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Leia na Fonte:
e-Thesis
[08/09/12]
Small cells: você ainda vai ter a sua...
Texto final e entrevistas: Jana de Paula, "owner" do e-Thesis (foto)
Small cells são estações móveis compactas, de baixa potência e pequeno
alcance, ao contrário das macro células atuais, cujo alcance é de dezenas de
quilômetros. As small cells são compostas por células micro, pico, femto, atto
etc. - instaladas em residências ou pequenas empresas e conectadas à rede da
provedora via banda larga - e metrocélulas, que são módulos com capacidade
maior, cujo alcance é de poucas centenas de metros e geralmente ficam na parte
interna ou externa de grandes edifícios, shoppings centers, estações e estádios.
A
Amdocs, fornecedora de soluções de rede, anunciou esta semana parte de sua
estratégia para suprir a demanda próxima pelas pequenas células (small cells**)
no mercado brasileiro e latino americano de telecom. O cenário de negócios
abrange as operadoras móveis que, mesmo reticentes no compartilhamento de suas
táticas, já assumiram que estas pequenas células e o Wi-Fi são fatores
importantes para melhorar o desempenho e a velocidade de suas redes, neste
momento em que elas são 3G, mas desejam se tornar LTE. Até o governo, na figura
da presidente Dilma Rousseff, sinalizou que a instalação destas células
minúsculas no país será incentivada com redução de tributos e outros incentivos
industriais. Travada desde 2011 nas gavetas da Anatel, a adoção das femtocells
pelas operadoras com atuação local, subitamente, é facilitada. Por quê?
"Serão necessários novos investimentos em fibra óptica, microondas, Wi-Fi, redes
Giga-on etc. para aumentar o desempenho e a capilaridade das redes móveis nos
próximos cinco anos. Nesta atmosfera há inúmeras variantes e muitas as partes
envolvidas. O fato é que se espera, neste período, uma demanda 20 vezes superior
por dados móveis e fixos. É um tremendo desafio a ser enfrentado pelos
departamentos de planejamento e logística de redes das operadoras", disse ao
e-Thesis, Patrick McGrory, presidente da Amdocs para América Latina e Central. A
Amdocs, inclusive, encomendou à Rethink Wireless um estudo que aponta que a
instalação das pequenas células é essencial para que as operadoras lidem com o
aumento de demanda pela rede 3G e para cumprir as expectativas do mercado em
relação à LTE (os pontos mais destacados do estudo serão apresentados no final
do texto).
Jose Smolka, engenheiro e consultor sênior do mercado de telecom, reforça que as
small cells estão na mira das operadoras "por uma razão muito simples: o tráfego
não para de aumentar". O tráfego de dados, especialmente. E é bom lembrar que,
na LTE, a voz também vai trafegar via rede de dados. E, já que as medidas de
ampliação através do aumento da eficiência espectral da interface aérea já
atingiram toda a envergadura possível, Smolka destaca que o aumento de
capacidade da rede só pode ser conseguido, nos locais de maior congestionamento,
através de uma entre as seguintes alternativas:
a) Mudança da rede atual para uma rede exclusivamente de small cells (micro,
pico, femto, atto... tanto faz o prefixo, a ideia é igual);
b) Uso de um modelo híbrido (heterogeneous networks ou Het Nets no jargão da
moda), com uma cobertura de small cells subjacente à cobertura de células macro;
e
c) Offload de parte do tráfego para outras redes wireless (ex.: Wi-Fi offload).
E o especialista continua:
"A alternativa (a) tem o problema do custo de substituição das células atuais
pelas novas, além da necessidade de instalação de backhaul para escoamento do
tráfego das small cells. A alternativa (b) é bonita no papel e está até prevista
no release 10 do 3GPP; porém, os fabricantes de equipamentos ainda estão longe
de atender os requisitos completos do release 10. Além disso - mais o problema
do custo de instalação -, existe a questão da interferência entre small cells e
big cells (o processo de gestão do handover, por exemplo, fica bem mais
complexo).
"Por tudo isso, o que as operadoras parecem estar fazendo, em termos práticos,
hoje em dia, é apostar na alternativa (c) como forma de, pelo menos, ‘passar a
chuva'. Só que existe o que eu chamo de ‘efeito TCP/IP': usa-se o Wi-Fi porque
já está aí, é maduro, é seguro e é fácil; depois, quando quiserem voltar para o
que julgam ser a solução ideal, as operadoras vão descobrir que o provisório
está tão entranhado no negócio e funcionando tão bem que, de fato, ele vira o
padrão", avalia ele.
Talvez, seja por não desejarem ficar muito dependentes do Wi-Fi que as
operadoras e o governo neste momento partem com força em direção à alternativa
(b), já que não é economicamente viável a formação de uma rede exclusivamente
composta das small cells, alternativa (a).
Gráfico: Rethink - Compromisso com Samall Cells - Mundial
Manuel Briseño, diretor de marketing da Amdocs para a região CALA, baseado nas
pesquisas realizadas pela fornecedora de soluções de rede, concorda que "até
2017 as operadoras terão mais de um tipo de rede em funcionamento, em conjunto.
México, Brasil e Argentina têm papel importante nesta tendência", disse ele.
Gráfico: Rethink Crescimento Regional das Samll Cells
As redes heterogêneas
Redes heterogêneas usando arquiteturas de pequenas células - que complementam a
rede geral das macrocells - são um foco importante para o futuro da mobilidade
da rede AT & T, afirmou Kris Rinne, VP sênior de arquitetura e planejamento da
operadora norte americana, no mês passado, durante o "Caminho para a 4G", evento
organizado pelo portal FierceWireless, dos EUA.
De acordo com Rinne, a eficiência espectral da LTE é limitada e só se pode
construir um número restrito de sites celulares tradicionais. "Assim, deve haver
uma nova forma de pensar e projetar redes. Desde que uma percentagem
significativa do crescimento das redes se dá em áreas de alta densidade,
precisamos de soluções menores e robustas para alcançar o pleno potencial das
altas velocidades de dados. Um foco importante para nós é o desenvolvimento de
uma estratégia que inclua as small cells e permita expansão com várias opções em
diferentes áreas", disse ela.
A noção da arquitetura de small cells pequenas já existe há algum tempo.
Femtocells e picocells também já foram examinadas, mas ainda precisam ser
testadas no uso em larga escala e dentro de uma rede macrocell, como estratégica
para reforçar cobertura e capacidade.
"Estas não são coisas novas. O que sempre travou seu desenvolvimento foi a
infraestrutura de backhaul, a estética do gabinete e a bateria pesada", disse
Alan Solheim, VP de desenvolvimento corporativo com DragonWave, especialista em
backhaul. "A chave, agora, é fazer com que todos esses elementos trabalhem num
único pacote sem quebrar o banco", acrescentou.
Em outras palavras, não é economicamente viável que uma operadora aumente o
número de nós de small cells 25 vezes e tenha um correspondente aumento no custo
de propriedade.
O problema com as células pequenas
As três áreas que representam os problemas primários associados às pequenas
células são montagem; interferência; e backhaul.
No caso da montagem, se as operadoras visam implantar milhares de nós de
pequenas células, elas não podem ter custos pesados ao montar os dispositivos em
toda a área. Assim, poderão ser precisos acordos com as municipalidades para
implantar os nós em postes de iluminação e outras estruturas, e os nós precisam
ser plug-and-play, ou seja, fáceis de serem instalados e conectados por qualquer
pessoa.
Além disso, as operadoras terão que lidar com preocupações de interferência e de
políticas de tráfego de rede. Pequenas células subjacentes nas células maiores
criam mais interferências e problemas de hand-off porque os dispositivos podem
alternar com a base onde o sinal é mais forte. A questão de interferência já
está sendo tratado pela comunidade de femtocell, com a incorporação de elementos
de auto-organização de redes, o que permitiria aos nós ‘descobrir'
automaticamente uns aos outros, para evitar interferência.
As HET-Nets, ou redes heterogêneas, são a principal meta do padrão LTE (3GPP
Release 10), mas o equipamento de rede ainda está em algum ponto adiante no
tempo. De acordo com Ken Rehbehn, analista do Yankee Group, num relatório
recente, "com o espectro de 2,6GHz voltado para implantações de LTE, as soluções
com pequenas células são um componente essencial na implantação de LTE por
muitas MNOs em áreas congestionadas. No entanto, o release 10 ainda está por ser
publicado. Sem os recursos do release 10, as MNOs podem falhar na obtenção do
nível desejado de integração no plano mais amplo de espectro", disse ele.
Backhaul
Outro ponto importante é o backhaul. As operadoras precisam de soluções capazes
na rede e na comutação ao backhaul os milhares de nós no nível da rua. Colocar
uma única conexão para cada nó seria uma proposta cara. Além disso, as
operadoras estão cada vez mais utilizando fibra no backhaul, mas a fibra não
está disponível para postes de luz e outros lugares altos além da torre de
celular tradicional. Os fornecedores e vendors devem atentar para esta questão e
oferecer alternativas robustas.
Pesquisa Amdocs/Rethink Technology Research
Conduzida entre abril e maio de 2012, o levantamento cobre uma amostra global de
65 operadoras de serviços móveis e convergidos dos chamados Tier 1 e Tier 2, com
base num questionário enviado por e-mail, seguido de entrevistas por telefone.
É interessante notar que as previsões destacam o ano de 2017, quando já terão
ocorrido no Brasil tanto a Copa do Mundo de 2014 quanto as Olimpíadas de 2016.
Abaixo alguns pontos de destaque:
Até 2017, 59% das operadoras estimam implementar 10 vezes mais small cells do
que em 2011. Quase a metade dos planejadores de redes (47%) diz que a falta de
recursos para o planejamento da rede é o maior desafio que enfrentam hoje e que
isso causa atraso no lançamento de produtos e serviços;
Capacidade de dados precisa aumentar: 94% das operadoras planejam crescimento
20% maior ou mais até 2017. Entre elas, 24% preveem crescimento 50 vezes maior;
Novas tecnologias (4G e LTE, por exemplo) representam apenas parte da solução:
Todas as operadoras afirmaram que as tecnologias de telefonia móvel de próxima
geração proverão apenas uma parte da eficiência necessária. Para otimizar o
desempenho da rede, elas precisarão de novas e mais sofisticadas ferramentas de
planejamento e gestão de rede, além de tecnologias que sejam parte da
especificação LTE, como a de Redes Auto Organizadas.
O investimento em rede mantém curva ascendente: 50% das operadoras estimam
investimentos entre 10% a 20% superiores na compra de equipamentos entre
2012/17; e 23% planejam aumentar ainda mais este gasto, no período. Nenhuma
delas prevê redução das despesas com compra de equipamentos; e
Aumento da transmissão de dados móveis por redes Wi-Fi, de modo que as
operadoras possam lidar, em curto prazo, com o aumento de dados: 88% das
operadoras acreditam que oferecerão serviços Wi-Fi como parte dos seus serviços
móveis até 2016, sendo que 22% preveem que a rede Wi-Fi será integrada a pelo
menos uma de suas estações móveis até o final de 2017, com vistas à redução de
tráfego nas redes 3G e LTE.
** Small cells são estações móveis compactas, de baixa potência e pequeno
alcance, ao contrário das macro células atuais, cujo alcance é de dezenas de
quilômetros. As small cells são compostas por células micro, pico, femto, atto
etc. - instaladas em residências ou pequenas empresas e conectadas à rede da
provedora via banda larga - e metrocélulas, que são módulos com capacidade
maior, cujo alcance é de poucas centenas de metros e geralmente ficam na parte
interna ou externa de grandes edifícios, shoppings centers, estações e estádios.
* Fontes:
1)
Fiercebroadbandwireless.com
2) Smolka et catervarii
Texto final e entrevistas: Jana de Paula