Fonte: Agência Brasil
[27/08/07]
Entidades civis criticam testes de rádio digital sem método definido -
por Alessandra Bastos
Brasília - A falta de uma metodologia que traga critérios e parâmetros para
os testes com a nova tecnologia digital é a principal crítica dos
especialistas e das entidades civis que fazem parte do conselho consultivo
criado pelo Ministério das Comunicações para a digitalização do rádio no
país. “Os testes foram feitos sem a existência de uma metodologia que
pudesse dar unidade a eles”, diz a representante da Universidade de Brasília
(UnB) no conselho, Nelia Del Bianco.
O representante da Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV
Digital no conselho, Jonas Valente, reclama: “Não há uma avaliação concreta
sobre as tecnologias. Não há nenhum técnico do Estado acompanhando esses
testes. Vai haver só uma coletânea dos relatórios”, reclama. A Frente
representa cerca de cem entidades da sociedade civil.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, declarou que a decisão do governo
sobre a adoção de um sistema digital não será feita antes da entrega dos
resultados dos testes com o padrão norte-americano e da posterior análise,
mesmo que seja preciso prorrogar prazos. Mas disse também que não irá
esperar a realização dos testes com o padrão europeu DRM, que estão
atrasados. A idéia é que o país adote os dois sistemas. O norte-americano
para as rádios AM e FM e o europeu para as rádios de ondas curtas (OC).
Para a professora da UnB, mesmo os testes feitos com o o sistema de rádio
digital norte-americano In Band – On Chanel (Iboc) são de pouca serventia.
“Você não pode comparar o resultado dos testes, uma vez que há divergência
sobre a forma de realização dos mesmos”, diz, referindo-se à falta da
metodologia.
A metodologia que deverá ser aplicada pelas rádios AM no testes com o padrão
americano Iboc foi encomendada pela Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) à UnB e já está pronta. A metodologia passou por um processo de
consulta pública e os resultados estão sendo agora analisados pelos técnicos
da Anatel. A metodologia poderá ser usada a partir do momento em que for
publica no Diário Oficial, e a previsão da Anatel é que isso ocorra em um
mês.
Entretanto, a metodologia para testes na faixa FM com o padrão americano e
na freqüência ondas curtas (OC) com o padrão europeu DRM ainda não foram
concluídas. As duas, depois de prontas, também passarão pelo processo de
consulta pública. A Anatel não têm previsão de quando os testes poderão ser
iniciados.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), cujas
rádios membro realizam os testes com o Iboc, informou que as emissoras não
terão que refazer os testes depois que a Anatel publicar a metodologia. Os
relatórios dos testes com o Iboc serão apenas adaptados, diz o presidente da
Abert, Daniel Pimentel Slaviero.
“Não há necessidade de novos testes. Não precisam de mais testes AM e FM,
porque eles já vêm ocorrendo com as 15 emissoras que já estão no ar. O que
realmente precisa é de uma consolidação desses números de uma maneira
uniforme, que são os critérios propostos pela Anatel”, explica Slaviero.
De acordo com o ministro Hélio Costa, 21 rádios espalhadas por quase todas
as capitais brasileiras já operam em testes com o Iboc. Dessas, 15 emissoras
- localizadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e
Porto Alegre - são registradas na Abert.