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Fonte: Observatório do Direito à Comunicação
[13/05/09]
Governo abrirá consulta sobre padrão de rádio digital - por Redação do Valor
Econômico
O governo abrirá em junho uma consulta pública, com duração de 90 dias, para
definir o padrão de rádio digital que o Brasil adotará. A consulta será
anunciada na semana que vem, durante o 25º Congresso Brasileiro de Radiodifusão,
que começará no dia 19. Além de confrontar os sistemas Ibiquity (americano) e
DRM (europeu), um dos principais objetivos será verificar se as emissoras
nacionais estão dispostas a tolerar uma "falha" da nova tecnologia para entrar
na era digital: tido como favorito e mais moderno que o europeu, o padrão
americano ainda tem "áreas de sombra" em concentrações urbanas, devido ao
elevado número de edifícios e construções, o que simplesmente impede que o sinal
AM seja detectado.
"Se houver um interesse generalizado para a implantação da rádio digital, mesmo
com essas limitações, tudo bem. Só não podemos tomar uma decisão sabendo que a
ferramenta ainda não está totalmente adequada", disse ao Valor o ministro das
Comunicações, Hélio Costa. Caso os radiodifusores decidam tolerar as atuais
restrições, a decisão ocorreria até o fim do ano.
Os problemas foram apontados em testes feitos pelo Instituto Mackenzie, de São
Paulo, a entidade acadêmica mais reconhecida no segmento. O recebimento do sinal
FM - que, com a digitalização, passa a ter qualidade de CD - não sofreu
restrições. A dúvida está no AM, que passa à qualidade de FM na digitalização.
Em sua avaliação pessoal, Costa afirmou que é preciso ter certeza da solução
desses problemas. Mas ele é favorável a uma decisão. "Se houver um compromisso,
por parte do detentor da patente de rádio digital, de que eles eventualmente
resolverão a questão, podemos até avançar."
As discussões já duram anos e o ministério só bate o martelo em relação a um
ponto: a transmissão dos sinais digitais deverá ocupar o mesmo espectro de
radiofrequência dos sinais analógicos atuais. O sistema americano provou atender
a essa condição, que é essencial, segundo o ministro, porque cidades como São
Paulo e Belo Horizonte não têm mais espaços de radiofrequência disponíveis. Sem
descartar nenhuma tecnologia, Costa sublinhou que os europeus terão a
oportunidade, durante a consulta pública, de demonstrar seus avanços recentes e
se podem atender aos requisitos brasileiros.
O presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert),
Daniel Slaviero, considerou "excelente" a notícia antecipada por Costa ao Valor.
"Nós entendemos que o processo de definição da rádio digital tem várias etapas e
essa (a da consulta pública) é uma das mais importantes", disse o executivo.
Após a realização de reuniões com os detentores dos sistemas e de testes por
institutos especializados, dizer se vale a pena ou não tolerar as falhas
detectadas para adotar logo a rádio digital depende de questões como isenção de
royalties em toda a cadeia e, sobretudo, da demonstração de como serão feitas as
inovações necessárias para corrigir os problemas atuais. Para o ministro Hélio
Costa, "o rádio é o [meio de comunicação] que mais está necessitando da
digitalização".
Diferentemente da televisão, o governo não pretende fixar um prazo para o
desligamento do sinal analógico. Por dois motivos: ele pode ser transmitido
simultaneamente e no mesmo espectro do sinal digital; e os aparelhos digitais
ainda são muito caros. Para dar escala aos equipamentos e baixar custos, Costa
considera essencial buscar o engajamento da indústria automobilística, a maior
responsável, individualmente, pela reposição de rádios no mercado.