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Leia na Fonte: Teletime
[25/07/16]
Para Abrintel, desligamento de antenas no DF pode ter repercussão nacional -
por Samuel Possebon
Não é só o SindiTelebrasil e as operadoras de telecomunicações que estão
preocupados com o risco iminente de que algumas antenas no Distrito Federal
venham a ser desligadas em função do Ministério Público para que se faça cumprir
uma lei de 2004 e que impede a instalação de torres de celular nas proximidades
de escolas.
O episódio é considerado pela Abrintel, a Associação Brasileira de
Infraestrutura de Telecomunicações, que representa empresas independentes
detentoras de torres, como um precedente perigoso para o restante do país, onde
a situação vivida pelas operadoras de telecomunicações e detentores de torres é
similar à encontrada na Capital Federal.
Segundo Lourenço Pinto Coelho, presidente da associação, a estimativa é de que
cerca de 70% das mais de 75 mil torres de celular do País estejam hoje sem
licença.
O não licenciamento decorre de uma série de razões, que podem ir desde a
irregularidade dos terrenos e edificações em relação a alguma legislação
municipal até por conta de o dono do imóvel onde a torre esteja instalada está
em débito com o IPTU ou com alguma outra edificação irregular.
Isso para não falar na burocracia para a liberação das licenças de construção e
funcionamento (que em alguns casos supera dois anos) e nas leis restritivas,
como a do DF, que simplesmente proibem a edificação em determinas áreas. São
mais de 250 leis desse tipo em todo o país. "Há muitas situações em que o
licenciamento é simplesmente impossível".
Há casos mais graves, como os da cidade de São Paulo, onde há cerca de 5,6 mil
torres. Para atender aos parâmetros mínimos de funcionamento de redes de
telecomunicações, seriam necessárias pelo menos o dobro. "O recomendável é que
haja 1 mil usuários por torre, mas em São Paulo a média é de 2,1 mil e há torres
com mais de 5 mil usuários", diz Coelho.
Na cidade, 25% das torres atuais foram levantadas nos últimos 5 anos, mas há um
percentual grande das torres que vêm ainda do tempo da Telesp Celular e que
teriam que ser realocadas por conta de mudanças na legislação feitas sem levar
em consideração as implicações técnicas e econômicas de remanejar essa parte da
infraestrutura de telecomunicações.
Hoje cerca de metade das torres do Brasil é operada empresas indepenedentes,
quase todas representadas pela Abrintel, e a outra metade pertence às próprias
teles ou empresas subsidiárias.
Segundo Lourenço Pinto Coelho, a Lei das Antenas sancionada em abril de 2015, é
um fato positivo porque pelo menos dá às empresas uma referência e alguma
segurança regulatória, mas o problema da pulverização de procedimentos para o
licenciamento das antenas permanece, com uma realidade muito complexa e variável
de município para município. "O setor é promissor, tem investimentos programados
de mais de R$ 4 bilhões, mas essa confusão municipal atrapalha", diz. Ele
explica que boa parte das legislações é antiga, elaborada antes que houvesse uma
maior segurança sobre a questão da segurança das antenas para a saúde. "Hoje
existe um entendimento da Organização Mundial da Saúde sobre esse aspecto (da
segurança) e desde 2009 há uma legislação que estabelece os parâmetros seguros
de irradiação", diz o executivo.
Legado
No caso do Distrito Federal, onde o risco de desligamento das antenas instaladas
nas proximidades das escolas é real, por conta de uma pressão do Ministério
Público Federal sobre o governo, as teles já tiveram uma conversa com
representantes do Poder Executivo local. Ouviram que a lei é antiga, veio de uma
outra legislatura e que não há nada que o governo atual possa fazer para mudar.
Ou seja, dificilmente terão o apoio oficial para reverter o problema.
Restam três caminhos:
- ou desligam o sinal (o que também é irregular, se for feito sem a autorização
da Anatel),
- ou o governo local derruba as antenas (o que também é crime, conforme o Código
Penal)
- ou será preciso deslocar as mais de 30 antenas de lugar.
Acontece que pela legislação local, não existe nenhum outro local possível, pois
elas precisam estar distantes mais de 50 metros de unidades imobiliárias. E
mesmo que houvesse, isso demandaria um investimento de pelo menos R$ 15 milhões
apenas para estas antenas, um replanejamento completo da engenharia de
propagação e distribuição dos sinais na cidade e a necessidade de licenciamento
dos novos sites.