As discussões para adoção tecnológica do padrão de
rádio digital brasileiro deverão considerar aspectos importantes do veículo
para garantir a sobrevivência do segmento. O alerta partiu da professora de
Comunicação da UnB, Nélia Del Bianco, durante apresentação no Seminário
sobre Rádio Digital, promovido hoje, pela Câmara.
A professora disse que o processo de adoção deve atender a gratuidade de
acesso ao rádio e oferecer uma programação gratuita, não inviabilizando a
oferta de dados e serviços pagos, além de proporcionar qualidade de aúdio,
fator que caracteriza o veículo. Ela defendeu menor custo do aparelho
receptor para que se possa popularizar o acesso, evitando assim, a divisão
digital.
Outro ponto importante diz respeito ao aproveitamento
de parque técnico. Segundo ela, a escolha da tecnologia deve permitir um bom
aproveitamento do parque instalado. “Embora haja um desejo de se adotar o
padrão Iboc, o ideal seria que não tivéssemos uma tecnologia proprietária”,
frisou.
Na opinião da professora, os radiodifusores querem o
Iboc, porque a tecnologia oferece uma possibilidade de se manter na mesma
freqüência, sem que haja necessidade de novas concessões. “As outras
possibilidades são fora da banda, ou seja, os radiodifusores teriam que
migrar para outra faixa e, nessa migração, aqueles que já estão
estabelecidos se sentem ameaçados”, disparou.
Nélia salientou que, na hora da escolha, também devemos
considerar a portabilidade. Ela afirmou que a tecnologia escolhida não pode
interferir na transmissão terrestre e ainda deve possibilitar uma adequada
recepção móvel. Segundo a professora, é importante observar a tecnologia do
ponto de vista da interatividade em si e com outros meios.
Outra questão defendida por ela é a necessidade de uma
tecnologia que proporcione a coevolução e a coexistência com o sistema
analógico existente. “No caso do rádio digital, assim como na TV Digital,
deve ocorrer um período de transmissão simultânea de conteúdo, até que o
número de receptores digitais possibilite ficar com o novo formato”,
enfatizou.