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Fonte: Senado
[18/09/13]
Rádio digital não desperta interesse, dizem debatedores
Audiência pública na CAE evidenciou pouco interesse das emissoras na nova
tecnologia, causado pelos altos custos da troca de equipamentos e por opção pela
internet
O caminho da digitalização dos rádios ainda pode ser longo no país. Em audiência
pública ontem na Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT), especialistas mostraram
os resultados ruins dos primeiros testes feitos e o desinteresse das emissoras
de rádio em participar de novos testes.
Para Walter Pinheiro (PT-BA), a digitalização do rádio é imprescindível, mas
antes de escolher o padrão tecnológico, é necessário promover a universalização
— a ampliação da cobertura para que toda a população tenha acesso a esse meio de
comunicação.
— É preciso que adotemos um padrão que nos coloque em sintonia com o que está
acontecendo no mundo, sintonizar de maneira que a gente ganhe escala,
consequentemente reduza preço, que a gente ganhe as condições de produção
industrial no Brasil — afirmou.
Pinheiro disse ainda que o país não pode repetir o erro, cometido no debate
sobre a televisão digital, de discutir qual padrão tecnológico será adotado sem
discutir quais são as necessidades do país.
Para o senador Anibal Diniz (PT-AC), autor do requerimento da audiência pública,
o governo parece estar alheio à importância estratégica do rádio no país.
— Como pode a gente não ter uma política, sabendo que o governo continua sendo o
grande anunciante, para identificar onde estão os veículos de comunicação e
fazer uma associação no sentido de “vamos investir, mas, em contrapartida
queremos que amplie a potência, queremos a digitalização, queremos que evolua
tecnologicamente”? — questionou.
Testes insatisfatórios
De acordo com o diretor do Ministério das Comunicações Octavio Penna Pieranti,
os primeiros testes feitos entre 2010 e 2012 mostraram que o rádio digital teria
uma cobertura menor que o rádio analógico. Pieranti explicou que não existe a
intenção de desligar o sinal analógico para ficar apenas com o digital, mas de
trabalhar com os dois sinais simultaneamente. Para isso, existe um limite de
potência para o rádio digital não causar interferências no sinal analógico. O
ministério fez testes tanto com o sistema HD Radio — padrão utilizado nos
Estados Unidos e desenvolvido pela empresa iBiquity — quanto com o DRM (Rádio
Digital Mundial ou Digital Radio Mondiale, no original), padrão desenvolvido na
Europa.
O Conselho Consultivo do Rádio Digital, criado em 2012, acompanha os resultados
dos testes. De acordo com Pieranti, o ministério quer fazer novos testes,
adotando critérios mais precisos e específicos, mas não está havendo interesse
das emissoras em participar das experiências.
— Temos confiança de que esses sistemas funcionam, a questão é encontrar a
melhor configuração possível para o funcionamento — afirmou Pieranti.
Jornal do Senado