Fonte: Agência Brasil - Telebrás
Brasília - Ainda não há uma data definida para a
mudança do atual padrão analógico de transmissão de rádio
para o digital no país, nem foi escolhido o modelo a
ser implantado. Um seminário organizado hoje na Câmara, porém, mostrou que
as emissoras comerciais já se articulam para impor um padrão tecnológico
que, na avaliação de representantes de emissoras públicas e comunitárias,
poderá aumentar a exclusão desses modelos alternativos de radiodifusão.
O modelo de rádio
digital a ser adotado no país ainda está em
discussão por um grupo interministerial, porém os empresários radiodifusores
já têm uma preferência, o Iboc (In Band – On Chanel). “Optamos pelo Iboc por
que é o único sistema que atende as necessidades da radiodifusão brasileira,
seja ela pública, privada ou comunitária. É o único que opera em AM e FM na
mesma banda e freqüência”, afirma o presidente da Associação Brasileira de
Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel
Slaviero.
O Iboc é um sistema desenvolvido pelo consórcio
norte-americano Ibiquity que permite o funcionamento híbrido entre o padrão
analógico e digital. Atualmente o sistema é testado
por 12 emissoras comerciais brasileiras.
O diretor de administração e finanças da Associação de
Comunicação Educativa Roquete Pinto (Acerp), Orlando Guilhon, faz críticas
ao sistema. Segundo Guilhon, com ele, as emissoras ocupam mais espaço no
dial, o que reduz o número de estações usem o espectro (espaço ocupado pela
ondas de rádio). Outro aspecto citado por ele é o
fato de ser um sistema proprietário cuja licença custa US$ 5 mil. “Não
devemos adotar um sistema que seja proprietário, senão você tem que pagar
uma licença para fora do que você vai ter que pagar para migrar no seu
equipamento, estúdios e transmissor.”
Segundo o presidente da Abert, o modelo de negócio
definido pela Ibiquity para o Brasil prevê que não seja cobrada a licença. O
consórcio irá ter remuneração apenas sobre os
transmissores e receptores. De acordo com ele, o mercado no Brasil é de
cerca de 200 milhões de receptores.
O padrão Iboc exclui as ondas curtas, conhecidas como
OC, usadas para transmitir a longas distâncias. Na avaliação de Slavieiro,
as ondas curtas poderão ser usadas para gerar um sistema paralelo de
transmissão de dados no país. O superintendente de Serviços de Comunicação
de Massa da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Ara Apkar
Minassian, porém, acredita que será necessário continuar usando as OC para
transmissões de rádio, porque só elas alcançam
regiões remotas do país, como a Amazônia.
Os ouvintes que quiserem captar a programação de
transmissão digital terão que adquirir um aparelho
de rádio com tecnologia adequada. Na avaliação do
presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio
e Televisão (Abert), Daniel Slaviero, o preço do rádio
receptor deve chegar ao mercado inicialmente na faixa de R$ 100 a R$ 200 e o
custo irá baixar com o tempo, como aconteceu com os telefones celulares.
Mesmo com a entrada do sinal digital
o analógico, que é usado atualmente, continuará sendo transmitido, assim os
ouvintes não precisarão mudar seus aparelhos de rádio
de imediato, afirma Ara Minassian. Já as empresas de radiodifusão terão que
ter equipamentos apropriados. Segundo o presidente da Abert, para migrar de
sistema, uma rádio terá que gastar entre US$ 120 mil
e US$ 150 mil, mas com o tempo o preço também deve cair.
O superintendente da Anatel estima que, para que a
migração dos ouvintes se complete, devem ser necessários entre sete e dez
anos. Entre as novidades do sistema digital, o
aumento da qualidade do sinal das emissoras, inclusive as AM, além de maior
interatividade.
O seminário Rádio
Digital – Uma revolução na Radiodifusão Brasileira,
foi realizado hoje (29) na Câmara dos Deputados, em Brasília.