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Fonte: Coluna Circuito - Convergência Digital
[21/05/09]
André Barbosa, da Casa Civil, defende o envolvimento das universidades e
indústrias nos testes do Rádio Digital, além dos radiodifusores - por
Cristina De Luca
Há pelo menos dois anos, André Barbosa, assessor especial da Casa Civil da
Presidência da República, bate na mesma tecla: usar o mesmo processo de escolha
da TV Digital para o rádio digital, envolvendo universidades e indústrias nos
testes, além dos radiodifusores, para análise abrangente e proposição e
incorporação de possíveis melhorias técnicas adequadas ás necessidades
brasileiras. E isso, agora, tem uma chance real de acontecer, com as decisões do
Minicom de ampliar por seis meses os testes tanto com o sistema americano,
quanto com o sistema europeu, para tirar a melhor proposta em conformidade com a
realidade brasileira, e de lançar a consulta pública de 90 dias para ouvir a
população.
"Nenhum dos padrões de rádio digital existentes hoje no mundo teve sucesso
comercial. Todos têm algum problema sério de cobertura, interferências,
excessivo consumo de baterias dos receptores, e por aí vai... "Isso abre para
nós uma oportunidade, como tivemos com a TV Digital. A academia precisa
participar mais ativamente desse processo", explica Barbosa, que por muitas
vezes já revelou sua preocupação com as possíveis conseqüências da adoção de um
padrão de rádio digital ainda sujeito a essas intempéries, capazes de trazer
muito mais conseqüências negativas do que benefícios às emissoras e aos
ouvintes.
Com chapéu da Casa Civil, Barbosa continua defendendo a criação de um grupo
incumbido de testar e comparar os resultados das tecnologias DAB (Inglaterra),
HD Radio e IBOC (americanas), ISBD-T (Japão) e DRM (européia), com participação
majoritária de cientistas e acadêmicos da Universidade brasileira e do CPqD.
"Os testes que serão feitos agora, em São Paulo, já são um grande avanço", diz
Barbosa. "Agora precisamos envolver a indústria. Você acredita que há 11 anos
não fabricamos rádio no Brasil, com exceção dos rádios para automóveis? Não
podemos deixar de escolher o melhor padrão e empregar todos os esforços para
reduzir custos na sua implantação". Além disso, o padrão IBOC não é totalmente
aberto. Já o europeu, diz ser. essa é uma outra questão que, a exemplo do que
aconteceu com a TV Digital, deve pesar na balança.
Embora os radiodifusores tenham pressa na definição do padrão de transmissão
digital de rádio e defendam o americano IBOC (In-band on Channel), da empresa
iBiquity, a verdade é que ainda não há elementos técnicos suficientes postos na
mesa que permitam uma a melhor escolha para o país, considerando todos os
segmentos envolvidos.
O principal argumento dos radiodifusores a favor do IBOC é que ele permite o
simulcast – a transmissão analógica e digital na mesma banda de freqüência, sem
necessidade de um novo canal. Mas, em ondas médias, apresenta sérios problemas
de propagação, com áreas de sombra maiores do que as que são observadas hoje no
sistema analógico, segundo testes realizados no ano passado pelo Universidade
Mackenzie. "Eles farão testes agora com o padrão europeu, DRM, que, no mundo, é
o que tem apresentado melhores resultados", afirma Barbosa.
Nos corredores do congresso da Abert, em Brasília, é possível esbarrar com um
dos membros da delegação europeia especializada no padrão, que veio ao país
especialmente para acompanhar os testes.