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Leia na Fonte: Convergência Digital - Cobertura Especial FUTURECOM 2012
[11/10/12]  4G retoma pressão das teles por small cells - por Luís Osvaldo Grossmann

Com as primeiras ofertas comerciais do 4G começando a sair do papel no Brasil, a demanda das operadoras móveis pelo uso de antenas menores – genericamente chamadas small cells, ou pequenas células – como forma de desafogar o tráfego, especialmente de dados, projetado com a disseminação dos smartphones, ganha novo fôlego e dominou o debate no Futurecom 2012.

“Isso é algo sobre o que a Anatel já deveria, há muito tempo, ter tomado uma decisão. A agência precisa dar a maior liberdade possível para que cada operadora e seus fornecedores façam seus planos”, disparou o diretor executivo do Sinditelebrasil, Eduardo Levy, em painel realizado sobre o tema no evento.

Em essência, são versões reduzidas das estações radiobase, com menor potência e alcance, que ao mesmo tempo funcionam como sistemas Wi-Fi, solução que já começou a ser utilizada e deve crescer. Essas ferramentas servem às redes 3G, mas com a convergência para o tráfego IP ficam ainda mais atraentes.

Trata-se de combinar as transmissões sem fio dos celulares com os acessos de banda larga fixa, notadamente domésticos ou em outros espaços confinados, como escritórios ou shopping centers. As pequenas células captam os sinais no lugar das ERBs e eles entram na rede da operadora pelos acessos de última milha.

A lógica está nas estimativas de que cerca de 70% do tráfego de dados se dá quando os usuários estão dentro de ambientes – em casa, no trabalho, etc. As pequenas células são instaladas nesses ambientes e tomam o lugar das ERBs na comunicação. Com o 4G, a funcionar com transmissões IP, essa combinação fica mais facilitada.

Para as empresas e fornecedores de equipamentos, só falta a Anatel regulamentar a utilização desses equipamentos para eles se multiplicarem no país. Uma proposta espera na Procuradoria da agência, e precisa ser aprovada pelo Conselho Diretor e passar por uma consulta pública.

Dois pontos concentram as atenções: o tratamento “fiscal” e o grau de liberdade das empresas para adotar as small cells. Tudo o que as empresas não querem é que elas sejam submetidas à mesma cobrança de Fistel das ERBs. Por suas características, seriam usadas em maior número e teriam impacto financeiro considerável.

“Defendemos que o regulamento seja aprovado como está, com isenção das taxas e liberdade”, defendeu Levy, do Sinditelebrasil, que coordenou um debate sobre as small cells durante a Futurecom 2012.

Para o diretor de qualidade de rede da Vivo, Átila Branco, se as pequenas células já tivessem seu uso regulamentado, o setor não teria passado pela crise dos últimos meses, que levou à suspensão de vendas de novas linhas móveis. “Se tivéssemos essa ferramenta nas mãos, essa discussão de qualidade teria sido minimizada”, acredita.

Instaladas nas residências dos clientes, as pequenas células assumem a função das ERBs para os celulares próximos e identificados àquele domicílio. Elas são capazes de aumentar a qualidade do serviço ao mesmo tempo em que se valem da infraestrutura de banda larga fixa, desafogando as redes móveis.

Apesar dos predicados, o uso dessas pequenas células não é uma unanimidade. Enquanto fabricantes como Cisco e Alcatel-Lucent se entusiasmam, a Ericsson, por exemplo, não tem interesse em produzi-los. “Apostamos em usar o que já está na rede e densificá-las. O que o crescimento do tráfego exige é cada vez mais coordenação de radiofrequência”, diz Clayton Cruz, da fabricante sueca.

Acontece que as pequenas células não têm apenas pontos positivos. Depois de um início entusiasmado, a AT&T americana recuou alegando problemas de interferência nas ERBs. Defensores sustentam que filtros funcionam. Mas como seria seu uso prático em prédios com inúmeros apartamentos equipados com pequenas estações radiobase?

E há ponderações bem menos endereçadas. Com o uso da infraestrutura da banda larga fixa para fazer parte do trabalho da rede móvel, é defensável a oferta de políticas tarifárias amigáveis, com descontos nesses casos. Sem mencionar o impacto no relacionamento entre as diferentes provedoras envolvidas: de celular e banda larga fixa.

Esse ponto pode levar a outro movimento. A experiência favorável dessa solução tem relação direta com a qualidade da interconexão entre as redes fixa e móvel e, ainda que indiretamente, pode muito bem funcionar como mais um tijolinho na verticalização – e, portanto, na concentração – dos serviços de telecomunicações