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Fonte:
Teletime
[07/01/09] Desta
vez sem alarde, governo recapitaliza Telebrás - por Mariana Mazza
A idéia de tirar a Telebrás do armário e torná-la uma empresa ativa novamente
ganhou novo fôlego neste início de ano. No fim de 2008, a estatal foi autorizada
a emitir ações no valor total de R$ 200 milhões a título de aumento de capital.
O aporte tem um valor simbólico importante: com o aumento do capital da
Telebrás, o governo sinaliza o afastamento da idéia de liquidar a estatal, como
estava previsto no processo de privatização.
Mas o governo fez mais pela empresa. Os R$ 200 milhões revertem o patrimônio
líquido negativo da estatal, colocando-a de volta à ativa pelo menos do ponto de
vista financeiro. Cabe ressaltar aqui que a Telebrás jamais esteve em processo
de falência e tem um fluxo de caixa mensal resultante de acordos empresariais,
embora essa remuneração seja pequena. Como uma empresa de capital misto (tal
qual a Petrobrás e outras estatais), a Telebrás não recebe verbas diretas da
União, a não ser em casos extraordinários.
O aporte feito agora faz parte da complexa arquitetura governamental para a
criação de uma rede pública voltada à inclusão digital. A mesma idéia já
embasava um primeiro anúncio de recapitalização financeira na empresa feito
2007, auge das discussões sobre a implantação do Programa Nacional de Banda
Larga, cuja primeira parte entrou em ação com a troca da meta de instalação de
Postos de Serviços de Telecomunicações (PSTs) por backhaul a ser cumprida pelas
concessionárias de telecomunicações.
Na ocasião, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, chegou a anunciar a
intenção do governo de usar a Telebrás como gestora do novo backhaul, o que
desencadeou uma grande valorização das ações da estatal. Pouco tempo depois,
tornou-se pública a intenção de aportar R$ 200 milhões na empresa - por meio da
Medida Provisória nº 405/07 - o que fez com que a Telebrás admitisse as
intenções governamentais de incluí-la no programa de banda larga.
A declaração constou em um fato relevante datado de 21 de dezembro de 2007, onde
a diretoria explicava que o aporte era destinado a "investimentos no sistema de
Operacionalização do Programa de Inclusão Digital e da Universalização da Banda
Larga no Brasil, bem como promover o restabelecimento do equilíbrio econômico e
financeiro da companhia".
Mesmo dinheiro
Os R$ 200 milhões previstos em 2007 são os mesmo R$ 200 milhões que entraram no
caixa da Telebrás neste início de 2009. Durante um ano, o dinheiro permaneceu no
orçamento do Ministério das Comunicações porque a Telebrás não tem como receber
recursos diretos da União, estando ligada ao ministério. A espera era pela
autorização da Presidência da República para que o repasse fosse concluído, o
que ocorreu apenas em 24 de dezembro de 2008.
Apesar de ser o mesmo dinheiro, os objetivos do aporte não são mais tão claros,
pelo menos oficialmente. O fato relevante que se seguiu à autorização não fala
da destinação dos recursos. Segundo presidente da Telebrás, Jorge da Motta e
Silva, o alvo é o restabelecimento do equilíbrio econômico e financeiro da
empresa. E apenas isso, por ora. "Tenho que me ater ao fato. Projetos futuros
são com o governo ou com o Ministério das Comunicações", afirma.
No momento, a Telebrás não tem credores efetivos, uma vez que as disputas
envolvendo eventuais débitos da estatal ainda estão em curso na Justiça. O
patrimônio líquido negativo deve-se ao fato de que a companhia manteve-se viva
usando um saldo disponível do período da privatização. Com o aporte milionário,
a Telebrás ajeitará suas contas e passa a ter uma situação bem mais confortável.
Ainda não está concluído o balanço do encontro de contas que mostrará o saldo
positivo resultante dessa injeção de recursos.