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Leia na Fonte: Convergência Digital
[23/10/12]
Rádio digital: Governo promete, de novo, decidir padrão até dezembro - por
Luís Osvaldo Grossmann
Recauchutada, foi mais uma vez aberta a discussão sobre o padrão tecnológico do
rádio digital no Brasil. O formato de um “conselho consultivo” multilateral para
orientar a decisão do governo ganhou uma cara nova. Mas a batalha, em si, é a
mesma: americanos e europeus desfilam os dois pacotes concorrentes.
Em essência, representantes do governo, de entidades de radiodifusores e da
indústria de equipamentos vão avaliar (e reavaliar) testes que começaram ainda
em 2007 sobre os dois padrões: o In Band On Channel (IBOC), também chamado de HD
Radio, e o Digital Radio Mondiale (DRM).
Ao longo desses anos, foi o componente político que impediu uma decisão.
Tecnicamente, os testes apontavam para o europeu DRM, mas uma fatia influente de
radiodifusores sempre preferiu o americano IBOC – ainda que, diferentemente da
escolha da TV Digital, o cenário aqui seja mais fragmentado.
A escolha é relevante porque, ao menos no patamar atual, os brasileiros que
comprarem equipamentos de um padrão não conseguirão ouvir rádios que transmitam
no outro. Daí mesmo as emissoras comerciais aguardarem, em sua maioria, que uma
definição seja tomada.
“É uma questão que se arrasta e não se toma uma decisão. Espero que esse
conselho chegue a uma posição o mais rápido possível”, reconheceu o secretario
de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Genildo
Lins, ao abrir nesta terça-feira, 23/10, a primeira reunião do conselho
consultivo.
Pelo calendário apresentado, o Minicom espera ter tal posição até o fim deste
ano – se possível, na reunião prevista para 13/12. Mas parte do conselho
gostaria de promover audiências públicas sobre o assunto em diferentes regiões
do país, o que tem forte potencial de empurrar a decisão mais para frente.
Com base nos testes feitos até ali, em 2010 o então ministro Hélio Costa, apesar
de notório defensor do IBOC, esteve prestes a se render ao DRM. Costa acabou
deixando a pasta sem uma definição e o assunto só foi retomado quando Paulo
Bernardo assumiu o cargo – e o (novo) governo resolveu recomeçar o processo.
O novo ministro também já indicou sua preferência pelo IBOC. “Os técnicos no
ministério mostram tendência pelo modelo americano”, disse Bernardo ao Congresso
Nacional, em agosto do ano passado. Não é por menos que para alguns integrantes
do conselho, a agenda atual busca apenas referendar essa escolha.
Um dos principais argumentos pelo IBOC é a maior oferta de equipamentos – escala
que pode ser muito importante na migração digital. Números dos Estados Unidos
sugerem que a digitalização de uma estação de rádio custe por volta de US$ 100
mil.
O DRM, por sua vez, teria a vantagem de utilizar menos espectro (faixas de 96
khz, contra 400 khz do americano) e, principalmente, por abranger transmissões
em Ondas Curtas e Ondas Tropicais, fundamental caso se pretenda levar a
digitalização para fora dos centros urbanos e à região Amazônica.
Mas talvez não seja esse o caso, como sugere o Minicom. “Temos que pensar nos
interesses econômicos, por isso não queremos forçar nas ondas curtas e
tropicais. São ouvintes rurais, distantes dos grandes centros, o que dificulta a
digitalização nesses casos, uma vez que é caro”, afirmou Genildo Lins.
É uma questão que parece interessar mais as rádios públicas do que as privadas,
mas promete gerar algum ruído dentro do próprio conselho consultivo. A EBC – que
controla, por exemplo, a Rádio Nacional da Amazônia – vai insistir no tema.
“Queremos discutir sim a digitalização das ondas curtas”, afirmou o diretor
geral da empresa, Eduardo Castro.