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Fonte: Correio Braziliense
[20/01/10]
Rádio digital no Brasil deverá ter padrão europeu [Governo estaria propenso a
adotar o modelo, mas a Abert prefere o sistema americano] - por Karla Mendes
Tudo indica que o governo brasileiro vai adotar o modelo europeu de rádio
digital. O prazo para a entrega do relatório final dos testes com a tecnologia
europeia de radiodifusão terminou na segunda-feira e, segundo um funcionário do
alto escalão do governo, o anúncio deve ocorrer em fevereiro. Segundo a fonte, o
ministro das Comunicações, Hélio Costa, ficou impressionado com a qualidade das
transmissões tanto em FM quanto em AM, consideradas “muito satisfatórias”. Outra
vantagem do modelo europeu, segundo o funcionário, é que cada aparelho receptor
de rádio digital é praticamente uma central multimídia, que permitirá não só a
transmissão de áudio, mas também a de imagem.
“Com a adesão ao sistema europeu, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e a
Rádio Nacional vão poder fazer transmissões para o país inteiro”, destacou a
fonte. Os testes com o Digital Radio Mondiale (DRM), denominação técnica do
modelo europeu (leia quadro) foram feitos em São Paulo. Agora, serão executados
também em Belo Horizonte. Quando a transição do modelo de rádio analógico para
digital começou a ser discutida, a tendência era que fosse escolhido um padrão
norte-americano. Porém, como os testes detectaram muita interferência nas
transmissões em AM, a tecnologia teria sido abandonada.
Ronald Siqueira Barbosa, engenheiro técnico da Associação Brasileira de Rádio e
Televisão (Abert), ficou surpreso com a possível escolha do modelo europeu de
rádio digital. “A gente continua optando pelo modelo americano. Ao optar por uma
tecnologia, temos que levar em conta vários fatores: ter receptores no mercado,
facilidade de acesso e tecnologia de transmissão. O americano é o melhor”,
afirmou. Ele observa que no europeu existe essa dificuldade, pois há menos de
100 estações em operação no mundo. “Nossa preocupação é que o modelo europeu
está aprovado desde 2003 e não deslancha nem na Europa.”
Preço
Outra preocupação da Abert é com o custo. Enquanto os equipamentos de
transmissão do modelo americano custam cerca de US$ 35 mil, o europeu fica entre
US$ 70 mil e US$ 90 mil. Barbosa alerta ainda que essa proporção deve ser
repetir para os receptores, ou seja, o rádio que o consumidor ouve. “Essa é a
nossa preocupação. Rádio é o produto mais barato do mundo que usa
radiofrequência. Só no Brasil, são cerca de 250 milhões”, pondera.
Arthur Luis Cardoso, gerente das rádios dos Diários Associados no Distrito
Federal, observa que as emissoras terão que fazer grandes investimentos e
questiona até que ponto eles trazem retorno para as empresas. “Com exceção do
Japão — onde além de a população ter uma renda alta, há um forte consumo de
tecnologia —, nos lugares onde a rádio digital foi implantada não houve aumento
de audiência para as emissoras”, compara. Para Eduardo Tude, presidente da
Teleco, consultoria especializada em telecomunicações, o mais importante é
decidir rapidamente. “O principal é definir logo. As redes AM dependem muito de
ter a digitalização para ter qualidade semelhante à FM”, ressaltou.