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Fonte: Clipping MP - Origem: Estadão
[25/02/10] ''Os
sócios da Eletronet não vão receber nada'' (Entrevista com Luís Inácio
Adams: advogado-geral da União) - por Renato Andrade
Advocacia-Geral da União admite, porém, que credores da Eletronet podem receber
'alguma coisa' como pagamento
A Advocacia-Geral da União (AGU) está segura de que os cabos de fibra óptica
administrados pela Eletronet são propriedade das centrais elétricas federais e o
processo de falência da empresa não resultará em despesas a serem assumidas
pelos cofres públicos. Nesta entrevista ao Estado, o titular da AGU, Luís Inácio
Adams, reconhece que os credores têm direito a receber "alguma coisa" da
Eletronet, mas ressalta que os sócios da companhia, incluído o empresário Nelson
dos Santos, não vão receber "nada" quando o processo de falência for concluído.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Em algum momento o governo cogitou a ideia de recuperar a Eletronet ou
incorporar a empresa à estatal que conduzirá o plano de banda larga?
No início se avaliaram várias possibilidades, inclusive levantar a falência, mas
no decorrer do exame identificamos que a rede de fibra óptica, que era o
interesse principal desse processo - porque é ela que viabiliza o projeto de
banda larga público - não pertencia à Eletronet. Pertencia, sim, às empresas do
setor elétrico.
A possibilidade de suspender a falência e recuperar a Eletronet ainda está no
radar do governo?
Não está. A AGU disse ao governo, em 2007, que, se o objetivo era tomar a posse
da rede, contratualmente esses cabos já pertenciam à União. A decisão do governo
foi dar prosseguimento ao que estava garantido no contrato.
As empresas credoras argumentam que as dívidas da Eletronet somam R$ 800
milhões. Esse valor é correto? O governo terá de assumir parte dessa despesa?
Como a AGU não atua no processo de falência, não temos essa informação, mas o
governo não assume a dívida. Não se pode negar que existe o crédito dos credores
da Eletronet. Eles têm direito a receber alguma coisa. Pode não ser o quanto
eles pretendem, mas eles têm direito a receber alguma coisa da massa falida.
Os sócios da empresa vão faturar alguma coisa?
Esse é um ponto que tem que ficar claro. Temos os credores da Eletronet e os
sócios. São coisas totalmente diferentes. Os sócios não vão receber nada desse
processo.
Existe alguma possibilidade de os sócios receberem algum recurso?
A única alternativa seria, eventualmente, a Eletronet sair da falência, o que
não é sequer cogitado como alternativa. Não há como levantar a falência hoje.
Isso só aconteceria se o valor do patrimônio fosse superior ao valor a ser pago
aos credores.
A incorporação da Eletronet pela futura gestora da rede também seria uma
alternativa de ganho para os sócios, não?
Mas essa não é uma alternativa. A alternativa adotada foi retomar o patrimônio
nos termos do contrato existente. Com o pagamento dos credores, não vai sobrar
um centavo. Na eventualidade de sobrar algum dinheiro, esse recurso poderia ser
repartido entre os sócios, mas seria a primeira falência na história em que isso
iria acontecer.
O governo já fez a caução das garantias para retomada da rede?
A caução já foi dada. São títulos que o sistema elétrico tem e foram prestados
em garantia junto à massa falida. Essa garantia não é pagamento. Ao final da
discussão sobre as pretensões dos credores, se elas forem acatadas, a caução
será apropriada para pagamento.
Num cenário hipotético, se o governo lançar o plano de banda larga hoje, ele
já poderia utilizar a rede de fibras ópticas?
É claro que não é tão simples assim, mas, se o governo decidir lançar o plano, a
rede está disponível para isso.