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Fonte: Convergência Digital
[29/09/09]
Rede pública de banda larga custará R$ 1,1 bilhão. R$ 283 milhões já estão na
Telebrás - por Luís Osvaldo Grossmann
O governo calcula em R$ 1,1 bilhão o custo para iluminar a rede pública de banda
larga, a ser estruturada com as fibras ópticas da Eletronet ou com redes de
estatais como Chesf, Petrobras e Furnas. Parte do dinheiro já está na Telebrás,
que precisa apenas de um ato do presidente Lula que a autorize a gerenciar a
rede. O restante deve vir por suplementação de recursos, via Orçamento de 2010
ou em decretos.
Segundo o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Rogério Santanna, o custo é baixo. "Quando começamos as
negociações para o programa de Banda Larga nas Escolas, as empresas queriam R$ 9
bilhões. Já temos um lucro aí, porque foi só mencionar a Telebrás para o
programa sair de graça", disse nesta terça-feira, 29/09.após um seminário sobre
políticas de banda larga, realizado na Câmara dos Deputados.
Dos recursos necessários, Santanna calcula que R$ 283 milhões já estão na
Telebrás, após o aporte que, entre outros efeitos, elevou o controle do governo
sobre a estatal para 91% do capital. "O restante pode vir de boa parte das
despesas do governo, que em 2008 gastou R$ 858 milhões na sua administração
direta, indireta, fundacional e autárquica com comunicações e dados", emenda o
secretário.
Não quer dizer que todos os contratos serão substituídos, mas Santanna
apresentou dados que mostram o custo de alguns deles. Em especial, comparou que
enquanto a RNP gasta R$ 3,2 mil por Megabyte/mês, na Infovia Brasília, tocada
pelo Serpro, esse custo é de R$ 6,50. "Não estou dizendo que todos os R$ 858
milhões possam ser substituídos. Certamente, assim por baixo, uns R$ 200 milhões
podem ser substituídos", explica Santanna.
À espera da Justiça
A lógica da proposta, que o secretário espera ser oficialmente anunciada pelo
presidente Lula como o Plano Nacional de Banda Larga, é o domínio sobre a
infraestrutura. Esse controle será utilizado para regular os custos e baratear o
preço da interconexão e do acesso. Segundo Santanna, não existe barreira
regulatória na banda larga, uma vez que uma licença de SCM pode ser obtida sem
grande dificuldade e por cerca de R$ 9 mil.
A barreira é de preço, como enfatizaram todos os participantes do seminário
promovido pela Câmara. "Com o preço atual estamos no limite da demanda. Em
quatro anos, quem pode pagar já terá banda larga", afirmou o diretor do
Departamento de Universalização de Telecomunicações do Ministério das
Comunicações, Átila Souto.
A rede pública de banda larga conseguiria cobrir cerca de 3,2 mil municípios
caso o governo tenha sucesso e a Justiça do Rio de Janeiro conclua os trâmites
para cumprir a decisão que confirmou a posse da Eletronet à União. "Mas muitas
dessas coisas nós podemos fazer na Petrobras, através de fibras que estão de
posse de Furnas, de Chesf", insiste Rogério Santanna. Outros mil municípios, na
região Norte, seriam cobertos por redes da Eletronorte.
O governo não pretende tocar diretamente o acesso à banda larga, mas abri-la
especialmente para os pequenos provedores. E como o objetivo não é ter lucro com
a infraestrutura, poderia ser negociado banda por acesso.
"Se pode trocar acesso por backbone. Falta backbone, falta backhaul; o governo
precisa de acesso, troca. É fácil de fazer. O governo oferece o backhaul e, em
contrapartida, um pequeno provedor liga as escolas rurais, liga as delegacias,
administra esse acesso e mantém. O resto ele vende", explica Santanna, para
concluir poeticamente: "As baleias que se encontram nesse mar não serão
atacadas, na minha avaliação, por outras baleias tão grandes, mas por milhares
de piranhas".