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Leia na Fonte:
Tele.Síntese
[27/03/17]
São Paulo pode ter nova lei de antenas ainda neste semestre - por Rafael
Bucco
Prefeitura desistiu de editar decreto. Em vez disso, vai mandar à Câmara dos
Vereadores texto substitutivo de projeto de lei já em trâmite. Proposta deve
alinhar lei da cidade à federal e facilitar a instalação de equipamentos em
prédios públicos. A gestão Dória estuda, ainda, leiloar o licenciamento
relâmpago nos edifícios, abrindo nova frente de receitas para o município.
A Prefeitura de São Paulo desistiu de fazer um decreto para regular a instalação
de small cells na cidade, e trabalha para enviar ainda em abril à Câmara dos
Vereadores um projeto de lei que implanta uma política municipal para o
licenciamento de torres e antenas de telefonia móvel na cidade.
Segundo fontes, a ideia é que o texto venha em linha com a lei federal de 2015.
A Prefeitura articula para que a aprovação na Casa aconteça ainda neste
trimestre, com a votação do texto como substitutivo de PL que já passou por
primeira votação no plenário, mas segue emperrado.
Ter uma lei que facilite a obtenção de licenças para instalação de torres e
antenas na cidade é uma demanda antiga por parte do setor de telecomunicações.
Há pelo menos cinco anos empresas negociam a reformulação das regras locais, que
hoje exige licenças de diferentes secretarias e órgãos, planos de obras e
projetos prévios. Nos últimos quatro anos, conforme dados da Abrintel, apenas
três torres foram instaladas na cidade, apesar da existência de mais de uma
dezena de pedidos.
Diferença
A grande diferença do novo texto para aquele que já tramita na Casa é a
revogação de todo marco regulatório de licenciamento de torres e antenas na
cidade, e criação de um novo. Nesta nova legislação, as estações radiobase
passam a ser consideradas equipamentos, e não edificações. Essa pequena mudança
tem potencial para encurtar muito a instalação de antenas em edifícios públicos,
uma vez que nestes espaços é permitido o licenciamento automático por ser
dispensada a regularidade fundiária.
Até hoje, a lei municipal considera as ERBs como edificações, e o texto em
trâmite na Câmara não alterava a classificação, facilitando o licenciamento
apenas das estações sem impacto visual ou que não demandassem obras de
infraestrutura.
A prefeitura tem pressa e interesse em aprovar o texto. Com as novas regras,
poderia reforçar o caixa. A intenção, conforme pessoas ouvidas pela
Tele.Síntese, é leiloar um pacote de autorizações de instalação em prédios do
governo para as operadoras e empresas de infraestrutura. Existem pelo menos mil
prédios públicos municipais onde antenas poderiam ser instaladas em São Paulo.
O novo texto também prevê o encurtamento dos prazos para que as operadoras
obtenham a autorização para instalar os equipamentos, embora a prefeitura não
diga quais serão. No texto atualmente em trânsito na Câmara, os prazos previstos
são de até 60 dias.
De decreto a projeto
A prefeitura paulista mudou de intenções a partir de consulta pública realizada
pela SP Negócios, empresa estatal municipal que vai ajudar a operacionalizar
privatizações e concessões na gestão de João Dória (PSDB). Antes ligada à
Secretaria de Finanças da Cidade, a SP Negócios agora fica sob o guarda-chuva da
nova Secretaria de Desestatização.
Entre 9 e 23 de janeiro, a SP Negócios fez uma consulta pública sobre mini-ERBs,
que foi elaborada na gestão anterior. A consulta tinha proposta de decreto, que
complementaria o PL em fase de votação pelos vereadores. Diante das
contribuições do setor, que demandavam mudanças na regulação para além das
mini-ERBs, a prefeitura achou melhor redigir um novo projeto e submeter a
questão à Câmara.
Operadoras
A reformulação da lei municipal tem apoio da Abrintel, a associação das donas de
torres, e do SindiTelebrasil, o sindicato nacional das operadoras de
telecomunicações. Ricardo Dieckmann, diretor de infraestrutura do
SindiTelebrasil, acha positivo ter uma lei no lugar de um decreto. Não apenas
pela abrangência.
“Um decreto, ainda que resolva algumas das questões de imediato, não resolve
nada de forma definitiva. O mais adequado é uma solução que dê continuidade à
política”, comenta. Originalmente, a proposta de decreto de mini-ERBs tinha o
foco sobre a instalação de small cells em função das projeções de crescimento do
4G.
A expectativa de Dieckmann é que o novo PL revogue a lei municipal 13.756, que
determina, entre outras coisas, distâncias mínimas entre células. “O problema é
que a legislação de hoje permite a instalação em condições que já não existem na
cidade, como em ruas com largura de ao menos 12 metros, ou em terrenos um
porcentual inalcançável de recuo, o que é inviável numa cidade com tantas áreas
semi-urbanizadas”, conclui.
Procuradas, a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (SMIT) e a de
Governo, responsáveis pela reformulação da proposta e envio à Câmara dos
Vereadores, não comentam o plano.