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Fonte: Convergência Digital
[08/10/09] Banda
Larga nacional: Contrariado, Minicom se afasta das discussões na Casa Civil
- por Luís Osvaldo Grossmann
O Ministério das Comunicações está fora das discussões carreadas pela Casa Civil
e que desenham um plano nacional de banda larga, com o objetivo de ampliar as
conexões de internet em todo o país. A pasta vai apresentar ao presidente Lula
uma proposta alternativa, costurada com as operadoras de telefonia fixas e
móveis. A iniciativa prevê a troca de benefícios, como reduções tributárias,
pelo compromisso de as empresas universalizarem o serviço.
"Ao contrário do que um grupo está pensando, que pode fazer sozinho, eu estou
achando, e digo abertamente, que é impossível fazer sozinho. E se tem um grupo
que vai tocar isso sem a participação dos empresários, eu prefiro apresentar o
meu projeto em separado", afirmou o ministro Hélio Costa nesta quinta-feira,
8/10, depois de uma reunião com os presidentes das operadoras, em seu gabinete,
em Brasília, em que pediu sugestões para o plano de banda larga.
Além disso, a área técnica do Minicom revelou que não mais participa das
reuniões do grupo de trabalho que discute a banda larga na Casa Civil. O grupo
mencionado pelo ministro é uma referência , especialmente, ao secretário de
Logística e TI do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, que em eventos
públicos, como o seminário promovido pela Câmara dos Deputados sobre o assunto
há duas semanas, apresentou os contornos do plano desenhado na Casa Civil.
Esse plano prevê a utilização de uma vasta rede pública de fibras óticas (31 mil
km) - da Eletronet, Petrobras, Chesf, Furnas, Eletronorte - na estruturação de
um backbone nacional. Nas contas de Santanna, o governo precisaria investir
cerca de R$ 1,1 bilhão para, a partir desse backbone, levar a rede até a entrada
de 4,2 mil municípios. A última milha seria negociada, especialmente, com
pequenos provedores de internet, em troca do acesso garantido a hospitais,
postos de saúde, delegacias, prefeituras, etc. Caso não haja parceiros para o
acesso, a conta subiria para R$ 3 bilhões.
Rogério Santanna não é porta-voz do Projeto da Banda Larga, dispara Costa
O ministro Hélio Costa, porém, se mostrou descontente com a divulgação dessas
ideias, as quais entende serem discussões internas do grupo de trabalho montado
pelo presidente para o plano de banda larga e disparou, evidenciando uma divisão
no Governo.
"Rogério Santanna não é porta-voz desse grupo. Quem estiver falando em nome
desse grupo não está falando pelo grupo, está dando opiniões pessoais. O grupo
técnico não pode ficar dando entrevistas, não pode ficar falando à imprensa, não
pode ficar dando informações que não estão concluídas. A palavra final é dos
ministros", disparou.
Costa também discorda dos números apresentados. "Vamos precisar, evidentemente,
da infraestrutura das próprias empresas, de todos os recursos que elas possam
ter. São necessários enormes investimentos, que imaginamos que nos próximos dois
anos, eles podem chegar a R$ 10 bilhões, para podermos ter um plano nacional de
banda larga", calcula o ministro, sustentando, assim, ser “absolutamente
impossível” fazer um plano de banda larga sem as empresas.
Essas, por sinal, demonstraram muita satisfação no convite feito pelo ministro.
"Vamos procurar trabalhar em conjunto, que é exatamente a proposta que nós
tínhamos feito lá no Guarujá, colocar a banda larga como prioridade nacional,
ter um conjunto de ações mais concretas que passam por desoneração da oferta,
licenças, espectro", diz o presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, que
também lidera a Telebrasil, associação que reúne as grandes teles.
As empresas apresentaram, no fim de agosto, a Carta do Guarujá, redigida durante
encontro da Telebrasil, que prevê uma meta de tornar a banda larga disponível a
150 milhões de pessoas até a Copa do Mundo de 2014. Em troca, pedem desoneração
tributária de serviços e investimentos, eliminação de restrições urbanísticas,
regras mais claras sobre custos de direitos de passagem e de uso do solo, faixas
de radiofreqüências, novas outorgas de prestação de serviço e a eliminação de
restrições de acesso em função da origem de capital.
Hélio Costa admite que na parte do governo haverá negociações para desoneração
tributária e acredita em negociações que integrem os estados, uma vez que uma
boa parcela dos tributos em telecomunicações se deve ao ICMS. Também entende que
devam ser usados recursos de fundos como o Fistel.
"Já fizemos um levantamento muito importante de estatística das questões
relacionadas à banda larga. Estamos cedendo esses dados para um grupo técnico
das companhias. E o nosso pessoal e o grupo técnico das companhias vai produzir
uma proposta. Agora é que eu senti, nesses últimos dois meses, uma disposição do
Executivo, para não dizer do presidente da República. O Executivo entendeu que a
banda larga é prioridade, absoluta prioridade, então as coisas começam a
caminhar", concluiu o ministro.
A questão é saber como ficará o clima daqui em diante entre os governistas já
que há, sim, um conflito de interesses, o qual deverá ser contornado em pouco
menos de 30 dias, já que há a intenção de o presidente Lula de anunciar o seu
projeto na primeira quinzena de novembro.