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Fonte: Min. Transportes
[23/10/01] Malha
de fibra óptica exige rigor para a manutenção
São Paulo, Depois da fase de instalação e expansão da malha de fibra óptica -
que fechou o ano 2000 com mais de 130 mil quilômetros de rotas espalhadas ao
longo das rodovias, ferrovias, redes de transmissão de energia, metrôs,
gasodutos e cidades brasileiras, segundo a International Data Corporation (IDC)
- especialistas do setor de tecnologia da informação acreditam que chegou a hora
de voltar os interesses para a qualidade da infra-estrutura instalada e dos
serviços prestados. 'De agora em diante, este vai ser o diferencial para os
fornecedores', diz Luis Fernando Scatolin, gerente da Anritsu Eletrônica,
companhia japonesa especializada em sistemas de supervisão, instalada no Brasil
há 25 anos.
Em recente iniciativa, a empresa juntou-se à Sisgraph, representante da
norte-americana Intergraph, para o fornecimento de uma solução inédita de
detecção, diagnóstico e localização de falhas e interrupções em malhas de fibra
óptica.
De um lado, a parceria conta com a experiência da empresa nacional no
fornecimento da tecnologia GIS (Sistemas de Informação Geográfica), baseada em
informações de bancos de dados visualizadas geograficamente (mapas digitais),
capazes de cadastrar, demonstrar e gerenciar toda a rede de uma empresa, seja de
telecomunicações, seja de infra-estrutura para serviços de eletricidade, gás ou
saneamento. Batizado de G/Comms, o software já é adotado por companhias como
Cemig (Centrais Elétricas de Minas Gerais) e CTBC Telecom.
De outro, está o RFTS (Sistema de Teste Remoto em Fibras) da Anritsu,
constituído de hardware e software encarregados de supervisionar o cabo óptico e
sua reflexão, indicando rupturas, atenuações e imperfeições na comunicação. A
solução é utilizada, em nível mundial, por AT&T e Global Crossing e, no Brasil,
nos gasodutos dotados de fibras ópticas da Petrobras.
A intenção é oferecer uma ferramenta completa de monitoramento que permita
acelerar os procedimentos de reparos. 'Nós detectamos a falha e o software da
Sisgraph indica a localização exata e aciona as equipes de manutenção', diz
Scatolin. O profissional esclarece que, atualmente, as malhas de fibras ópticas
são monitoradas por softwares de supervisão e gerenciamento que não 'conversam'
entre si. 'Só depois que a falha é detectada e que os dados referentes a ela são
cadastrados no software de gerenciamento é que ele torna disponíveis informações
como distribuição das emendas e cabos de conexão, possibilitando identificar
quais clientes e locais serão prejudicados pelo problema', continua. Com a
integração dos sistemas, o ponto falho é imediatamente transferido para o G/Comms
que, utilizando os mapas digitalizados, indica a estratégia de reparo mais
eficiente e até a equipe mais próxima, traçando rotas de acesso. 'Isso melhora e
agiliza o desempenho e a qualidade da manutenção', diz Scatolin.
Segundo Fabio Bernardes, gerente de utilities e telecom da Sisgraph, outra
vantagem da integração é a localização exata do rompimento da fibra ou da queda
do sinal. 'Os equipamentos de supervisão indicam o local afetado considerando a
distância linear, que nem sempre corresponde a distância geográfica real por
causa de elementos da rede como rolos de sobra de fibra, emendas e passo (torção
da fibra ao longo do cabo principal).
O G/Comms tem cadastrado, em seu banco de dados, cada um desses detalhes e leva
isso em consideração para fazer o cálculo exato do local onde está a falha na
rede', explica. 'Essa precisão evita transtornos como quebrar a rua inteira para
localizar o problema.'
Os executivos enfatizam que, atualmente, o que diferencia os fornecedores de
fibra óptica é a qualidade do serviço, representado pela alta disponibilidade.
'Para conseguir isso é preciso reparar qualquer problema o mais rápido
possível', diz Bernardes. 'Um cadastro bem feito acoplado a uma ferramenta de
supervisão permite que a equipe de manutenção siga direto para o local, execute
o serviço uma única vez e restabeleça o sinal mais rapidamente, aumentando o
faturamento e diminuindo o número de reclamações.'
Scatolin conta que a maioria das empresas nacionais leva de 8 a 24 horas para
executar um reparo na rede e estima que, com a nova ferramenta, esse tempo caia
para 4 horas. 'Além disso, como temos um panorama claro das condições, podemos
dar atendimento prioritário levando em consideração o tipo ou a quantidade de
consumidores afetados pela falha.'
Adriano Campos, engenheiro da Anritsu, afirma que a solução permite, ainda,
acompanhar o processo de degradação das fibras por meio de gráficos e alarmes.
'Isso facilita a antecipação do problema e permite ação preventiva' diz.
De acordo com Scatolin, otimizar o uso e aumentar a qualidade do sistema requer
menos investimentos do que construir novas malhas de fibra óptica, o que faz do
fator financeiro um forte aliado na justificativa para implantação de um serviço
eficiente de supervisão. 'As multas contratuais por indisponibilidade da rede
são altas', diz.
Pesquisas recentes estimam que cada hora de fibra indisponível, pode gerar
prejuízos de até US$ 3 milhões. O custo da ferramenta depende do modelo e
Bernardes estima em, no máximo três meses, o prazo de implantação. A tecnologia
se destina a redes de longa distância ou metropolitanas, além de redes de
distribuição de energia elétrica.