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Fonte: Teletime
[26/08/10] Debate
sobre PNBL no Conselhão aponta virtudes e problemas do projeto - por Samuel
Possebon
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (conhecido como Conselhão),
ligado à Presidência da República, realizou nesta quinta, 26, um colóquio para
discutir o Plano Nacional de Banda Larga. O assessor especial da presidência,
Cezar Alvarez, expôs os principais aspectos do PNBL aos conselheiros, dois dos
quais, como José Zunga e Antônio Valente, ligados ao setor de telecom.
As críticas ao cenário brasileiro couberam a Demi Getschko, coordenador do NIC.Br
e um dos principais especialistas em Internet no Brasil. Ele ressaltou que a
despeito dos números que revelam o quanto a Internet é utilizada e importante
para o brasileiro, os índices comparativos com outros países em questões de
preço e cobertura ainda são muito ruins. Ilustrando o paradoxo, Getschko lembrou
que o Brasil é o segundo país do mundo em uso de redes sociais, quinto em número
de domínios e sétimo em total de servidores, mas ocupa a posição 79 em
penetração, 87 em custo e 51 em qualidade da rede, "muitas vezes inferior para
atender aos serviços que já estão disponíveis".
Antônio Valente, presidente da Telefônica no Brasil, voltou a bater na tecla dos
tributos, reforçando as posições já manifestadas pela Telebrasil, e foi enfático
ao defender uma redução tributária ao setor: "temos consciência de que as
receitas provenientes do setor de telecom são importantes para financiar a
máquina pública, sobretudo nos estados, mas se a discussão aqui é o quão
estratégica é a banda larga para o país, temos que levar isso em conta na hora
de falar, também, em esforços tributários". Ele ressaltou que o peso não está
apenas no consumo, mas nos tributos que incidem sobre a cadeia.
Provocações
A provocação aos palestrantes ficou a cargo do pesquisador da Universidade
Federal de Pernambuco, Silvio Meira. Ele começou questionando Cezar Alvarez
sobre as razões de o Plano Nacional de Banda Larga não estar sendo tocado em
conjunto com a rede pública de TV digital e com o projeto do set-top de baixo
custo. Alvarez reconheceu que talvez haja ai uma falha de coordenação que
precise ser revista, e se comprometeu a conversar com os coordenadores dos
outros projetos. A rede pública de TV digital atenderá as emissoras da União e
funcionará com um operador de rede prestador de serviço pelos próximos 20 anos.
O governo está unvestindo mais de R$ 1 bilhão no projeto. O set-top popular visa
levar ao mercado, a R$ 200, uma caixa de recepção de TV que permita aplicações
interativas.
Meira também ponderou que o PNBL devesse dar mais ênfase à mobilidade e menos a
redes de fibras, e foi enfático ao dizer que as políticas de fomento à indústria
nacional deveriam estar muito mais focadas em uma política industrial do que no
desenvolvimento de pesquisa para tecnologias próprias. POr fim, Meira foi
crítico às limitações de velocidade do PNBL. "Em três anos, isso que está sendo
colocado não vai servir para nada e precisaremos de um PNBL 2.0"Ele ressaltou a
falta de discussão sobre uma política de neutralidade de rede, que permita
"levar a Internet a todo mundo com a mesma intensidade média".
Já o conselheiro José Zunga questionou Cezar Alvarez sobre os prazos para que a
Telebrás volte a operar, mostrando preocupação com os atrasos de cronograma que
podem afetar o plano. Outro conselheiro do CDES, o ex-ministro João Paulo Reis
Veloso, também questionou a questão tributária. "Tributar banda larga é tributar
conhecimento, é como cobrar importo em cima de livro, um absurdo. Isso deveria
ser dito aqui", protestou.