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Fonte: O Globo
[26/04/10] Ipea
sugere novo marco regulatório e uso de fundo em banda larga - por Bruno
Peres
Nota de Helio Rosa:
O IPEA apresentou em 26/04/10, um comunicado com análises e
recomendações para a massificação da banda larga no país:
Leia a íntegra do Comunicado do Ipea nº 46
Veja os gráficos de apresentação do Comunicado
HR
BRASÍLIA (Reuters) - Uma revisão imediata da regulação do setor de telefonia e o
uso dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust)
são fundamentais para o sucesso do Plano Nacional de Banda Larga em preparação
pelo governo federal, avalia o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
"Os governos devem liderar o caminho para a expansão da banda larga, visto que
os países que a priorizaram como um serviço universal já estão colhendo
resultados altamente positivos", de acordo com o Ipea.
Em análise divulgada nesta segunda-feira sobre políticas públicas de
massificação de Internet rápida, o Ipea afirmou que "o arcabouço
jurídico-regulatório desenhado no final da década de 1990 está enfrentando a
prova do tempo". "É preciso discutir uma reforma para que a regulação contemple
de modo mais moderno o fenômeno da convergência tecnológica", afirmou o Ipea.
A Lei Geral de Telecomunicações, de 1997, privilegiou a telefonia fixa, já
superada pelo serviço móvel. Naquela ocasião, lembrou o Ipea, a Internet foi
considerada "um mero serviço de valor adicionado".
O instituto ligado ao Ministério do Planejamento recomenda, ainda, que o governo
use os "vultosos recursos do Fust", que é recolhido pelas operadoras mas vem
sendo utilizado como fonte de superávit primário. "Essa situação freou o ímpeto
para que o fundo fosse efetivamente utilizado", disse o Ipea.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está trabalhando num Plano
Nacional de Banda Larga para universalizar a Internet rápida no país. O anúncio
do projeto, contudo, vem sendo adiado há algum tempo.
Uma das possibilidades em estudo é a reativação da estatal Telebrás, que poderia
ser o braço público no plano.
Executivos do setor de telefonia têm se posicionado contra a reativação da
Telebrás, afirmando que a iniciativa privada tem condição de liderar o plano de
banda larga e que a competição em base desigual desestimularia investimentos.
DIFERENÇAS REGIONAIS
O Ipea também defende o provimento de "incentivos adequados" a fim de reduzir as
desigualdades regionais, com a inclusão do fornecimento em áreas rurais e de
pequenos municípios. Dados consolidados pelo Ipea mostram que praticamente
inexiste o acesso à banda larga nos domicílios em Estados brasileiros como
Roraima e Amapá.
Nesses dois Estados, o percentual de residências com acesso ao serviço em 2008
era de 0,3 e 0,6, respectivamente, em contraste com localidades nas regiões Sul
e Centro-Oeste, onde o acesso abrange, por exemplo, 29,3 por cento dos
domicílios em Santa Catarina, e 51,2 por cento no Distrito Federal.
O instituto destacou que, apesar de o governo ser "um dos protagonistas do
movimento de inclusão digital", a alta carga tributária no setor "contraria a
política de massificação".
"Há exemplos no Brasil de concessão de rodovias em que recentemente foi
privilegiado o menor preço do pedágio em detrimento da maximização da receita
governamental."
Em âmbito global, o Ipea menciona levantamento de 2009 da União Internacional
das Telecomunicações, órgão da ONU, que classificou o serviço de banda larga no
Brasil em 60o lugar.
"Os preços da banda larga também colocam o país em uma circunstância bastante
desvantajosa... Em 2009, o gasto médio com banda larga no Brasil custava 4,58
por cento da renda mensal per capita... Nos países desenvolvidos, essa mesma
relação está em torno de 0,5 por cento", completou o Ipea.