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Fonte: Tijolaço
[15/10/09] Outra
guerra: a da banda larga de internet
Internet, ao contrário do que pode parecer a muita gente, não é apenas um
mecanismo de acesso a notícias e a entretenimento. É a via de boa parte da vida
social e econômica dos países e será ainda mais nos próximos anos. Algumas
atividades, como o ensino à distãncia, já estão presentes. Outras, como a
telemedicina, já dão os primeiros passos. Atividades comerciais e logísticas já
dependem - e dependerão mais a cada dia - da capacidade de trafegar imagens e
dados em altíssima velocidade, em conexões estáveis e confiáveis.
No Japão, já é comum a oferta de conexões de até 10 Gigabytes por segundo, mil
vezes mais rápidas que as melhores oferecidas no Brasil, de 10 Megabytes,
tirando algumas raríssimas que prometem - e raramente cumprem - velocidade de
100 Mbps. Ainda assim, este serviço de melhor qualidade não esta disponível
senão em pequenas áreas de alto poder aquisitivo. No Brasil, só 0,7%dos usuários
possui acesso à internet de mais de 1 Mbps. A União Internacional de
Telecomunicações, estabelece banda larga como igual ou acima de 2 Mbps. Ou seja,
nem mesmo de banda larga poderiam ser chamadas.
Mas nos preços, aí somos campeões. A revista especializada PC World publicou, já
dois anos, um estudo comparativo sobre os preços cobrados aos usuários, e no
Brasil o custo das conexões chegava a ser 400 vezes mais caros que em outros
países. Um megabit por segundo brasileiro chegava a custar R$ 716,50 reais (em
Manaus), enquanto no Japão saía pelo equivalente a R$ 1,81.
A rede da Eletronet já tem 16 mil km de fibras de alta capacidade, instaladas
nas mesmas torres que levam energia elétrica para todo o país.
A Eletronet tem 16 mil km de fibras de alta capacidade, fixadas nas torres que
levam energia elétrica para o país.
Bem, o Governo Federal resolveu atacar esta questão. O presidente Lula deu prazo
até o final deste mês para que diversos ministérios apresentem um plano para
levar conexões de alta velocidade a todo o território nacional. E, enquanto os
Ministérios da casa Civil e Planejamento encaminham uma solução em que o Estado,
através das redes de fibras ópticas da Eletronet, uma empresa que detém 16 mil
quilômetros de ligações, abrangendo 18 estados e que recentemente foi totalmente
retomada pelo Governo, embora numa situação falimentar. Há redes da Petrobras e
de Furnas que, somadas ás da Eletronet chegariam perto de 30 mil quilômetros.
Nelas, o Estado venderia o direito de uso às operadoras privadas, como clientes,
não como proprietárias.
O secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Rogério Santanna, diz que serão necessários investimentos de R$
1,1 bilhão para acender essas redes, capazes de ligar 4.245 municípios e atender
a uma população de 162 milhões de pessoas, 16 vezes mais do que as atendidas
pelas “bandas largas” privadas. Ele descartou a parceria das operadoras e afirma
que essas empresas não resolveram o problema de banda larga no Brasil porque não
estão interessadas. Ele disse que a massificação da banda larga vai rebaixar o
preço da telefonia por voz, “e isso elas não querem fazer”.
O sistema proposto pelo Ministério do Planejamento criará “portões” de fibras
óticas em cada cidade, onde pequenas operadoras poderão cuidar da distribuição
residencial.
Mas o Ministro das Comunicações, Hélio Costa, sempre atento aos interesses das
empresas de telefonia, está correndo com um plano para colocar as grandes teles
de “sócias” da rede de fibras óticas do Governo. Ele se reuniu com os dirigentes
das grandes teles na semana passada e pediu que elaborem um plano alternativo,
no qual integrariam suas redes - mínimas e cocentradas em áreas de alto poder
aquisitivo - às go Governo, de Furnas, Petrobrás e Eletronet. Com isso, seriam
“donas” do que não é delas e continuariam com o monopólio dos serviços de dados
e de voz e ainda exigem, como contrapartida, que o Governo baixe os impostos que
pagam. Ou seja, o barateamento do custo se daria não por preços menores, mas
pela redução dos impostos.
Santana reagiu, outro dia, falando aqui na Câmara dos Deputados: “a rede pública
fomentará a concorrência, reduzirá os preços das tarifas de banda larga e
promoverá acesso nos locais onde as operadoras não querem ir. “As operadoras não
são parceiras. Se elas são parceiras em algum momento, é para atrasar”.