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Leia na Fonte: Teletime
[18/10 18]
Burocracia municipal impede a viabilização de metade das antenas de celular
necessárias - por Samuel Possebon
Qual o tamanho do gargalo que está sendo gerado com a dificuldade de instalação
de antenas no Brasil? É uma conta complicada de ser feita porque cada operadora
tem um determinado número de pedidos, em milhares de prefeituras pelo Brasil.
Mas Leonardo Capdeville, CTO da TIM, faz uma estimativa simplificada. "Cada
operadora precisa colocar de 2 mil a 3 mil antenas por ano apenas para manter a
qualidade do serviço e atender ao aumento de tráfego", diz.
Ele lembra que estas antenas são compartilhadas em muitos casos, "mas é possível
estimar que, ao todo, o mercado se tenha uma demanda de 5 mil novos sites por
ano", diz o executivo. Segundo ele, é seguro estimar que pelo menos metade
destes sites, ou cerca de 2,5 mil antenas, estejam muito atrasados ou parados
por conta de burocracias municipais. "Estamos colocando metade da capacidade de
que precisamos simplesmente porque não temos a liberação das prefeituras". Isso
sem contar a ampliação da planta para áreas não cobertas.
Esta conta se comprova com um dado concreto: só na cidade de São Paulo, segundo
o SindiTelebrasil, há 1,2 mil novos pedidos de instalação de antenas parados,
que se somam a 700 que já existiam, alguns há mais de 5 anos. A prefeitura de
São Paulo encaminhou há um ano um projeto e lei à Câmara dos Vereadores para
simplificar o processo de autorização e ajustá-la à Lei das Antenas (Lei
13.116/2015, que estabelece regras em nível Federal), mas ele ainda está
aguardando aprovação.
Há grandes cidades com casos tão ou mais críticos do que São Paulo, como Belo
Horizonte, Porto Alegre e Brasília. No Rio e em Curitba, houve avanços na
legislação municipal, garantindo mais agilidade ao processo de expansão das
redes. "No caso de São Paulo, nossos projetos eram para "biosites" (sites que
ficam disfarçados em postes de iluminação, sem interferência significativa na
paisagem), e ainda estávamos nos comprometendo, por convênio, colocar nestes
sites câmeras de segurança e entregar as imagens nos centros de controle da
prefeitura, mas nem assim conseguimos a liberação", diz Capdeville.
Eduardo Ricotta, presidente da Ericsson, fornecedora responsável por grande
parte dos projetos de novos sites das operadoras, diz que os equipamentos para
instalação estão parados, apenas aguardando o sinal verde das prefeituras. E ele
alerta para um outro problema. "Quando a gente vai para as frequências de 5G,
que operam em espectro mais alto, precisa de muito mais antena, muito mais site,
porque a cobertura é mais restrita. Se continuar essa dificuldade, você
inviabiliza a quinta geração". Na cidade de São Paulo, por exemplo, a estimativa
do SindiTelebrasil é de um investimento parado da ordem de R$ 600 milhões com a
burocracia.
Capdeville chama a atenção para um outro problema: o custo e a burocracia para
direito de passagem de redes de fibra por rodovias, por exemplo. "A legislação
federal prevê que esse direito de passagem tem que ser dado sem custo, mas o que
vemos são órgãos públicos e concessionárias cobrando taxas que consideramos
indevidas e criando barreiras burocráticas para podermos passar com
infraestrutura de telecomunicações", diz o CTO da TIM.