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Fonte: Midia Clipping
[06/01/09]   O rádio digital parou. Faz diferença? - por Anderson Diniz Bernardo com colaboração de Raphael Silvestre Molesim

Muito foi falado nos últimos dias sobre o fim do apoio do ministro das Comunicações ao padrão de rádio digital norte-americano (o Iboc), depois de três anos de "defesa". De acordo com reportagem de Ethevaldo Siqueira no Estadão de 28/12/08, o ministro Hélio Costa (foto) reconheceu "o que todos os técnicos independentes vinham afirmando desde 2006: em todo o mundo, a tecnologia de rádio digital ainda tem muitos problemas que não permitem sua adoção no Brasil".

O artigo chegou a elogiar a atitude do ministro, dizendo que "seria muito pior se o País adotasse o padrão Iboc", pois as 5000 emissoras de rádio brasileiras "seriam levadas a investir numa tecnologia que ainda funciona precariamente", e apontou algumas deficiências do sistema, que utiliza o mesmo canal tanto para a transmissão analógica quanto para a digital: "Nas transmissões em AM e FM, o padrão Iboc apresenta, entre outros, o problema do atraso (delay) de 8 segundos do sinal digital, em relação ao analógico. Como o alcance do sinal digital é menor do que o analógico, nos limites de sua propagação, a sintonia oscila entre um e outro, com grande desconforto para o ouvinte". Além disso, o consumo de energia é tão alto que praticamente inviabiliza o uso de receptores portáteis.

Pelo que parece, o Iboc não deu certo nem nos Estados Unidos, onde foi implantado há menos de cinco anos. Segundo o Wall Street Journal, menos de 10% das emissoras norte-americanas aderiram ao sistema, e apenas 0,15% da população possui o receptor para rádio digital. Por aqui, parece que o projeto de rádio digital vai ficar parado por tempo indeterminado, depois de um período não muito produtivo.

TEM QUE SER RÁDIO DIGITAL?
Chiados, oscilações de sinal ou o alto consumo de energia são problemas do rádio digital que só conheço de "ouvir falar". Nunca ouvi uma transmissão digital e confesso que nem fiz muita questão de ouvir, até porque acho essa discussão meio limitada. A digitalização do rádio é tão "insubstituível" quanto a digitalização da televisão? Tirando a gratuidade, qual a grande vantagem que o rádio digital vai trazer (e, principalmente, qual a grande vantagem que o padrão Iboc TROUXE) que outra tecnologia não traria?

Quando ouvi falar em rádio digital pela primeira vez, a novidade anunciada era o FM com som de CD (acho que 128kbps) e o AM com som de FM (68kbps ou 96kbps), sem oscilações. Uma maravilha, principalmente para o AM! Com o tempo, as discussões sobre o tema e os testes de algumas emissoras levaram ao consenso de que o sistema adotado no Brasil era caro - a ponto de ser inviável sua implantação em emissoras pequenas - e cheio de falhas.

O AM precisa de uma nova tecnologia para garantir a sua sobrevivência no futuro. Isso também é um consenso. Mas, repito: rádio digital é a única alternativa?

A INTERNET MÓVEL EM ALTA VELOCIDADE...

Enquanto a discussão sobre implantação do rádio digital estava "emperrada", ninguém atentou para outro fenômeno pode surgir em breve, mudando a forma de se ouvir rádio: a popularização do acesso rápido à Internet nos celulares. No início de setembro do ano passado, uma nota do Radioman dizia que "engenheiros e técnicos estão tentando achar uma maneira pra colocar o streaming das suas rádios nos celulares", mas a solução pode já ter aparecido: as rádios vão poder ser ouvidas online nos celulares com 3G.

A terceira geração de telefonia móvel proporciona a transmissão de dados com maior velocidade. "Enquanto com a tecnologia de segunda geração de telefonia móvel (2G) o tempo para baixar uma música pode chegar a 18 minutos, com a 3G é de cerca de um minuto", de acordo com matéria do O Globo Online sobre a tecnologia, publicada em 18/12/2007. A matéria antecipava que "em breve, haverá IPTV, jogos multiplayer em tempo real e outros serviços que demandam maiores velocidades".

Na sexta-feira passada, Marco Aurélio Zanni falou, em seção da Info Online, sobre o lançamento de um rádio online para carros, da Blaupunkt, utilizando a conexão 3G do celular, via Bluetooth. O texto foi reproduzido pela Magaly Prado e um leitor indicou o link com outro lançamento da Sanyo na mesma linha. Ou seja, a coisa está andando!

...COMO OPÇÃO, EM BREVE

O acesso à tecnologia 3G ainda é caro, em virtude dos custos para implantação de infra-estrutura para as redes e da baixa demanda inicial, comum para qualquer novo produto ou nova tecnologia. Mas o tempo que os novos produtos levam para ser adotados em grande escala tem diminuído cada vez mais! Quer um exemplo? É só comparar o tempo que o telefone celular levou para se tornar um produto de massa com o tempo que os celulares com câmera levaram para se popularizar - ou fazer a mesma comparação entre o DVD e o vídeo cassete, para ninguém culpar a antiga telefonia estatal pela demora da popularização do celular.

No começo da Internet o acesso discado era oferecido em planos limitados por tempo. A Internet no celular ainda é oferecida assim - seja ela de alta ou baixa velocidade -, mas a tendência é que isso acabe! Quando o iPhone e os aparelhos como Pocket PCs e Smartphones (equipados com Windows Mobile) deixarem de ser novidade, é bem provável que as operadoras comecem a oferecer planos de dados com acesso ilimitado por uma mensalidade "pagável" - ou, com um pouco mais de boa vontade, incluído num pacote básico de serviços que "todo mundo" tenha.

Isso não parece estar tão longe. Até pouco tempo atrás, era raro ver alguém com "telefone" desses. Hoje, empresas como Samsung, LG e Motorola já têm aparelhos equipados com a versão móvel do sistema operacional mais popular do mundo, e a preços mais acessíveis que o concorrente da Apple. E vem aí o 4G e o WiMAX!

Os Smartphones, antes raros, têm modelos fabricados pelas marcas mais populares do mercado

Quando essas tecnologias se popularizarem, pode haver uma "revolução" no acesso ao rádio, que vai colocar não só o AM e FM no mesmo patamar, como também tornar emissoras de outras regiões e as webrádios tão acessíveis quanto as rádios que ouvimos hoje nos receptores "normais".

A única coisa a se lamentar é que a tecnologia mais eficaz esteja a serviço do lucro de um grupo restrito de empresas, que vai oferecer o que o rádio digital prometia mediante pagamento, enquanto o projeto gratuito vai permanecer no limbo.

Ou alguém duvida que 3G, 4G ou WiMAX possam chegar bem antes do rádio digital?