou favorável pela legalidade do substitutivo. O projeto
chegou, no dia 12, à Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente.
Está prevista a tramitação da proposta nas comissões de Administração Pública,
Atividade Econômica, Saúde Promoção Social e Trabalho e de Finanças e Orçamento.
Quando terminará sua tramitação não se sabe. Procurada, a assessoria do
presidente da Câmara disse que ele não falaria sobre o tema por “falta de tempo
hábil”.
As operadoras reclamam da demora no avanço da matéria em São Paulo. Considerando
o Carnaval, é preciso celeridade no processo para aprovação da lei com prazo
razoável para instalação de mais ERBs antes da Copa do Mundo, em junho, o que
exigirá mais da infraestrutura. Mas é muito pouco provável que a alteração da
legislação ocorra a tempo.
Apesar da campanha do setor, promovida pelo SindiTelebrasil, para demonstrar que
parte do entrave de infraestrutura nacional decorre da burocracia e regras
rígidas ou mesmo absurdas para instalação de antenas em algumas capitais, o caso
de São Paulo não está isolado. Há negociações com prefeituras e Câmaras
Legislativas em andamento, sem previsão de conclusão, também em Fortaleza (CE),
Vitória (ES), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Porto
Alegre (RS). Dessa lista, três serão cidades-sede da Copa do Mundo de Futebol da
Fifa.
Já na listagem dos municípios onde houve alteração das legislações restritivas,
apenas Curitiba (PR) é capital e está entre as doze cidades-sede. Também fizeram
mudanças no regulamento municipal de instalação de antenas Olinda (PE), São
Lourenço da Mata (PE), Cachoeira do Sul (RS), Brusque (SC), além do próprio
estado de Santa Catarina.
Segundo o SindiTelebrasil, existem mais de 250 leis restritivas à implantação de
infraestrutura no país, especialmente de antenas de telefonia móvel. Entre elas,
por exemplo, estão mais duas cidades-sede do evento esportivo. No Distrito
Federal (DF) não existe legislação para instalação de antenas em áreas privadas
e o governo local não aceita os pedidos das operadoras para tais instalações
porque não há legislação que as preveja.
Em Natal (RN), diz o sindicato, também há restrições. A Lei 186/200 prevê
distanciamento de 30 metros de edificações e das áreas de acesso e circulação
que abrigam hospitais, clínicas, centros de saúde e assemelhados.