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Fonte: Estadão
[19/08/07]
Rádio enfrenta o desafio de ser digital - por Renato Cruz
O rádio brasileiro se prepara para a digitalização. A TV digital já tem data de
estréia: 2 de dezembro, em São Paulo. Já o rádio depende de definições do
governo. A expectativa é a de que haja algum anúncio durante o evento Broadcast
& Cable, que começa na quarta-feira. O País deve optar pelo padrão americano
Ibiquity para AM e FM e pelo europeu Digital Radio Mondiale (DRM) para ondas
curtas.
A tecnologia digital vai melhorar a qualidade do som, dando ao AM a qualidade do
FM atual e ao FM uma qualidade próxima à do CD. O Ibiquity permite a
multiprogramação. Ou seja, a transmissão de mais de um programa ao mesmo tempo
num único canal de rádio. Emissoras americanas chegam a transmitir três
programas digitais e um analógico no mesmo canal. As emissoras podem enviar aos
aparelhos mensagens de texto, mostradas no visor do rádio, com informações como
nome e intérprete das músicas, previsão do tempo, condições do trânsito e
comerciais. Também é possível transmitir pequenos arquivos de imagem.
Os problemas são o preço e a disponibilidade dos receptores. Nos Estados Unidos,
onde o rádio digital é chamado de HD (sigla em inglês de digital híbrido), os
modelos mais baratos custam US$ 120. Não existem radinhos de pilha no padrão
Ibiquity, pois o sistema consome muita energia. Para o mercado brasileiro, onde
predomina o ouvinte de baixa renda, essa situação pode ser um obstáculo.
“A digitalização é uma questão de subsistência e de sobrevivência do rádio”, diz
Acácio Luiz Costa, coordenador da Aliança Brasileira para o Rádio Digital. “Aos
75 anos, o rádio brasileiro precisa se atualizar tecnicamente. É o meio mais
antigo e o último a ser atualizado.” Dezessete emissoras locais já testaram o
sistema digital, com tecnologia Ibiquity. “É a única possível e disponível.
Discutir tecnologia é uma grande bobagem. Se o sistema não for bom, o consumidor
não compra.”
Para Costa, a redução de preço é uma questão de tempo. “O preço está caindo de
maneira avassaladora”, disse o executivo. “Hoje, o aparelho custa por volta de
20% mais que o analógico. Até o fim do ano, devem chegar ao mercado americano
celulares com receptor de rádio digital.” Ele acredita que a digitalização
permitirá ampliar a participação do rádio na publicidade. Segundo o relatório
Inter-Meios, entre janeiro e maio de 2007, o rádio teve participação de 4% no
bolo publicitário brasileiro, comparada aos 59,5% da televisão e a 16,8% do
jornal.
OPORTUNIDADES
Segundo Ronald Barbosa, diretor de Rádio da Sociedade Brasileira de Engenharia
de Televisão (SET), além das 17 emissoras que já testaram o rádio digital, há
entre 40 e 50 que importaram o equipamento, mas não testaram os transmissores.
Há 4,5 mil emissoras de rádio em operação no Brasil. “Uma vez divulgada a
decisão, a expectativa é de que leve um ano para a regulamentação toda estar
pronta”, diz Barbosa.
A digitalização cria oportunidades de negócio para as emissoras, como serviços
acessórios. Um exemplo, segundo Barbosa, seria indicar no visor a programação da
emissora. Outra possibilidade é distribuir informações de texto.
O rádio está em 88% dos lares brasileiros, perdendo apenas para a TV. Cerca de
75% dos receptores são domésticos. Por causa do preço mais alto e ausência do
modelo portátil, a expectativa é de que o modelo digital seja adotado primeiro
nos carros.
A transição do rádio analógico para o digital deve ser mais simples que da TV,
que exige um canal novo para que transmita, simultaneamente, os sinais analógico
e digital. Para o rádio, não é necessário. O Ibiquity é um sistema Iboc (sigla
de In-Band On-Channel). Ou seja, permite que os dois sinais sejam transmitidos
em um só canal. A indústria brasileira ainda não tem previsão de preços para os
aparelhos.