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Leia na Fonte: Monitor Mercantil
[24/09/09]  Os tempos mudam, mas os cabides de emprego ficam - por Nelson Priori

No Governo Vargas, foi criada, no Ministério da Agricultura, a Comissão Executiva da Mandioca, com o objetivo de pesquisar as causas e erradicar uma praga que estava devorando as plantações da Paraíba e de Pernambuco. Os agrônomos do ministério identificaram logo a praga e a erradicaram. Mas não conseguiram erradicar a Comissão da Mandioca, ou da Macaxeira, como diziam os funcionários nordestinos agarrados no cabide.

Décadas depois, o ministro Hélio Beltrão, do Planejamento, criou um núcleo de reforma administrativa, para estudar e propor a racionalização da estrutura do governo. O coordenador do núcleo era o professor Edgard Flexa Ribeiro, que examinou tudo e encontrou dezenas de órgãos sem função, a não ser a de pagar salários para "afilhados". Com base no trabalho do Flexa Ribeiro foi projetado o famoso Decreto-lei 200, propondo a extinção de órgãos inúteis e uma completa reestruturação da administração pública.

Até ali ninguém mais se lembrava da Comissão Executiva da Mandioca, que ficava em silêncio nas suas confortáveis salas no Rio de Janeiro, sugando salários. Poucos dias antes de levarem o projeto do Decreto-lei 200 à sanção presidencial, formou-se na porta da sala do Flexa Ribeiro uma fila quilométrica, de funcionários munidos de cartas de recomendação de deputados e senadores de todos os partidos políticos da época - que eram um só, o do governo.

Não vale a pena ver de novo

O segundo capítulo desta novela que nunca sai das telas tem energia renovada a cada governo. O roteiro é o seguinte: pouco antes da privatização da Light, a Eletrobrás criou uma empresa de participações com o nome de Lightpar, para administrar suas ações na Light, até lhes fosse dado outro destino, quando a empresa de participações deveria ser extinta. Só que ela já se tinha transformado num excelente cabide de empregos e ninguém conseguiu erradicá-la, apesar das inúmeras tentativas feitas pela mãe do monstro.

Até que surgiu a possibilidade de dar vida ao vampiro, entregando-lhe a tarefa de administrar as ações pertencentes à Eletrobrás, na Eletronet, uma empresa de telecomunicações estruturada sobre as redes de fibras óticas das concessionárias regionais de energia. Acontece que a Eletronet faliu e a Lightpar maquiou-se com o nome de Eletropar. Agora estamos vendo no boletim da CVM que o custeio do "Vampiropar" custa quase R$ 4 milhões por ano à Eletrobrás.

Venda de ativos da EDP alegra portugueses

A venda de ativos de distribuição de energia da EDP Energias do Brasil é bem vista pelos analistas portugueses, pois permitirá o aumento da geração de energia e, consequentemente, contribuirá para melhores resultados da controladora, a Energias de Portugal. Além disso, ressaltam que esse negócio da unidade brasileira também não era do agrado dos analistas brasileiros, o que resultou em diversas revisões e perda de valor nos últimos anos. Como Antônio Pita de Abreu, presidente da Energias do Brasil, adiantou que sua empresa já estabeleceu contatos com as interessadas nos seus ativos brasileiros de distribuição elétrica, os analistas lusitanos imediatamente classificaram tal informação como um impacto potencialmente positivo, pois o plano da subsidiária brasileira é crescer em geração. E o objetivo é a elevação da capacidade de geração em 24% nos próximos três anos, passando dos atuais 1.702 megawatts (MW) para 2.116 MW em 2012. Para atingir a esse aumento, no entanto, serão canalizados dois terços dos investimentos futuros.

A propósito, Pita de Abreu deixou claro que, enquanto no negócio da geração se trabalha para gerar mais dinheiro, na distribuição se trabalha para não se perder dinheiro. Bom, no ano passado, a Energias do Brasil vendeu a Enersul, sua maior distribuidora de energia, mas permanece com a Escelsa e a Bandeirante, que representaram 54% do seu Ebitda do primeiro semestre deste ano. As negociações no Brasil fizeram com que os analistas do Banco Português de Investimento recomendassem a compra das ações da EDP e estabeleceram um preço alvo de 4 euros à EDP. Ao mesmo tempo, passaram a acompanhar as atividades da unidade brasileira, que está com valor de mercado na faixa de 1,66 bilhão de euros. Os mesmos técnicos afirmam que, considerando que a distribuição significa 50% da capitalização no mercado, isso poderá representar mais de 600 milhões de euros que poderão ser utilizados para aumentar a geração de energia do grupo.