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Fonte: Teletime
[19/10/09]
Depois de uma semana de novas altas nas ações, Telebrás faz comunicado ao
mercado - por Mariana Mazza
A possibilidade de usar a Telebrás como gestora de uma rede pública de
telecomunicações dentro do Plano Nacional de Banda Larga continua gerando
transtornos para a estatal no mercado financeiro. Depois de mais uma semana de
sucessivas altas em suas ações, o presidente da empresa e diretor de Relações
com o Investidor, Jorge da Motta e Silva, encaminhou à Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa) um comunicado para tentar pôr fim às movimentações atípicas nas
ações. Por ora, a tática funcionou.
Os papéis que vinham se valorizando fecharam em queda no pregão desta
segunda-feira, 19. As ações preferenciais se desvalorizaram 7,86%, sendo
negociadas a R$ 0,82. Já as ordinárias sofreram queda de 9,41%, com valor de
face de R$ 0,77. Mesmo com as quedas de hoje, a valorização expressiva
registrada desde o início de outubro não foi revertida. Em 30 de setembro, as
ações preferenciais valiam R$ 0,40 e as ordinárias, R$ 0,69. Assim, nas três
primeiras semanas de outubro, os papéis preferenciais da companhia já tiveram
uma valorização de 105% enquanto as ações ordinárias subiram 11,59%. Na última
semana, os papéis da Telebrás registraram altas significativas - na casa dos 15%
- diariamente.
No comunicado enviado à Bovespa, Motta esclarece que ainda não há nenhuma
decisão oficial sobre a participação da estatal no projeto em discussão no
governo e que as movimentações nas ações são especulativas, com base em
declarações que autoridades do governo têm emitido sobre o assunto. "A mídia,
cumprindo o seu papel, vem divulgando, diariamente, noticias atribuídas a
autoridades e técnicos do Governo Federal, dando conta da possível reativação da
Telebrás para operar serviço de banda larga no Pais, o que vem provocando
atípicas movimentações na Bolsa de Valores (Bovespa), caracterizando clara
especulação com os papeis da empresa."
Ainda de acordo com o comunicado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem
feito vários pedidos de esclarecimento à estatal sobre as constantes
valorizações das ações na tentativa de obter uma informação oficial sobre a
participação da empresa no projeto governamental. A ideia de fazer um Plano
Nacional de Banda Larga com a participação da Telebrás é sutilmente citada no
início do comunicado, após um esclarecimento de que a Telebrás é uma empresa de
economia mista onde a maior parte de seu capital está nas mãos da União.
"O objetivo desta introdução é chamar a atenção, em especial, dos acionistas
minoritários da Telebrás que, sendo esta companhia controlada pela União, e
considerando que, hoje, o acesso a banda larga, pelos seus custos e dificuldades
operacionais para assistir as populações menos favorecidas, que vivem em regiões
distantes dos grandes centros urbanos brasileiros, passou a ser um grande
desafio político, técnico, econômico e jurídico a ser superado", declara Motta.
O presidente da estatal promete ainda que, tão logo haja um posicionamento
oficial sobre o futuro da estatal, a informação será imediatamente comunicada ao
mercado. Veja abaixo a íntegra do documento encaminhado à Bovespa:
(19/10) TELEBRAS (TELB) - Esclarecimentos relativos a
movimentações atípicas
DRI: Jorge da Motta e Silva
Enviou o seguinte Comunicado ao Mercado:
"O Estatuto Social da Telecomunicações Brasileiras S.A., define, em seu artigo
1o, que a TELEBRAS "é uma sociedade anônima aberta, de economia mista, vinculada
ao Ministério das Comunicações (...)", cujo parágrafo único indica como seus
regentes a Lei das Sociedades por Ações, disposições especiais de Lei Federal,
Estatuto e outros dispositivos legais aplicáveis.
Sua finalidade social, em síntese, e explorar serviços públicos de
telecomunicações que, em passado recente, era por intermédio de um conjunto de
empresas integrantes do extinto Sistema TELEBRAS, tendo a União como acionista
majoritário e o Ministério das Comunicações como supervisor, o que, do ponto de
vista societário tem, por forca de sua forma de criação, o capital social misto,
com a presença majoritária do Estado.
Trata-se, assim, de uma sociedade de economia mista, criada por lei, com
personalidade jurídica de direito privado, com o objetivo de exploração de
atividade econômica, cujas ações com direito a voto pertencem majoritariamente
ao poder publico.
O objetivo desta introdução e chamar a atenção, em especial, dos acionistas
minoritários da TELEBRAS que, sendo esta Companhia controlada pela União, e
considerando que, hoje, o acesso a banda larga, pelos seus custos e dificuldades
operacionais para assistir as populações menos favorecidas, que vivem em regiões
distantes dos grandes centros urbanos brasileiros, passou a ser um grande
desafio político, técnico, econômico e jurídico a ser superado.
A mídia, cumprindo o seu papel, vem divulgando, diariamente, noticias atribuídas
a autoridades e técnicos do Governo Federal, dando conta da possível reativação
da TELEBRAS para operar serviço de banda larga no Pais, o que vem provocando
atípicas movimentações na Bolsa de Valores (BOVESPA), caracterizando clara
especulação com os papeis da Empresa.
O Diretor de Relações com Investidores da Companhia - DRI, obviamente não tem
como conter as opiniões dessas autoridades, embora venha respondendo a
recorrentes questionamentos da CVM, informando sempre que desconhece a
existência de projetos, ate porque, não e formulador de políticas publicas de
Telecomunicações e, consequentemente, só pode atuar junto ao Mercado levando
informações com base em fatos concretos, o que não vem ocorrendo.
Por sua forte conotação política, inclusive com a constatação de divergências
sobre a matéria, entre setores do próprio Governo, ainda assim, vem procurando
diligenciar para obter informação oficial sobre a questão, o que não tem
conseguido ate agora, sendo-lhe impossível proibir ou calar os que se pronunciam
sobre matéria de tamanha relevância, ate mesmo por razões hierárquicas.
O que a TELEBRAS pretende com a divulgação deste COMUNICADO, face ao grande
interesse sobre o assunto, e informar ao publico em geral, especialmente aos
acionistas, que o DRI da TELEBRAS, havendo motivação ou fato concreto que
justifique, imediatamente procedera a imprescindível diligencia e publicara,
pelos meios legais, o necessário FATO RELEVANTE, que e o ato competente para
informar ao Mercado, com transparência e respeito, qualquer evolução, seja
positiva ou negativa, com relação ao futuro da Empresa, dentro das regras
específicas que regem as relações com investidores."