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Fonte: Computerworld
[05/06/07]  Eletronet demanda cautela, diz novo presidente do Serpro - por Camila Fusco
 
Recém-empossado, Marcos Mazoni aponta elevação de produtividade como prioridade da empresa e afirma que não há pressa na definição sobre a aquisição da Eletronet.

As prioridades do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) nos próximos meses serão o aumento da produtividade e a conclusão dos projetos já iniciados. Para a compra da falida Eletronet não existe pressa. Essa é a tônica das palavras de Marcos Vinícius Mazoni, empossado presidente da companhia nesta segunda-feira (04/06) em entrevista ao COMPUTERWORLD.
 
“É necessária uma análise técnica e profunda sobre a viabilidade dessa aquisição. Venho da área de telecom e sei que ainda existem aspectos a serem analisados”, comenta, enfatizando desde atributos técnicos até dados econômicos e financeiros da empresa antes de qualquer escolha. Entre as experiências anteriores de Mazoni estiveram 20 anos, na Companhia Riograndense de Telecomunicações. “Não existe pressão para que uma decisão seja tomada rapidamente”, complementa.
 
Segundo o executivo, o momento para a companhia está em elevar a produtividade da empresa e também a colaboração com governos e prefeituras, buscando a modernização do Estado de forma geral. As prioridades imediatas do Serpro estarão concentradas em continuar os macroprojetos já iniciados, entre eles a modernização do sistema tributário e de controle de gastos do Ministério da Fazenda e também do sistema de compras públicas, vinculado ao Ministério do Planejamento.
 
Software livre também está na pauta do novo líder do órgão. Segundo Mazoni, que já apontava as tecnologias abertas como forma interessante de avanço tecnológico do País desde os tempos de presidente da Companhia de Informática do Paraná (Celepar), o Serpro vai concentrar esforços significativos em colaboração com projetos abertos internos ou não. “Mesmo que os projetos não sejam nossos, acho importante a colaboração do Serpro como troca de conhecimento”, diz.
 
Quanto à troca de executivos na nova gestão, Mazoni limita-se a dizer que hoje a diretoria está completa e que serão feitas substituições pontuais de acordo com as necessidades da empresa. No entanto, Sérgio Rosa, um dos diretores, é um dos que não deve ficar na próxima gestão.
 
Nos bastidores
Apesar da aparente calmaria do novo líder do Serpro sobre a decisão de aquisição ou não da Eletronet, os últimos dois meses foram turbulentos, segundo fontes do órgão. Cerca de dois meses atrás, o Ministério da Fazenda e a Casa Civil teriam exigido uma posição do órgão sobre a compra dos ativos da Eletronet. Segundo essas mesmas fontes, a idéia era que, após a negociação com credores, o Serpro comprasse os créditos das empresas Lucent e Furukawa por um valor de cerca de 200 milhões de reais e ficasse com 75% da massa falida.
 
A partir de então, seriam realizados os trâmites jurídicos referentes à massa falida para que os ativos que garantissem o direito de passagem de fibra óptica ficassem com o Serpro. A possibilidade não teve unanimidade entre os diretores. Os que votaram contra a proposta – que segundo informações extra-oficiais seriam os diretores Sérgio Rosa e Armando Frid –, afirmavam que algum credor minoritário poderia conseguir uma liminar e impedir que o Serpro tivesse a posse efetiva dos ativos.
 
Uma alternativa proposta pela oposição na questão seria efetuar o pagamento após garantir a propriedade efetiva do Serpro sobre os ativos. Outro ponto de discórdia seria o fato de não haver sequer questionamento por parte dos compradores sobre o preço estipulado. “Algumas das tecnologias da Eletronet já estão obsoletas. Alguns exemplos seriam os roteadores, que já somam oito anos de idade, embora sua vida útil seja de cinco anos”, aponta a fonte. O resultado do impasse fez com que não fosse tomada uma decisão até o momento sobre a aquisição.
 
A Eletronet foi criada em 1999 para prover soluções de transporte de dados, voz e imagem em longa distância e prometia o fomento do crescimento e a competição na indústria de telecomunicações. A companhia decretou autofalência em 2002 pela falta de compradores. Na ocasião, o passivo acumulado era de 550 milhões de reais, sendo 160 milhões de reais com a Furukawa.
 
Apesar da falência, no entanto, a joint venture – do qual 51% pertence ao grupo norte-americano AES e 49% à Lightpart – ainda continua a prestar serviços pontuais para alguns órgãos e empresas. A idéia do governo seria reativar a companhia  - em projeto liderado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação -, especialmente para levar adiante projetos de inclusão digital.