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Fonte: Clipping MP - Origem: Folha de São Paulo
[06/03/10] Meta
do plano de banda larga é reduzida
Objetivo inicial de levar serviço de internet rápida a 3.200 municípios até o
final do governo Lula é reduzido para 200
Problemas com a rede de fibras ópticas da Eletronet e oposição das empresas de
telecomunicações emperram o programa
De um plano ambicioso para ser implementado ainda no governo Lula, atingindo
inicialmente cerca de 3.200 municípios na atual administração, o Plano Nacional
de Banda Larga (PNBL) deve chegar a só cerca de 200 cidades até o fim do ano.
Isso se não houver novos adiamentos, o que pode, inclusive, fazer com que nessas
cidades haja só testes até dezembro.
Internamente, os técnicos responsáveis pelo sistema atribuem boa parte do atraso
a duas questões: a pendência jurídica envolvendo a rede federal da Eletronet
(fibras ópticas instaladas nas linhas de transmissão de energia) e a pressão das
empresas de telecomunicações que são contra a criação de uma rede pública de
banda larga em todo o país.
As duas questões opuseram setores do governo. O grupo ligado à Casa Civil e ao
Planejamento ganhou a disputa, que tinha do outro lado o Ministério das
Comunicações e as empresas privadas. Com isso, o governo manteve a decisão de
retomar na Justiça a rede da Eletronet, o que ocorreu, na primeira instância, no
final do ano passado, e optou pelo uso de uma estatal para administrar a rede
(provavelmente a Telebrás).
Apesar dos atrasos na definição do programa, que se arrasta desde o primeiro
mandato de Lula, o governo atual espera montar ao menos sua espinha dorsal, ou
seja, a estrutura de cabos de fibras ópticas interligando boa parte do país.
A ideia é montar uma rede de 16 mil quilômetros, interligando Sul, Sudeste,
parte do Centro-Oeste e boa parte do Nordeste, regiões já conectadas por meio
dos cabos que estavam em poder da Eletronet. O Norte ficaria para uma segunda
etapa.
Pela última versão do programa a ser analisado por Lula em reunião programada
para o início de abril, quando a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) já terá
saído do governo, a proposta é que o preço da banda larga chegue ao consumidor
final a R$ 35 para conexão de 512 kbps, com a cobrança de ICMS. Nos Estados que
isentam o serviço, ficaria na casa de R$ 26.
Inicialmente, a ideia do governo é usar a Telebrás como reguladora do mercado.
Dessa forma, ela ofertaria a rede de fibras ópticas da Eletronet no atacado para
outras empresas, que concorreriam com as teles atuais na oferta de banda larga
ao consumidor final.
No entanto, onde o preço médio de mercado seja superior em 50% ou mais ao
praticado na capital mais próxima, a Telebrás atuaria na ponta, chegando ao
consumidor final.
Para técnicos do governo, o principal entrave ao plano sempre veio das empresas
do setor, inclusive no caso da Eletronet, cujo uso da rede sempre foi criticado
pelas teles.
O motivo seria o fato de que a futura rede pública competirá com as empresas de
telecomunicações, levando banda larga a boa parte dos domicílios, criando o
risco de reduzir ainda mais o mercado de telefonia fixa no país. Afinal, a
tendência é que as casas de baixa renda com conexão de banda larga passem a usar
sistemas da internet para falar por telefone.