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Fonte: Yahoo! Notiícias - Origem: Estadão
[28/01/10] Plano
de recriação da Telebrás prevê injeção de R$ 20 bilhões - por Gerusa Marques
Brasília, 28 - Em uma iniciativa para voltar ao mercado de telecomunicações, o
governo poderá investir R$ 20 bilhões, cedidos pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na criação de uma estatal - já
chamada de InfoBrasil - para concorrer com as empresas privadas no fornecimento
de serviços de banda larga. Os técnicos concluíram o diagnóstico solicitado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles definiram o custo do investimento e
asseguram que a nova estatal, ou a própria Telebrás revitalizada, atenderá à
camada da população mais pobre e cidades fora dos grandes centros urbanos com o
serviço de internet a preço mais baixo do que os cobrados pelas Teles.
Atualmente, este mercado é dominado por empresas privadas, que, no entanto, não
atenderam à expectativa do governo de estender os serviços de banda larga às
classes C, D e E. As empresas demandaram isenções tributárias para compensar os
pesados investimentos. Lula não gostou da reação e pediu um estudo para testar a
viabilidade de uma estatal.
A Agência Estado teve acesso a esse estudo que será apresentado a Lula no dia 10
de fevereiro. O presidente poderá escolher entre duas propostas. Uma delas prevê
a atuação do Estado em toda a cadeia de fornecimento dos serviços de banda
larga. A outra propõe a parceria com as grandes empresas de telefonia. Na última
vez que participou da discussão, em novembro passado, Lula criticou a atuação
das teles que, segundo ele, "só estão interessadas no filé mignon".
A aliança com as empresas de telefonia, entre elas Oi e Telefônica, é defendida
pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, para quem não é possível massificar
a banda larga sem a participação da iniciativa privada. Nessa reunião de
novembro, ele apresentou um plano para que até 2014 o País esteja com 90 milhões
de acessos à internet rápida. Isso exigiria investimentos de R$ 75 bilhões,
sendo R$ 49 bilhões das empresas e R$ 26 bilhões do governo. Essa alternativa
prevê, ainda, a desoneração tributária e uso de fundos setoriais.
"A decisão final é do presidente", disse ontem o ministro, reagindo à proposta
de decreto presidencial em defesa da revitalização da Telebrás, que seria a
operadora do Plano. A Telebrás ficaria sob a coordenação do Comitê Gestor do
Programa de Inclusão Digital, vinculado à Presidência da República.
Os técnicos do governo constataram que apenas 5% dos domicílios brasileiros têm
banda larga. A meta é chegar a 19% dos domicílios, atendendo principalmente as
classes C, D e E, que hoje estão excluídas dos serviços. O preço final sugerido
variaria entre R$ 15 e R$ 35, dependendo da velocidade de conexão.
Além de atender ao consumidor final, a nova empresa também se financiaria com o
aluguel da sua estrutura de fibras ópticas (formada pelas redes da Eletrobrás e
Petrobras), para as outras empresas, por exemplo pequenos provedores de
internet. Eles reclamam das dificuldades de acesso às redes das teles. Mas, de
acordo com os cenários traçados, a estatal só passaria a ser lucrativa a partir
de 2019. Os técnicos estimam que o setor de telecomunicações deve crescer ao
ritmo de 15% ao ano. Para eles, a empresa deverá ter um custo de operação de R$
1 bilhão por ano com manutenção das redes e despesa de pessoal, por exemplo.
O diagnóstico alerta para a "forte resistência" das empresas de telefonia à
criação de uma nova estatal. Os técnicos avaliam que interessa às teles manter o
acesso à banda larga restrito às classes mais altas da população para evitar que
as novas tecnologias reduzam suas receitas com a telefonia, já que é possível
conversar pelo computador de graça, como se fosse uma ligação telefônica.
Ontem, o presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Serviços
Telefônico Fixo Comutado (Abrafix), José Fernandes Pauletti, criticou a proposta
de revitalização da Telebrás, dizendo que era "uma loucura e um desperdício de
dinheiro público", afirmou. (Gerusa Marques -BROADCAST)