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Leia na Fonte: Blog do Zé
24/11/07]
A
estatal de banda larga: faz sentido? - por José Dirceu
O noticiário sobre a criação de uma empresa estatal de banda larga, que veio à
tona na semana passada, com entrevistas dos ministros da Ciência e Tecnologia,
Sergio Resende, e das Comunicações, Helio Costa, e prosseguiu nesta semana,
coloca em debate várias questões. A primeira delas que é mais do que urgente é a
definição, pelo governo, de um plano nacional de banda larga, fundamental para
acelerar o desenvolvimento do país, incluir nossa população na Sociedade da
Informação e reduzir o chamado divisor digital entre incluídos na sociedade do
conhecimento e os dela excluídos. A segunda é que a oferta de banda larga no
país, é necessário reconhecer, é limitada, de baixa velocidade e cara, por
vários motivos, entre eles por falta de competição. A terceira é qual o melhor
modelo para construir a infovia nacional de banda larga, que venho defendendo
aqui neste blog e em meus artigos no Jornal do Brasil.
Do ponto de vista econômico, faz sentido o governo defender a reincorporação,
pela Eletrobrás, dos ativos da Eletronet, uma rede de 16 mil quilômetros de
fibras ópticas, joint venture entre a norte-americana AES e a Lightpar, uma
associação de empresas elétricas da Eletrobrás. Como foram as empresas da
Eletrobrás que investiram para construir essa infovia, e como a Eletronet, que
continua em funcionamento mas em estado falimentar, não pagou o direito de usar
a infra-estrutura das empresas elétricas, é justo que reclamem o que é seu. E se
é dinheiro público enterrado, o Estado tem que recuperar o investimento e
torná-lo produtivo, usando essa infra-estrutura para o tráfego de informação da
administração pública.
Mas daí a fazer dessa rede uma rede de capilaridade nacional, para interligar
todas as escolas públicas, vai uma grande distância. No lugar de o Estado fazer
novos investimentos, é mais racional utilizar a infra-estrutura privada que já
existe, usar o poder concedente do Estado junto às concessionárias públicas para
ampliar essa infra-estrutura – aliás, o que está sendo feito com a troca das
metas de universalização – e permitir que uma diversidade de provedores tenha
acesso à rede das concessionárias a preços justos.
Todos nós queremos um Brasil desenvolvido economicamente, justo socialmente e
incluído digitalmente. Banda larga é insumo para isso. Para estendermos essa
infra-estrutura, a receita não é complexa: basta soma de esforços e espírito
público. Quem fugir dessa equação, vai apostar no isolamento, sejam as
concessionárias inviabilizando a troca de metas da construção dos postos de
serviços de Telecom pela extensão da infra-estrutura de banda larga a todos os
municípios brasileiros, sejam técnicos do governo insistentes na tese de que a
empresa estatal resolve tudo.