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Fonte: Teletime
[25/11/09] Proposta
do Minicom tem foco na iniciativa privada - por Samuel Possebon
O Ministério das Comunicações apresentou nesta terça, 24, a sua proposta para um
Plano Nacional de Banda Larga. O estudo do Minicom não deve ser entendido como a
proposta do governo, já que existe uma discussão coordenada na presidência da
República sobre isso, mas como um subsídio. Um dos princípios do trabalho do
Minicom é o "estímulo ao setor privado para que este invista na infraestrutura
de banda larga, em regime de competição, cabendo ao Estado atuar de forma
complementar, focalizando seus investimentos diretos, principalmente em acessos
coletivos e em contextos de redução das desigualdades regionais e sociais".
O Minicom parte do diagnóstico de que a banda larga no Brasil não vai bem e,
mantidas as condições atuais, não atingirá índices razoáveis de penetração até
2014, ano para o qual as metas estão projetadas. O Brasil, segundo o Minicom,
precisa atingir 90 Milhões de acessos até o ano da Copa do Mundo para que o país
tenha índices comparáveis ao de países similares.
"O prognóstico da difusão dos acessos banda larga no Brasil e nos países
selecionados para comparação demonstra que, sem que medidas sejam tomadas para
acelerar a difusão da banda larga, o Brasil permanecerá em situação de
desvantagem ao longo dos anos", diz o estudo. "A projeção realizada indica que o
Brasil atingirá aproximadamente 18,3 milhões de acessos banda larga no final de
2014, o que corresponde a cerca de 31,2 acessos a cada 100 domicílios, número
bastante inferior à média de 37,0 acessos a cada 100 domicílios projetados para
os países analisados", avalia o Minicom.
Razões
Para o ministério, o motivo para a baixa penetração está na renda média do
brasileiro, aliada à baixa competição entre plataformas tecnológicas e,
evidentemente, preços elevados. Segundo o estudo, a assinatura média mensal dos
pacotes de serviços que incluem a banda larga fixa no Brasil, comparando-se em
termos de paridade do poder de compra (PPP$), é acima de PPP$ 130,00, contra PPP$
120,00 da Argentina e PPP$ 60,00 da China. "Assim, uma política que viabilizasse
a comercialização de serviços com valor máximo, por exemplo, na faixa entre R$
25,00 e R$ 30,00 seria capaz de adicionar à base de usuários banda larga algo em
torno de 5 milhões de domicílios urbanos da classe C e 7 milhões de domicílios
urbanos da classe D/E, ou seja, 12 milhões de novos acessos. Essas estimativas
demonstram a alta sensibilidade ao preço do acesso a Internet pela demanda e um
grande potencial de crescimento do acesso banda larga no Brasil a tais preços",
conclui o Minicom, que diz ainda que valores de acesso básico à Internet banda
larga em torno de R$ 30,00 mensais "são compatíveis com os modelos de negócios
atuais adotados na prestação desse tipo de serviço, mediante adequações na
oferta que permitam, dentre outros aspectos, a recuperação dos custos de ativos
como o modem estejam embutidas neste valor mensal de acesso à Internet".
Para o Ministério das Comunicações, não existe um problema de abrangência de
cobertura das redes banda larga. "A quantidade de municípios no país atendidos
por prestadores de serviço de acesso banda larga é de 4.162, os quais
representam 92,1% da população brasileira. Pode-se concluir, portanto, que não é
a fração dos municípios não atendida que está determinando o fraco desempenho do
Brasil em relação aos países do grupo selecionado para a análise". Para
atendimento específico da demanda por banda larga em áreas rurais, o caminho é a
acelerar a implementação do Programa Nacional de Telecomunicações Rurais, diz o
ministério.
O Ministério das Comunicações também aposta em uma série de mecanismos
regulatórios para garantir a massificação do acesso, tais como compartilhamento
de infraestrutura, regulamentação específica ao SCM – especialmente no que se
refere à adequação das regras de interconexão e a eliminação de restrições à
mobilidade – e regulamentação de poder de mercado significativo, que "devem
alavancar de forma significativa o desenvolvimento do setor".
Velocidade
O Minicom propõe multiplicar por 10 a velocidade atual dos serviços de banda
larga até 2014, mas sua definição de acesso banda larga não é numérica. Para o
ministério, banda larga é "um acesso com escoamento de tráfego tal que permita
aos consumidores finais, individuais ou corporativos, fixos ou móveis,
usufruírem, com qualidade, de uma cesta de serviços e aplicações baseada em voz,
dados e vídeo".
Para cumprir o PNBL como proposto, o Ministério das Comunicações faz uma conta
em que seriam necessários R$ 49 bilhões de investimentos até 2014 por parte das
empresas privadas (sendo R$ 18 bilhões na rede de banda larga fixa e R$ 31
bilhões na rede de banda larga móvel).
Já o governo (incluindo governo Federal, estados e municípios) investiria R$
26,5 bilhões no mesmo período, sendo R$ 12,6 bilhões na isenção de ICMS para
novos acessos, R$ 4 bilhões em investimentos do Fust, R$ 3,45 bilhões em isenção
do Fistel, R$ 2,22 bilhões em telecentros com conexão Gesac, R$ 1,63 bilhão em
isenção de PIS/Cofins, R$ 1,6 bilhão de Funttel e R$ 1 bilhão no Satélite
Geostacionário Brasileiro (SGB). A íntegra da proposta do Ministério das
Comunicações está disponível no site do ministério ou na homepage do site
TELETIME (download
aqui).
Samuel Possebon