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Fonte: Tele.Síntese
[26/11/09] Pauletti
sugere ‘bolsa comunicação’ ao invés de ‘bandabrás’ - por Lúcia Berbert
O presidente da Abrafix (Associação Brasileira de Concessionárias de Serviço
Telefônico Fixo), José Pauletti, acha um desperdício de dinheiro o governo
investir no provimento de acesso à internet, mesmo para a população de renda
menor ou em locais onde as empresas privadas não têm interesse econômico de
investir. “O governo já mostrou que não é um empresário eficiente. Num setor que
é altamente intensivo em investimento, e tecnologia muda a cada ano, é preciso
que se invista muito e o governo não tem essa facilidade, não tem essa
capacidade, não tem essa agilidade para fazer, então vai jogar dinheiro fora”,
destacou.
Para Pauletti, para levar banda larga até o consumidor, o governo precisaria
fazer investimentos maciços. Ele explica que as redes das estatais não chegam às
localidades mais distantes, salvo em poucas exceções, mas sim em locais onde as
operadoras privadas têm redes. Ele defende a criação de uma ‘bolsa comunicação’,
com recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações), com repasse direto ao beneficiário, que escolheria o serviço
que vai comprar: banda larga, TV por assinatura ou telefone. “Se o governo criar
demanda, a oferta de serviço pelas operadoras virá”, avalia.
-Tem que ter incentivo à demanda. O programa Bolsa Família criou uma demanda e
as pessoas passaram a adquirir mercadoria, e aquela região cresceu
economicamente. Não é o modelo adequado, o modelo adequado é ter emprego para
todo mundo, mas isso vai demorar mil anos para acontecer. As telecomunicações
são importantes para o desenvolvimento do país. Se o governo quer que todo mundo
tenha banda larga, basta fazer o seguinte, eu pago R$ 30 para cada um e ele vai
lá e escolhe a operadora que quiser, em vez de o dinheiro ir para a empresa, que
sempre gera desconfiança”, disse.
O presidente da Abrafix afirmou que as operadoras não vão fazer investimento em
uma localidade que tem dez mil habitantes, se só duas pessoas querem comprar,
mesmo que o governo ameace operar no varejo. “É partir do pressuposto que os
empresários fizeram um investimento maciço e não querem atender a população.
Eles querem, mas as pessoas precisam ter dinheiro para pagar”, disse. Ele
justificou que a redução de preço também é impossível porque não podem fazer
preço diferenciado.
Pauletti disse que as operadoras não temem a ‘bandabrás’, mas acham que essa
estatal, caso seja criada, trará prejuízos ao país. “Se o Estado for ágil para
fazer investimento, do jeito como faz com as rodovias, provavelmente vai ficar
uma ‘bandabrás’ cheia de buracos como estão as estradas, ou apagando, como está
a energia elétrica’, prevê. “Como cidadão, acho que é uma loucura”, concluiu.
Na terça-feira, o governo decidiu aprofundar os estudos sobre o Plano Nacional
de Banda Larga, para saber os recursos necessários para levar a conexão até o
cidadão. O plano original previa a constituição de uma rede pública de fibras
ópticas, administrada por uma estatal, que venderia capacidade no atacado
regulando o preço dos links, atendendo também os pequenos provedores. A estatal
só prestaria serviço ao usuário final quando a iniciativa privada, incluindo os
pequenos provedores, não pudesse prestar o serviço. A proposta do Ministério das
Comunicações, também apresentada na terça-feira ao presidente da República,
prevê investimentos de R$ 75,5 bilhões em cinco anos, para conectar 90 milhoes
de pessoas, mas por meio da iniciativa privada.