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Fonte: Website de Ethevaldo Siqueira
[16/05/10] As
razões dos cínicos - por Ethevaldo Siqueira
Diante das razões do governo para ressuscitar a Telebrás, só nos resta concluir,
com o mesmo cinismo, que a privatização das telecomunicações foi um fracasso
total. Confronte abaixo, leitor, os fatos reais e a prova do malogro, na
interpretação do governo Lula.
Primeira prova. Como usuário e como jornalista que cobre o setor de
telecomunicações há mais de 40 anos, tenho numerosas e fundadas queixas das
operadoras privatizadas, com os terríveis serviços dos call centers e com os
apagões. Maravilhosos eram os serviços da Telebrás, pois as operadoras estatais
nos atendiam com rapidez e cortesia. E como havia dez vezes menos assinantes,
elas nos tratavam muito bem. Eis aí a primeira prova de que a privatização foi,
realmente, um fracasso total.
Segunda prova. O Brasil de julho de 1998 tinha a excelente média de 14 telefones
para cada 100 habitantes. Hoje só tem 124. Eis aí uma prova incontestável do
fracasso da privatização da Telebrás.
Terceira prova. No dia da privatização (29/07/1998), o País tinha a fantástica
quantidade de 24,5 milhões de telefones. Hoje tem apenas 224 milhões. Eis aí
outra prova insofismável do malogro da privatização.
Quarta prova. Há 12 anos, o Brasil tinha 5,2 milhões de celulares. Hoje tem a
miséria de 180 milhões. Pode existir prova maior do fracasso da privatização das
telecomunicações?
Quinta prova. A Telebrás investiu R$ 60 bilhões, em 25 anos. As operadoras
privadas investiram R$ 180 bilhões em 11 anos. Isso é que é fracasso retumbante!
Sexta prova. A Telebrás ofertava telefones pelo plano de expansão pelo
equivalente à ninharia de US$ 1 mil (mil dólares) numa maravilhosa e patriótica
venda casada de ações e da assinatura de uma linha telefônica, que era entregue
com a fantástica rapidez de apenas 24 meses. (Às vezes demorava um pouco mais.)
Já as operadoras privadas querem impor-nos o absurdo da venda casada do triple
play – com telefone, TV por assinatura e banda larga. Vejam que malandragem.
Mais uma prova do fracasso da privatização.
Sétima prova. A privatização foi chamada de privataria sob a acusação de
escândalos e de vender a Telebrás a preço de banana, ou seja, pela miséria de R$
22,2 bilhões. A Justiça absolveu os acusados em duas instâncias. Mas a prova de
que o preço foi de banana é verdadeira, pois os R$ 22,2 bilhões recebidos pelos
19% de ações que o governo vendeu equivaliam a apenas 105 anos de exportação de
bananas da América Latina. Foi ou não foi preço de banana? Isso prova outra vez:
privatizar foi, sim, um fracasso.
Oitava prova. Maravilha era a Telebrás que não tinha apagão – até porque não
tinha muitos telefones nem, naquela época, banda larga. Depois da privatização
tivemos vários apagões – até por excesso de telefones. Eis a prova do fracasso
total da privatização.
Nona prova. A privatização desvalorizou o preço que pagávamos pelas linhas
telefônicas, no mercado negro. Algumas chegaram a custar o equivalente a US$ 10
mil (dez mil dólares). Hoje, o preço dessas linhas estão aviltados. Não valem
nada. Você não pode vendê-las. Entregam até telefone de graça. Isso é um absurdo
e prova que a privatização não só fracassou, mas também prejudicou todos que
investiram no telefone, como um bem escasso e altamente valorizado que era.
Décima prova. Os consumidores até gostavam da demora na entrega dos telefones do
plano de expansão porque, convenhamos, o telefone traz muitos aborrecimentos
para as pessoas e suas famílias. Hoje com 224 milhões de telefones, vivemos num
inferno. Estão vendo porque a privatização foi um fracasso?
Décima-primeira prova. Na época da Telebrás, os pobres não pensavam em celular
nem em telefone fixo. E isso era bom, pois hoje, com mais de 100 milhões de
pessoas de baixa renda usando celulares pré-pagos, essa gente perde muito tempo
e não trabalha. E pior: entrega celulares para bandidos. E você ainda acha que
privatização foi boa para o Brasil? Ora, raciocine com mais profundidade. Foi um
fracasso.
Décima-segunda prova. É claro que cabia ao governo Lula, ao longo de oito anos,
aprimorar o modelo privatizado, formular políticas de inclusão digital
ambiciosas, transformar a banda larga em serviço de caráter público e em direito
do cidadão, com metas de universalização obrigatória. No entanto, como todos
sabem, o atual governo tentou mas não conseguiu fazer sua parte. Com outras
preocupações e prioridades, não teve tempo para proteger-nos dos maus
prestadores de serviços nem para fiscalizar e punir a extrema ganância das
concessionárias. Preferiu deixar tudo isso para os últimos meses de seu segundo
mandato e para o próximo governo, reativando a Telebrás e dando mais
consistência à campanha eleitoral.
Mas, creia, leitor, a Nova Telebrás dispõe de recursos ilimitados para investir
nessa área estratégica. E, mais do que tudo, conta com uma equipe altamente
qualificada, detentora da maior experiência em redes de banda larga para levar
os benefícios da comunicação de alta velocidade até as camadas de baixa renda
nas regiões mais remotas. E tudo bem baratinho: a R$ 15 por mês.
Só os derrotistas não acreditarão no Plano Nacional de Banda Larga, feito da
forma mais democrática possível, com a participação ampla da sociedade e do
próprio Congresso.
Viva a banda larga! Viva a Nova Telebrás!
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