WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Telebrás e PNBL --> Índice de artigos e notícias --> 2009
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Fonte: Teletime
[10/11/09] Minicom
continua sem proposta de parceria com teles na banda larga - por Mariana
Mazza
Há 30 dias, Ministério das Comunicações, concessionárias de telefonia fixa e
operadoras de celular têm se encontrado para traçar um projeto alternativo para
o Plano Nacional de Banda Larga, com uma parceria entre setor público e privado.
Nesta terça-feira, 10, os presidentes das empresas encontraram-se com o ministro
Hélio Costa no que seria o "dia D" para o arremate da proposta. Mas quem
esperava um plano detalhado, envolvendo propostas de incentivo do governo em
contrapartida a compromissos de expansão da banda larga por parte das empresas
se frustrou.
O mês de trabalho serviu, basicamente, para que o Minicom compilasse as diversas
demandas já conhecidas do setor de telecomunicações. Mas, segundo o próprio
ministro das Comunicações, não há ainda um debate sobre as metas que poderiam
ser atingidas caso esses pedidos sejam aceitos. "Isso ai é uma segunda etapa das
discussões", declarou Costa.
As demandas orbitam em torno da carga tributária que incide sobre os serviços,
equipamentos e capital do setor de telecomunicações. As empresas pedem redução
dos tributos e até uma renúncia do recolhimento de encargos - como o Fistel -
para alavancar possíveis políticas publicas nesta área. Também pedem liberação
do Fust. Segundo Costa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria proposto a
liberação do fluxo de caixa anual do fundo, de aproximadamente R$ 1 bilhão,
deixando intacto o volume já recolhido aos cofres públicos, que estaria na casa
dos R$ 8 bilhões neste ano.
Pedidos
A ideia foi bem vista pelas empresas, de acordo com Costa, mas esta é apenas uma
das inúmeras iniciativas solicitadas pelas empresas. Além da questão tributária,
as companhias pedem maior flexibilidade na liberação de novas licenças de cabo;
uma reavaliação do espectro radioelétrico, com novas destinações para as móveis;
e uma regulação mais dinâmica que, nas palavras do ministro, "facilitem a vida
das empresas", entre outros pontos. Praticamente todas as ações solicitadas
pelas empresas já são conhecidas desde o último grande encontro realizado pelas
operadoras no Fórum Telebrasil, que resultou em uma lista de demandas batizada
de Carta do Guarujá.
Apesar dos muitos pedidos, nem o ministro, nem representantes das empresas
confirmaram a existência de cenários já simulados dos benefícios que a adoção
dessas ações reverterá à sociedade. A base da defesa ainda é uma análise feita
pelo Banco Mundial (Bird) que projetou que a cada dez pontos percentuais de
ampliação dos serviços de banda larga em um país, esse crescimento se reverte em
um acréscimo de 1,38% no Produto Interno Bruto (PIB) da nação.
O ganho com o aumento da riqueza no País é evidente, mas, em termos práticos,
falta ainda um traçado de objetivos concretos a serem atingidos pelas
concessionárias e operadoras de celular caso o Minicom queira avançar na
construção de uma alternativa às propostas de um Plano Nacional de Banda Larga
que estão em discussão na Casa Civil.
Investimentos
Após a reunião, o presidente da Telebrasil e da Telefônica, Antônio Carlos
Valente, admitiu que ainda não existe uma meta específica acertada entre
empresas e Minicom com relação à expansão da banda larga por meio de uma
política pública. "O que nós comentamos com o ministro é que, se algumas
alavancas forem acionadas, dá pra fazer muito mais", afirmou o executivo.
Segundo Valente, as empresas têm investido, em média, R$ 15 bilhões por ano (nos
últimos três anos) no Brasil e, seguindo esse fluxo, seria mais R$ 75 bilhões
injetados no setor nos próximos cinco anos.
Valente ponderou que as ações sugeridas pela associação exigiriam uma análise de
várias instâncias do governo caso exista interesse em implementá-las. E, por
isso mesmo, não foram feitas projeções concretas, o que só seria obtido a partir
de simulações com cada uma dessas áreas da administração pública. "Acho que,
nesse momento, seria prematuro falar nisso", afirmou o presidente da Telebrasil
ao ser questionado se existiriam projeções de atendimento.
Costa corroborou com os números apresentados pela Telebrasil e com a avaliação
de que o momento ainda não é propício para o estabelecimento de uma meta. "Eu,
particularmente, tenho dificuldade de fazer uma projeção porque isso depende da
infraestrutura que vai se ter a partir do fomento destes investimentos",
afirmou. O ministro reforçou que a meta do Minicom é a universalização da banda
larga e que as empresas ajudaram a "mostrar o caminho" para atingir esse
objetivo. "Eu estou apenas recebendo uma série de sugestões. Eu pedi às empresas
para nos dizer como podemos aumentar a nossa participação de banda larga. E elas
estão dizendo 'fazendo isso e isso'."
Crítica
Mesmo sem uma proposta alinhavada que funcione como alternativa às sugestões
capitaneadas por outras áreas do governo, Costa não perdeu a oportunidade de
levantar dúvidas, mais uma vez, sobre a viabilidade da principal proposta em
debate. O projeto que tem encontrado guarida no Palácio do Planalto é defendido
principalmente pelo secretário de Logística e Tecnologia da Informação do
Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, e basicamente propõe a criação de
uma infraestrutura pública de banda larga ancorada nas fibras pertencentes a
grandes estatais do setor elétrico. A ideia foi inspirada por iniciativas de
outros países, como a Austrália, onde o setor público assumiu a dianteira na
universalização do serviço.
O ministro Hélio Costa fez questão de dizer que, apesar de exemplos como o da
Austrália, existem experiências que não foram bem sucedidas sem a participação
das grandes empresas de telecomunicações alavancando os investimentos. O exemplo
dado foi o da Itália, que teria aplicado mais de 20 bilhões de euros em um
projeto de banda larga "que acabou fracassando" e só funcionou, segundo Costa,
quando as empresas aderiram.