Fonte: Computerworld
[01/06/07] Proposta
do governo para Eletronet encontra críticos dentro do próprio PT
- por Taís Fuoco
Deputados federais do partido são contrários a usar
rede da falida empresa como infra-estrutura particular do governo, mas
consultor defende idéia em nome da segurança.
A proposta em análise pelo governo de recuperar a falida Eletronet e fazer
da sua rede uma infra-estrutura particular de uso único e exclusivo do
próprio governo encontra críticos mesmo entre os parlamentares do partido do
presidente, o dos Trabalhadores (PT).
O deputado federal Walter Pinheiro (PT-BA), por
exemplo, afirmou, ao participar do 51º Painel Telebrasil, em Costa do Sauípe
(BA), que não tem medo de declarar sua posição sobre essa idéia: "Não
concordo. A que custo isso vai ser feito? Essa rede não tem agilidade nem
capilaridade. O que é preciso fazer é combinar essa rede com a
infra-estrtura que já temos no País", disse ele, citando as redes das
companhias privadas.
"Vale a pena o governo despender 150 milhões a 170
milhões de reais por esse backbone?", questionou o deputado. "Não acho que o
governo deve ter a sua própria estrutura e desprezar a que já existe no
País", completou.
O deputado federal Jorge Bittar, que como Pinheiro
participa da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da
Câmara, também afirmou no evento não considerar "adequada" a proposta.
"Se fosse bom ter rede própria, por que o Bradesco e o
Unibanco teriam vendido as suas?", questionou Bittar. "Com certeza os
prestadores de serviço trabalham essas redes com muito mais eficiência e
menores custos", disse ele.
O senador Wellington Salgado, que preside a Comissão de
Ciência e Tecnologia no âmbito do Senado, no entanto, defendeu a opção
"porque o governo precisa ter uma linha de transmissão segura".
O consultor jurídico do Ministério das Comunicações,
Marcelo Bechara, concordou. "Depois do episódio de 11 de setembro, todos os
países passaram a pensar mais seriamente em sistemas de comunicação
seguros", afirmou.
Segundo ele, "não se trata de achar que a iniciativa
privada não seja de confiança, mas o governo precisa de privacidade em suas
comunicações", afirmou o consultor do ministério.
Ele garantiu, entretanto, que se o governo levar avante
a idéia, "a Eletronet não vai concorrer com as atuais operadoras",
referindo-se ao fato de que ela não prestará serviços ao mercado.
* A jornalista viajou a Costa do Sauípe (BA) a convite
da Brasil Telecom