A indústria nacional quer garantir seu espaço no mercado de rádio que vai
surgir com a digitalização do sistema no país. O diretor da Associação
Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Rogério de Souza
Corrêa, que participou de audiência pública sobre o assunto na Comissão de
Ciência e Tecnologia da Câmara, defendeu a transferência de tecnologia para
o país. Ele disse que, se for adotado o sistema americano In Band On Channel
(Iboc), que segundo Corrêa é protegido por royalties, a indústria poderá
ficar fora do processo de digitalização das rádios.
De acordo com o diretor da Abinee, atualmente a indústria brasileira
responde por mais de 90% dos equipamentos que estão nas emissoras
brasileiras. A tecnologia americana, porém, é a defendida pelos
radiodifusores porque permite as transmissões na mesma banda das dos
sistemas AM e FM.
- Se a transferência tecnológica não acontecer, a nossa indústria não tem
outra opção a não ser sair desse mercado - afirmou Corrêa.
O assessor técnico da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão (Abert), Ronald Barbosa, disse que a rádio digital vai tornar as
emissoras AM mais competitivas, principalmente em relação às novas
tecnologias, como MP3. Hoje, segundo ele, em todo o país 98% dos domicílios
possuem rádio. Entre os veículos automotores, a parcela é de 83%.
O superintendente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Ara
Minassian, afirmou que, pelos relatórios enviados pelas emissoras de rádio à
instituição, ainda não é possível escolher um padrão digital para o país. No
entanto, ele mesmo informou que a Anatel já autorizou dez emissoras FM e
oito emissoras AM a fazer testes com o sistema americano. A Universidade de
Brasília (UnB) também foi autorizada a testar o sistema europeu DRM para
ondas curtas, principalmente nas transmissões voltadas para a Amazônia.
- Os relatórios ainda não permitem qualquer conclusão por parte da agência -
disse Minassian.
Mas a expectativa do governo, já divulgada pelo ministro das Comunicações,
Hélio Costa, no início do mês passado, é de que o país possa adotar um
sistema híbrido no rádio. O padrão americano IBOC para as rádios AM e FM e o
europeu DRM para ondas curtas, que tem maior alcance, podendo inclusive
substituir as transmissões por satélite na região Amazônica.