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Fonte: Revista Teletime -
Entrevista com Rogério Santanna
[30/06/10]
O novo player - por Mariana Mazza (Entrevista com Rogério Santanna)
Com o anúncio do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL),
todos os olhos se voltaram para a Telebrás, o principal instrumento do governo
para colocar em campo o seu projeto de inclusão digital e levar a banda larga a
até 40 milhões de domicílios em 2014. Passada a fase de adaptação (e críticas)
ao novo modelo proposto, operadores e fornecedores começam a se perguntar como
será o processo para tirar a estatal da posição quase irrelevante que vinha
ocupando desde 1998 para o centro dos holofotes. Como, enfim, a Telebrás vai
fazer aquilo que está previsto no PNBL. Em entrevista exclusiva à TELETIME, dada
no começo de junho, o presidente da estatal, Rogério Santanna, falou dos
primeiros passos da empresa e de suas expectativas sobre o plano de levar banda
larga a todo o país. A área ocupada pela Telebrás em um conhecido centro
empresarial de Brasília em nada lembra os tempos em que a estatal reinava
sozinha nas telecomunicações brasileiras. A vida espartana da Telebrás nesses 12
anos de privatização está refletida na pequeníssima equipe de funcionários que
restaram à companhia: apenas cinco servidores ainda “batem ponto” na estatal em
uma sede que equivale, em tamanho, a menos do que os escritórios de
representação que as teles privadas ocupam na capital.
Santanna reconhece que as expectativas para que a Telebrás comece a funcionar -
seja de apoiadores ou de críticos - é grande, mas o momento é de tentar
reconstruir a casa com uma agenda apertada. Nesta entrevista, ele detalha o
cronograma de ação da empresa, que ele pretende colocar em pé em 60 dias. O novo
presidente faz mistério sobre os planos concretos da empresa na operação,
preocupado com a patrulha do mercado sobre suas declarações. Mas não tem meias
palavras para analisar o mercado atual e assegurar que a Telebrás poderá criar
um novo paradigma nas telecomunicações. “Nós estamos fazendo a Jet Blue da banda
larga”, afirma, citando a empresa aérea famosa por oferecer voos de baixo custo
nos EUA.
TELETIME: A Telebrás já pediu formalmente os funcionários de volta para a
Anatel?
SANTANNA: Nós estamos em negociação para tentar chegar a uma composição conjunta
com eles. (N.R: em 22 de junho a Anatel aprovou uma lista com 60 funcionários
sugeridos pela Telebrás que voltarão a trabalhar na empresa).
TT - Como fica o Plano de Indenização por Serviços Prestados (PISP), a que os
atuais servidores da Telebrás teriam direito para se aposentar?
Eu acho que no curto prazo, a gente não pode mexer no PISP. Primeiro, porque eu
preciso reestruturar a empresa. Depois dessa reestruturação é que a gente pode
tratar desse assunto. Até hoje a Telebrás ainda estava na expectativa de ser
liquidada. Todo mês aqui se aprovava um termo para liquidar a empresa. Agora, na
próxima reunião, não irá se tratar de plano de liquidação pela primeira vez em
12 anos. O caminho crítico agora é mudar o estatuto da empresa, que hoje é
minimalista. Para se ter uma ideia, a sede tem só cinco funcionários de carreira
da Telebrás. Na verdade seis, pois um está cedido para o sindicato.
TT - Os demais que estão aqui são terceirizados?
São terceirizados. Disseram que são 25 terceirizados, além dos cinco
funcionários de carreira. O que se tem que fazer aqui é estruturar minimamente a
empresa. Para se fazer isso é preciso mudar o estatuto, aprová-lo no Dest
(Departamento de Coordenação e Controle de Empresas Estatais) e na PGFN
(Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional). Tenho também que convocar a Assembleia,
o que deve ocorrer em 15 dias corridos a partir da publicação. Aí, a partir
desse momento, é que realmente a empresa irá dispor dos cargos para poder trazer
as pessoas de volta.
TT - Existe um prazo médio para isso tudo ficar pronto?
Eu estou trabalhando com o horizonte de 45 a 60 dias para isso tudo estar
resolvido. Inclusive com a assembleia já pronta. Eu espero fazer isso em menos
tempo, mas o razoável é isso.
TT - O que precisa ser alterado no estatuto para que a Telebrás possa voltar a
funcionar plenamente?
As novas diretorias, as gerências, a estrutura administrativa toda da empresa.
No momento, a Telebrás tem só duas diretorias, na prática: a
diretoria-superintendência e a minha (presidência), que acumula a diretoria de
relação com investidores. Pelo menos teremos mais uma: a técnica. Mas a empresa
continuará pequena, com algo entre 90 e 120 empregados.
TT - Há temor de que os servidores façam algum tipo de retaliação para não
voltar à Telebrás?
Eu acho difícil que ocorra uma situação dessas, em que 100% dos funcionários
peçam demissão ou abandonem a empresa. Até porque eu tenho recebido muitas
manifestações de funcionários que querem voltar a trabalhar aqui. Parece que
eles têm saudade da casa.
TT - Qual a intenção final de a Telebrás ser reativada?
A intenção da Telebrás é ser uma empresa de engenharia e marketing na área
comercial, basicamente. Não será uma empresa de operação. Tanto que não lhe foi
atribuída a operação. Foi-lhe atribuída a gestão. Então o que nós vamos fazer?
Na prática, vamos continuar repassando para a iniciativa privada (capacidade de
rede), mas agora com uma certa gerência do Estado. O que faremos nos próximos
meses, uma vez reestruturada a empresa, são os editais para contratar os
serviços necessários para atingir os objetivos que foram atribuídos à empresa.
TT - A projeção que o governo havia dado para a realização do primeiro edital
seria entre outubro e novembro. Esse é o prazo para o edital?
Para o resultado. O edital sairia por volta de setembro, talvez até mais cedo.
TT - E o que precisa ser contratado afinal? O que faz parte desse primeiro
edital?
Toda a eletrônica necessária para iluminar as fibras ópticas e os sistemas de
gerência. Também os NOCs (Network Operation Center), que serão dois, um aqui (em
Brasília) e outro onde o operador que vencer tiver sua sede ou em outra capital
do Brasil, além de toda a parte de reposição de peças e manutenção para a
iluminação da fibra.
TT - Quando esse edital sair, existe algum nível de preferência na contratação?
A preferência será para as empresas de tecnologia nacional, conforme previsto na
Lei de Informática, regulamentada no decreto 7.174, que é o decreto publicado
antes do decreto 7.175, que estabeleceu o Plano Nacional de Banda Larga. A lei
prevê que se um conjunto de empresas de tecnologia nacional ficar afastado até
10% no processo de licitação da oferta vencedora, eles podem ser chamados para
cobrir a oferta. É o chamado “empate ficto”, que é usado para micro e pequena
empresa. Se eles toparem cobrir a oferta, eles levam o contrato. Essa é a regra
que existe hoje.
TT - Questiona-se se a Telebrás precisaria passar por uma concorrência pública
para prestar serviços ao governo. Vocês estão seguros de que a oferta direta,
sem leilão, pela Telebrás é possível?
Sim. Há vários casos assim no Brasil. Está previsto na Lei 8.666 (lei de
licitações) a dispensa de licitação. O que a lei diz é que empresas, de economia
mista inclusive, criadas antes de 1993 não precisam ser escolhidas por
licitação. Eu sei disso porque dirigi uma, a Procempa, de economia mista e que
não passava por licitações para atender o município de Porto Alegre amparada
nesse artigo.
TT - O fato de a Telebrás ser uma empresa de capital misto e aberto e ao mesmo
tempo ser executora de uma política pública não abre campo para um debate sobre
um eventual prejuízo para os acionistas minoritários?
O que prejudica acionista minoritário é a empresa ficar dando prejuízo durante
anos. Esse é o principal motivo de prejuízo para os acionistas. Tanto que eles
não recebem dividendos há anos aqui. Quando os acionistas começarem a ter lucro
na empresa eles serão beneficiados e não prejudicados.
TT - Existe alguma intenção de fechar o capital da Telebrás?
Não, não há nenhuma discussão sobre isso. Inclusive, eu defendo que a empresa
continue sendo uma S/A. Uma empresa que se prepare para operar no novo mercado,
com conselheiros independentes, conforme prevê a lei, com a maior transparência
possível. Essa é uma garantia de que a empresa será fiscalizada. Para fazer essa
oferta ao governo, vocês vão precisar de uma licença, eu suponho que de SCM. O
conselheiro da Anatel Jarbas Valente disse que a Telebrás não precisaria de
nenhuma licença. Ele tem razão. Não precisaria, mas isso não quer dizer que ela
não possa ter. Estamos falando de possibilidades, não de realidade. A
possibilidade existe, é factível.
TT - Mas qual será o mecanismo no PNBL?
Nós vamos providenciar brevemente o nosso pedido de licença de SCM. Mas a
Telebrás poderá operar inicialmente, quando não for para atender o usuário
final, com uma licença de SLE (Serviço Limitado Especializado).
TT - Qual a estrutura técnica dessa rede? Vocês querem que ela tenha qual
capacidade?
Ainda é cedo para fazer essa observação. Isso irá aparecer quando formos
detalhar o projeto executivo.
TT - E o projeto executivo só deve ser conhecido dentro do edital?
Provavelmente.
TT - As parcerias com os provedores foram bastante discutidas, mas, na prática,
existe já um plano traçado de como serão essas parcerias?
Não há ainda nenhum plano detalhado. Todas as informações que eu estou te
passando são informações baseadas no nosso estudo genérico, por assim dizer,
feito no Ministério do Planejamento. Esse plano aplicado ao caso específico da
Telebrás é o que nós precisamos fazer nos próximos 90 dias. E quando isso
estiver pronto, vamos divulgar ao mercado.
TT - Na visão do governo, existe alguma possibilidade de as grandes teles se
interessarem por algum tipo de parceria com a Telebrás, já que elas têm rede
própria?
Em todos os lugares não há situação em que as companhias detenham rede
suficiente em todos os seus espaços de operação. Qualquer uma delas, em algum
espaço, tem rede de menos do que precisaria para concorrer com as outras. Então,
a possibilidade está aberta para quem estiver interessado, seja fixa, móvel ou
provedor. E tudo pelo preço mais barato possível, considerando que a operação se
mantenha rentável. O que nós estamos pensando é fazer uma empresa operadora no
atacado de banda larga de alta velocidade a baixo custo. Nós estamos fazendo a
“Jet Blue” da banda larga.
TT - O decreto que instituiu o PNBL prevê que as redes das elétricas serão
repassadas à Telebrás por meio de um contrato de cessão. As elétricas receberão
um percentual da operação por esta cessão?
Não, não será percentual. Vai-se estabelecer um preço, baseado no preço do
mercado internacional para esses insumos. A Telebrás vai pagar pela fibra
apagada e vai plugá-la. Ela paga um direito de cessão.
TT - Então o modelo nesse caso é o mesmo usado na composição da Eletronet?
Isso. Embora não tenha nada a ver com a Eletronet. Simplesmente ela pagará uma
cessão como já foi feito com a própria Eletronet.
TT - Existe alguma parte da operação da Telebrás que se cruza com a operação da
Eletronet pela massa falida?
A Telebrás não tem nenhum negócio que envolva a Eletronet. O negócio dela
envolve a Eletrobrás com as fibras que a Eletronet não estava usando e que foram
devolvidas à Eletrobrás. Só as fibras apagadas.
TT - Os contratos que existirem via Eletronet, então, continuarão existindo?
Sim. Os contratos estão todos ativos até que a massa falida se extinga. O que
acontece é que, no dia em que a Telebrás entrar no mercado, a razão de ter sido
dada à massa falida o direito de continuar esse negócio deixa de existir.
TT - Como assim?
É que o motivo pelo qual se pediu a continuidade do negócio da Eletronet era o
risco de comprometimento do sistema elétrico. O que isso significa é que se a
Eletronet deixasse de funcionar naquele dia da falência, cairia o sistema
elétrico porque o controle de Minas está na mão deles.
TT - Com relação à Eletronorte, ela deixou de vender capacidade quando o governo
passou a planejar o PNBL. Quando esses contratos voltarão a ser firmados?
Agora que o plano já saiu é preciso que nós façamos os contratos de cessão com
as elétricas antes de pensar nisso.
TT - De qualquer forma, a Eletronorte tem um preço bastante alto de oferta de
rede, não?
Esse é o motivo pelo qual se optou por dar a gestão para uma empresa como a
Telebrás. Porque a utilização das partes não é a utilização do todo. Então, o
que as empresas do grupo Eletronorte fazem é vender pelo preço de mercado. Como
elas estão lá sozinhas, elas vendem pelo preço mais alto possível. Como o nosso
objetivo não é vender pelo melhor preço, mas otimizar o que existe de rede no
país, muito provavelmente teremos uma radical mudança nisso.
TT - Então a intenção é gerar um equilíbrio no preço de oferta dentro do anel de
operação da Telebrás?
É pensar em uma operação do conjunto do sistema. Porque há linhas que são mais
rentáveis e outras que são menos rentáveis, mas o meu objetivo é estimular o
desenvolvimento da banda larga. Então, regiões mais carentes vão ter uma atenção
especial para que mais gente tenha acesso, para que se criem mercados onde não
há.
TT - Essa lógica parece um pouco com o que é feito no setor elétrico, onde há
uma compensação entre as regiões?
Pois é. O que eu posso dizer é que, se depender apenas da minha pretensão, será
assim. É que, na verdade, até no sistema de custo é preciso pensar em processos
mais inovadores. O sistema de custo de preço médio, por exemplo, é um sistema
que embute ineficiências. Quanto custa a operação de fibra óptica? Você pode
dividir o custo em duas partes. A primeira parte é o que podemos chamar de custo
fixo. Em outras palavras, passando um bit ou um gigabit, o preço é o mesmo, ou
seja, é o custo para manter o modem ligado, o funcionário que faz manutenção,
tudo isso, sem interessar o que está passando ali. Mas custo de Internet é igual
custo de hotel. Quanto vale o megabit de ontem? Zero, porque se eu não vendi, eu
perdi. Ou seja, se eu tivesse vendido o megabit por um preço bem baixinho ele já
estaria contribuindo para melhorar meus resultados.
TT - A Telebrás poderá fazer parcerias com outras estatais, como a Petrobras, na
construção de grandes obras públicas para estender a rede de Internet?
O decreto trata da otimização da infraestrutura. E a Telebrás pode sim entrar
como parceira. O que está se dizendo é que todos os direitos de passagem de
rodovias, ferrovias, grandes construções do governo federal como oleodutos, o
que for, vai ter que ter dutos para fibra óptica. Porque o custo dessa inclusão
é marginal. Mas nada impede que a Telebrás entre lá com um dutinho e faça um
acordo para ela mesma construir. Isso não está nem proibido nem antecipado.
TT - Há críticas de que a atuação da Telebrás como operadora poderia gerar
questionamentos pelas concessionárias de que a União quebrou contratos. Qual a
sua visão sobre isso?
Os contratos, editais e licitações que foram feitos, tais como o da Dataprev,
dão um prazo de 30 dias de aviso para desligar. O regulamento de SCM também
prevê isso. Então esse negócio de a operadora de SCM querer cobrar multa pelo
contrato já foi considerado irregular no âmbito da Anatel e no Judiciário. Já
houve companhia que tentou exercer isso e tomou multa.
TT - Existe ainda alguma dúvida dentro do governo com relação ao novo papel que
a estatal vai exercer a partir de agora no mercado?
Pelo que eu tenho ouvido, só tem um grupo de insatisfeitos: as teles, que vão
perder alguma coisa. E não são todas. São as que vão perder. A indústria está
satisfeita. Todos os que eu tenho ouvido pensam que o negócio vai se movimentar.
Não só pelas compras que o governo fará pela Telebrás e por outros agentes. Mas
porque as teles também vão comprar, decorrente desse estímulo ao mercado.
Portanto os fabricantes estão todos gostando muito. Com relação a investidores,
o que eu tenho visto é um número grande de novos grupos interessados em prover a
última milha. Recentemente vimos a notícia de que o megainvestidor Eike Batista
estaria interessado nesse mercado, e não reclamou da Telebrás. Portanto, essa
conversa de que nós teremos um desinvestimento por quebra de contrato não tem
nenhuma realidade fática. É apenas um balão de ensaio.
TT - No cenário político, supõe-se que se a candidata à presidência Dilma
Rousseff ganhar as eleições, o PNBL continuará. Mas e se ela não ganhar, como
fica a Telebrás?
Eu não sou a pessoa mais adequada para responder isso. Quem tem que responder é
o candidato que vencer a eleição. Eu tenho que trabalhar com a seguinte visão:
plano de banda larga não é uma exclusividade do Brasil. Os grandes países estão
fazendo o mesmo. É estratégico para o país ter um plano de banda larga. Eu não
acredito que se o projeto for bem sucedido, os governos vão desmanchar isso. Não
aconteceu isso com o Plano Real, nem com a própria privatização, que teve muita
crítica. Eu acho que o Brasil já tem maturidade política para não haver um
retrocesso desse tipo. Agora, é claro que cada governo tem suas estratégias e
pode mudar a abordagem. Eu entendo que, se o plano significar um ganho para a
população, é difícil que o novo governo resolva jogar tudo no lixo.
TT - A volta da Telebrás pode colocar em xeque o modelo de privatização adotado
no Brasil?
Eu acho que não. É uma intervenção, de certa maneira, bastante suave. Outros
países fizeram isso de forma muito mais dura. A Inglaterra, por exemplo, que é o
berço da privatização, fez uma separação estrutural. Aqui todas as operadoras
continuam com as redes em suas mãos. O que estamos dizendo é que a rede do
futuro, a nova rede, estará sendo feita de forma separada. Mas continuarão
existindo quatro, cinco alternativas de rede.
TT - A regulação falhou, na medida em que não estimulou a competição?
Eu acho que isso é uma constatação em todos os planos nacionais de banda larga.
Todos eles aprenderam que a regulação por si só não foi suficiente por várias
razões. Primeiro porque a regulação é complexa. Vejamos o modelo de custo. Nós
não temos um modelo de custo depois de 12 anos. Seguindo nesse ritmo, também não
o veremos nos próximos cinco anos. E, de qualquer maneira, é possível que,
quando chegarmos ao modelo de custo, talvez ele nem seja mais relevante. A
lentidão do processo, as amarras, o lobby das grandes concessões sobre o Estado
mostraram em todos os países que regulação, sozinha, não resolve. Não deu certo
na Austrália, na Inglaterra, em país nenhum. Até nos Estados Unidos, que tem uma
agência muito mais forte. O que a indústria tem feito esse tempo todo é se
proteger da concorrência através da regulação.
TT - A que você atribui tantas críticas e polêmicas contra o PNBL?
A indústria de telecomunicações, a meu ver, está passando pelo que os
economistas chamam de “desconstrução criativa do negócio”. Quem sabia fazer
máquina de escrever no passado, nada sabia sobre construir computadores. E hoje
não se escreve mais nenhum texto nas máquinas de escrever. Quem sabia fazer
telefonia não necessariamente saberá fazer Internet com a mesma eficiência. Este
é um ramo dado à inovação. E a inovação vem em ondas. Nós estamos entrando agora
na próxima onda. Não vamos esperar que haja uma quebradeira para a gente entrar
atrasado. Vamos entrar por último, como sempre fazemos, como seguidor ou como
inovador. E não há como ser inovador sem gerar polêmica. Se não gerar polêmica,
estaremos só atrasados.
Mariana Mazza