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Fonte: Site do Ethevaldo Siqueira
[25/02/10]  Telebrás: o meu, o teu, o nosso dinheiro pelo ralo - por Alexandru Solomon

Alexandru Solomon, engenheiro de telecomunicações e escritor

Vamos pensar um minuto. A Telebrás, mesmo na época de seu esplendor, jamais instalou sequer um telefone público (TP). Ela sempre foi uma holding, que talvez nem fosse nascer, não houvesse uma briguinha entre os altos níveis da Embratel e o ministro Corsetti (era o que se dizia no século passado). A estrutura atual nada tem a ver com uma operadora de qualquer coisa. Sobrou um punhado de pessoas que tentam resolver pendências trabalhistas – ou estão perdidas na anêmica (por culpa de quem?) Anatel.

Logo, haverá contratações, com meu, o teu, o nosso dinheiro. No edital, o requisito necessário: carteirinha do PT. A Telebrás entrará apenas com uma razão social (e com os objetivos alterados). Telebrás, Telebaby, Telebandidagemlarga, à vontade do freguês.

Existe essa rede da Eletronet, algo como uns 10% das redes das concessionárias. Essa rede não possui capilaridade, a famosa last mile. De onde surgirá? De acordos operacionais com as teles, ou vamos reinventar tudo? Tudo wireless?

O dinheiro parece não interessar. A Furukawa e a Lucent não pensam assim. Se há quem opere, haja quem pague: 800 milhões! Tudo bem. O governo injeta.

Injeta de onde? Vai pegar no Santander? Não, será o meu, o teu, o nosso que está numa rubrica orçamentária. Se não estiver, crie-se. Afinal, tem o Fust ... Por onde andarão os 10 bi do Fust? Não me atrevo a dizer que serão lavados, porque não tenho a menor prova. Já se disse que a Eletronet tinha apenas o direito ao uso, mas alguém contratou a Furukawa, a Alcatel e as empreiteiras, que, superfaturando ou não – vá saber –, apelarão à nossa Justiça. Momento, preciso dar risada!

Essa grande empresa que atenderá os desvalidos será rentável? Sim! Daqui a dez anos (se for daqui a sete, peço desculpas). Até lá, dá-lhe dinheiro pelo ralo. Já sabe: o meu, o teu, o nosso.

Não é mais prático impor metas às teles? Nãããããoooo. Claro que não. É preciso encher aquele prédio amarelo de Brasília (era amarelo no meu tempo, agora, não sei, nem me interessa). Mas, por que não colocar as teles no colo e impor metas? Acha que se furtarão, com o risco de perder as concessões? A “privataria” funciona assim. Anatel manda, negocia-se e cumpre-se.

Uma empresa subsidiada, para quem o dinheiro não conta porque sai do cofre da viúva, pode fazer uma concorrência honesta (falir)? Imagine os “menos favorecidos” indo com a canequinha apanhar bits na tubulação master! Nem falo da especulação com as ações, porque muita gente vai quebrar a cara, mas eles são maiores de idade.

Obrigado pelo minuto concedido. Esta conversa poderia levar horas.