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Fonte: Agência Brasil - Radiobrás

[29/05/07]   País deveria adiar transição para rádio digital à espera de definições tecnológicas, sugere especialista - por Yara Aquino
 
 Brasília - A transição para um sistema de rádio digital, nesse momento de grandes transformações tecnológicas, pode não ser adequada para o país, na avaliação do diretor de Administração e Finanças da Associação de Comunicação Educativa Roquete Pinto (Acerp), Orlando Guilhon. “Amanhã você vai ter um aparelho com texto, imagem, áudio e computador. O dia em que isso popularizar, você tem que estar preparado, senão vai fazer uma migração e daqui a cinco anos vai descobrir que, por exemplo, seu áudio melhorou, mas você precisa ter um outro aparelho para transmitir imagem”, disse ele, hoje (29), em evento na Câmara.
 
Além disso, o alto custo da migração para o sistema de rádio digital põe em risco emissoras de pequeno porte como as universitárias, comunitárias, públicas e educativas, segundo Guilhon. “Se essa disputa for focada apenas na capacidade de custo operacional, possivelmente as rádios comunitárias e educativas, culturais e universitárias vão ficar fora dessa capacidade competitiva”, afirma ele.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Slaviero, para migrar para o sistema digital, uma rádio terá que gastar enter US$ 120 mil e US$ 150 mil. Ele afirma que esses valores cairão com o passar do tempo. “Esse é um processo gradual começando pelos grandes centros e grandes emissoras e com ganho de escala isso vai barateando para que haja penetração em todas as rádios do país.”
 
O custo da migração não deve ser o ponto central das discussões, na avaliação de Orlando Guilhon. “Não está em jogo apenas quanto custa a migração para o digital, está em jogo também a quem beneficia essa migração, como fazer com que a sociedade de uma forma geral possa se beneficiar disso e não só os empresários da comunicação.”
 
A inclusão da população e a democratização da informação também devem ter papel central no momento da escolha do melhor padrão para ser adotado no Brasil. “Interessa uma rádio e televisão melhor na qualidade, na transmissão de dados e imagem desde que o acesso a esses bens e serviços seja democratizado pelo conjunto da população. È preciso despertar na população a percepção de que comunicação é um dado da cesta básica da cidadania tão importante quanto trabalho, alimento, saúde e educação.”
 
A implantação da rádio digital no Brasil foi discutida no seminário Rádio Digital – Uma revolução na Radiodifusão Brasileira, realizado hoje (29) na Câmara dos Deputados, em Brasília.