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Origem: Estadão
[24/02/10] Oposição
quer CPI para caso Telebrás
A oposição propôs ontem a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
para investigar a recuperação da Telebrás e o lobby do ex-ministro José Dirceu
com um dos possíveis beneficiários da reestruturação da estatal. "É preciso
abrir uma investigação. A reativação da Telebrás é um jogo de negócios", disse
Paulo Bornhausen (SC), líder do DEM na Câmara dos Deputados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer recuperar a antiga controladora das
operadoras de telefonia do País, que foram privatizadas em 1998, para utilizá-la
como carro-chefe na oferta de serviços de internet por banda larga às regiões
que atualmente são mal atendidas pelas empresas privadas. Para isso, o governo
precisar resolver uma pendência judicial sobre o controle dos 16 mil quilômetros
de fibras ópticas de uma empresa em processo de falência - a Eletronet - na qual
a União detém parte do controle por meio da Eletrobrás.
A decisão dos oposicionistas de abrir uma investigação sobre o caso ganhou
combustível ontem com a publicação de uma reportagem sobre os negócios entre
José Dirceu e o empresário Nelson dos Santos, sócio da Eletrobrás na Eletronet.
De acordo com a reportagem, Dirceu teria recebido R$ 620 mil do empresário,
entre 2007 e 2009, pela prestação de serviços de consultoria, período em que o
ex-ministro teria defendido o controle, por parte da União, dos ativos da
empresa falida.
Segundo o jornal, a empresa de Nelson dos Santos, a Star Overseas Venture, uma
offshore com sede no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, pagou R$ 1
para virar sócia de uma empresa (Eletronet) que tinha dívidas de R$ 800 milhões.
A suspeita é que o empresário teria virado sócio de uma dívida milionária por
saber, com a ajuda de Dirceu, que a Eletronet seria resgatada jurídica e
economicamente pelo governo Lula e renderia cerca de R$ 200 milhões a Nelson dos
Santos.
Para o deputado Bornhausen, a verdadeira razão para a velocidade no processo de
reativação da Telebrás seriam os interesses do ex-chefe da Casa Civil, réu no
processo de investigação do mensalão, que abalou o governo Lula em 2005. "Nesse
momento você encontra a verdadeira razão. São os interesses de José Dirceu que,
desde que foi cassado e denunciado por formação de quadrilha, só faz lobby em
negócios escusos, como esses que estão aparecendo aí."
FOLHA CORRIDA
O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, disse que o Ministério Público
precisa investigar as consultorias do ex-ministro para empresas privadas com
negócios com o governo. "O Ministério Público precisa investigar isso, até
porque José Dirceu tem contra si uma folha corrida, não um currículo." Para
Freire, esse não é o primeiro caso suspeito envolvendo o governo Lula e empresas
privadas, referindo-se à fusão da Oi e da Brasil Telecom, que contou com total
apoio do Palácio do Planalto para ser concretizada.
"Isso desnuda a bandeira do Estado forte levantada pela candidata Dilma e o PT",
afirmou Freire em referência à pré-candidata do governo às eleições
presidenciais, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Eles querem é a
privatização do Estado em benefício dos amigos do governo."
A Eletronet foi criada em 1999 para gerir os cabos de fibra óptica que passam
pelas redes de transmissão de energia das centrais elétricas de Furnas, Chesf,
Eletronorte e Eletrosul. Os cabos funcionam como um sistema de "backup" para que
os operadores do sistema possam verificar, em tempo real, interrupções na
transmissão de energia. Na época, o governo acreditava que a rede poderia ser
utilizada para enviar outros dados. Os custos da operação acabaram não
compensando e diante das dificuldades financeiras da americana AES, então sócia
da Eletrobrás, a empresa entrou com pedido de autofalência na Justiça em 2003.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.