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Leia na Fonte: DRM Brasil
[22/08/12] Carta de
lançamento da Plataforma Brasileira do Digital Radio Mondiale
A escolha do padrão tecnológico a ser adotado pelo Brasil para o rádio digital
precisa ser feita agora e determinará a maneira como nos comunicaremos pelos
próximos 50 anos. Dada a crescente importância geopolítica e econômica de nosso
país, não é exagero afirmar que a escolha brasileira exercerá forte influência
na escolha de outros países, sobretudo da América Latina e da África. Este
momento e esta nova condição aumentam nossa responsabilidade. Por isso, fazemos
por meio desta carta um chamado para a criação do Padrão Brasileiro de Rádio
Digital a partir do padrão Digital
Radio Mondiale e em conjunto com o Consórcio DRM, um padrão baseado no
compartilhamento internacional de seu desenvolvimento.
O Digital Radio Mondiale é um padrão aberto e, como diz seu nome, voltado para a
criação de um sistema mundial de rádio digital – sendo um grande erro designá-lo
de padrão europeu. Foi criado e
vem sendo desenvolvido há 10 anos por engenheiros de primeira linha ao redor do
mundo e conta com o suporte de grandes broadcasters como a Teledifusion de
France, All India Radio, BBC World Service, Deutschlandradio, Radio Canada
International, Deutsche Welle, Radio Netherlands Worldwide, RTÉ Radio, Radio
Exterior de España, RAI, Kuwait Radio, Radio New Zealand
International, Vatican Radio, Voice of Russia e Radio Romania International.
Este padrão ainda não foi adotado nem implementado por nenhum outro país como
padrão nacional, o que oferece a oportunidade para o Brasil assumir a vanguarda
em um processo tecnológico de
importância estratégica e de impacto mundial.
Por ser um padrão aberto pode ser adaptado para a realidade brasileira de
maneira a atender tanto os interesses do importante mercado de comunicação do
país – inclusive abrindo novos mercados para a indústria nacional de tecnologia
e conteúdo –, quanto sua especificidade cultural e geográfica.
A escolha deste padrão permite a revitalização das transmissões em Ondas Médias
(faixa conhecida como AM) e a reinvenção do uso das faixas de Ondas Curtas –
único meio de comunicação em algumas regiões rurais e boa parte da Amazônia.
Além disso, enquanto fluxo de transmissão digital possibilita a transmissão de
serviços e conteúdos tais como imagens, textos e vídeos em baixa resolução ao
mesmo tempo que a transmissão de áudio. Serviços como estes, possibilitariam uma
verdadeira convergência entre o rádio e a internet, que pode ser uma alternativa
interessante para a
expansão de um sistema nacional de informação até localidades distantes das
redes de fibra ótica.
Todos estes serviços, soluções e adaptações necessários para atender às
necessidades do contexto brasileiro, podem ser plenamente desenvolvidos, em toda
sua cadeia, no Brasil. A possibilidade de replicação ou adaptações – para países
de características culturais e/ou geográficas semelhantes às
nossas – das soluções produzidas aqui indicam um promissor potencial de
crescimento de mercado. Por se tratar de um padrão tecnológico aberto, há a
possibilidade desse potencial mercadológico se converter em vetor de um tipo
diferente de desenvolvimento econômico, pois baseado na cooperação e
compartilhamento em nível mundial. Acreditamos, portanto, que este sistema
corrobora com as políticas do Estado brasileiro de fomento à pesquisa
tecnológica e promoção de serviços públicos voltados para o desenvolvimento
econômico e cultural.
Atualmente dois padrões tecnológicos estão sendo avaliados, o HD Radio e o DRM.
Algumas vozes clamam pelo desenvolvimento de um padrão inteiramente novo e
nacional. Mas entendemos que as
vantagens do Digital Radio Mondiale são muito superiores:
O DRM é o único padrão em desenvolvimento que suporta transmissão em Ondas
Curtas e seguramente o melhor padrão para transmissão em Ondas Médias e para a
faixa de FM. Fora isso, oferece a possibilidade de transmissão de serviços
multimídia e a otimização do uso da banda de transmissão – permitindo que até 4
canais de áudio sejam transmitidos por emissora.
O HD Radio reduz a possibilidade de transmissão dos pequenos emissores e rádios
locais (comunitárias, livres e de baixa potência), pois além de utilizar o dobro
da banda de um canal FM nessa faixa, e o triplo de um canal AM na faixa, é
precário para a transmissão em Ondas Médias e simplesmente não transmite em
Ondas Curtas – o que é inaceitável diante de nossas características
geográficas. Além disso, é um padrão fechado para o qual adaptações, inovações,
soluções e implementações dependem de autorização e pagamento de royalties a uma
empresa dos Estados Unidos.
Já o desenvolvimento de um padrão brasileiro totalmente novo, além de demandar
muito tempo e recursos que podem ser aproveitados através do consórcio DRM, não
é factível devido à urgência
do momento, e não traria o benefício da integração a um sistema potencialmente
mundial e comum.
O grupo de pesquisadores que assinam esta carta conta com apoio do consórcio DRM
para construção de uma plataforma brasileira baseada neste padrão, e, pelos
motivos apresentados, defendem a criação do Sistema Brasileiro de Rádio Digital
a partir do padrão Digital Radio Mondiale e em conjunto com o Consórcio DRM como
opção estratégica nacional e em sentido de urgência.
Rafael Diniz - Cientista da Computação formado pela Unicamp, Pesquisador do
Instituto de Pesquisas Eldorado e da SDR Telecom, é ligado ao Consórcio DRM como
DRM Supporter
Paulo Lara – Sociólogo, Centro de Pesquisa de Estudos Culturais, Universidade de
Londres
Daniel Manzzato – Engenheiro de Telecom, Pesquisador da Work e Vídeo Telecom
Francisco Caminati – Sociólogo, Grupo de Pesquisa CTEME, IFCH-UNICAMP / FAPESP
Paulo Tavares – Arquiteto, Centro de Pesquisa em Arquitetura, Universidade de
Londres / CAPES
Silvio Rhatto – Pesquisador independente de tecnologias digitais de
armazenamento e transmissão segura de dados
Ataliba Zandomenego Filho – Radioamador e Graduando em Engª Elétrica Telemática
pela Unisul
Bruna Zanolli - Roteirista e diretora de filmes de vídeo arte, graduanda em
Artes Plásticas, UNICAMP
Cláudio de Souza Del Bianco - Radioamador, Tecnólogo e Analista de Sistemas.
Especialista em infraestrutura de redes de computadores
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