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SÃO PAULO - O mercado de telefonia brasileiro pode assistir, já na próxima
semana, uma grande mudança de cenário, com a volta à ativa do Sistema
Telebrás, cogitada pelo governo, para levar banda larga a toda população do
País por meio de uma rede de mais de 16 mil quilômetros de fibras ópticas da
Eletronet. A previsão é de que o caminho sobre o futuro da companhia comece
a ser definido dia 19, quinta-feira, depois da assembléia geral
extraordinária da Telebrás, em Brasília (DF), que deve discutir o rumo dos
R$ 200 milhões aplicados na conta da Telebrás em dezembro de 2008, pela sua
controladora, a União.
"É uma decisão política do setor de telecomunicações brasileiro, e que cabe
apenas ao Ministério das Comunicações e ao ministro Hélio Costa, sem
qualquer envolvimento direto da Telebrás." Essa é a opinião do presidente da
Telebrás, Jorge Motta, em entrevista exclusiva ao DCI. Ele falou sobre a
possível reativação do extinto sistema estatal de telefonia brasileiro, com
o objetivo de levar infraestrutura de banda larga a toda a nação. O projeto
depende da suspensão, por meio da Telebrás, do pedido de falência da
Eletronet, para que a estatal possa usar sua rede [de16 mil quilômetros],
pela qual a sua controladora, a Eletrobrás, briga na justiça.
Ainda assim, toda a infraestrutura da Eletronet está equipada para
transmissão de energia e necessitaria de investimentos para levar Internet à
casa da população. Mesmo diante deste impedimento, Motta foi enfático ao
dizer que é "absolutamente a favor da reativação da Telebrás", mas que não
tem nenhuma autonomia para falar sobre a reativação da companhia.
O executivo afirma que os R$ 200 milhões, provenientes da União, estão
disponíveis desde o começo do ano. "O dinheiro está em caixa desde o dia 2
de janeiro. Estamos apenas aguardando a reunião do Conselho para saber onde
ele será aplicado", explicou. O executivo, que preferiu não revelar mais
detalhes sobre os objetivos da transação, argumentou que, a princípio, o
dinheiro servirá apenas para o equilíbrio financeiro econômico da empresa.
A reunião da assembléia geral extraordinária, de 19 de fevereiro, deliberará
sobre a proposta da diretoria da Telebrás de aumentar o capital social para
restabelecer o equilíbrio econômico e financeiro da companhia, além da
alteração da composição da mesa das assembléias de acionistas.
Motta está ao lado do grupo, liderado pelo secretário de Logística e
Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna,
que defende a revitalização da companhia e que vem brigando com blocos
internos do governo para que a Telebrás se torne uma gestora de serviços de
telecomunicações do governo federal, provendo infraestrutura de banda larga
às companhias de telecomunicações.
Outro que levanta a bandeira a favor da volta da Telebrás, como fornecedora
de infraestrutura apenas no atacado, ou seja, sem chegar ao consumidor
final, é o consultor legislativo da Câmara dos Deputados Vilson Vedana. O
executivo, que está finalizando seu mandato como conselheiro consultivo na
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) na próxima terça-feira, aposta
na reativação do Sistema Telebrás para resolver os problemas de atraso
tecnológico do País. "O que a sociedade brasileira quer não é mais telefone,
e sim computador ligado na Internet", argumenta. Ele explica que a
deficiência da legislação se encontra no fato de que ninguém tem obrigação
de fornecer redes para computadores nos pequenos municípios. "Usando a fibra
óptica da Eletronet, a Telebrás pode chegar com infraestrutura de
telecomunicações a todas a cidades do País e ajudaria, inclusive,
concessionárias de telefonia, que precisam ofertar serviços em todas as
localidades", explicou.
No estudo "Por que a volta da Telebrás é uma boa notícia", Vedana ataca a
atuação da Anatel e afirma que o órgão regulador foi incapaz de obrigar as
companhias de telefonia a desagregarem suas redes, permitindo que outras
empresas viessem a usufruir dessa infraestrutura a um preço justo. Vedana
afirma que não sabe como o assunto vem sendo tratado dentro do Ministério
das Comunicações, mas diz que algo está acontecendo por lá.
Enquanto o cenário segue nebuloso, depois do anúncio de uma possível
reativação da companhia, em dezembro passado, o desempenho das ações da
estatal brasileira tiveram mudança e passaram de R$ 0,12, em novembro, para
R$ 0,40 em dezembro. Os papéis iniciaram o ano no mesmo patamar, sendo
negociados a R$ 0,38. O valor da ação até ontem estava em R$ 0,36.
Oi
Ainda na área de telecom, a Oi irá eliminar 400 posições de gerência, como
uma das primeiras atitudes da nova companhia A decisão não significa,
necessariamente, o corte de 400 empregos, já que alguns podem ser
aproveitados em outras posições.