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Fonte: Teletime
[10/03/10]
PNBL deve levar Internet a até 300 localidades ainda em 2010 - por Mariana
Mazza
A agenda corrida do governo federal para viabilizar o Plano Nacional de Banda
Larga (PNBL) ainda em 2010 não comprometerá o início da implementação ainda
nesta gestão. A proposta do governo é dar um ponta-pé inicial no projeto levando
oferta pública de banda larga a até 300 localidades brasileiras neste ano. "Não
gosto de chamar de 'projeto-piloto' por conta do tamanho da proposta. Afinal,
300 municípios pode parecer pouco perto dos mais de 5 mil que compõem o Brasil,
mas ainda assim não é pouca coisa. Será um 'grande ensaio geral' na verdade",
classificou Cezar Alvarez, assessor especial da Presidência da República e
coordenador do PNBL, após debate sobre o tema na Comissão de Ciência e
Tecnologia (CCT) do Senado Federal.
Mais uma vez, Alvarez não revelou os detalhes da proposta governamental, mas
reiterou que o Estado terá um papel de regulador do mercado dentro do PNBL e que
o governo não se furtará a prestar o serviço de banda larga onde as empresas
privadas não se fazem presentes. A escolha das localidades que farão parte da
implementação do plano em 2010 ficará a cargo de uma "mesa de debate" organizada
pelo governo com representantes de diversos segmentos envolvidos no projeto, que
vai desde empresas até consumidores e entidades civis. A própria composição da
mesa ainda não está definida e, assim, Alvarez evitou apostar qual modelo de
implantação da primeira etapa do PNBL deve ser adotado.
"Como chegar (aos municípios) e com quem chegará é a mesa que decidirá. Até
rimou", declarou em tom descontraído. Alvarez antecipou apenas um dos alvos do
governo com relação à lista: que os municípios escolhidos devem representar a
"diversidade" do Brasil. "Não vai ter só município pobre ou só município rico;
excluído ou incluído. As 300 localidades irão refletir a diversidade do País."
Descompasso com o PAC
Alvarez confirmou a intenção da Presidência de realizar no início de abril a
reunião decisiva sobre o PNBL. Ocorre que, antes do encontro, o governo tem uma
grande agenda política que incluiu o próprio PNBL: o lançamento do novo Plano de
Aceleração do Crescimento, o PAC-2. É ponto pacífico que a política de
massificação da banda larga será um dos pilares do PAC-2, mas as idas e vindas
na agenda de discussões sobre o PNBL fará com que ele só seja completamente
anunciado após a divulgação do plano estratégico do governo, agendada para 26 de
março. Essa não era a intenção original do governo, que vinha trabalhando desde
o ano passado para arrematar o PNBL antes do fechamento do PAC-2.
Um dos pontos críticos dessa inversão da agenda é que apenas com uma decisão
final do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o modelo de negócio a ser
adotado pelo governo no PNBL - se o Estado fará uma oferta direta ao consumidor
ou ficará só no mercado em atacado de redes, por exemplo - é que o governo terá
uma noção clara de quanto o plano custará aos cofres públicos. A estimativa
traçada pelo governo oscila entre R$ 1 bilhão e R$ 15 bilhões, mas há ainda uma
projeção feita paralelamente pelo Ministério das Comunicações que aponta a
necessidade de investimentos públicos na casa dos R$ 24 bilhões. Qual o nível de
uma eventual parceria entre investimentos públicos e privados é outra incógnita
que ronda o plano.
Falsa polêmica
O tema mais discutido sobre o PNBL, no entanto, continua sendo a possibilidade
de revitalização da Telebrás para atuar como coordenadora da rede pública de
oferta de banda larga. Como não podia deixar de ser, o assunto surgiu em várias
questões durante a audiência pública realizada nesta terça-feira. 9, no Senado
Federal, mas não chegou a criar atrito entre os parlamentares e os convidados. A
maioria dos questionamentos levantou dúvidas sobre a necessidade de se
ressuscitar a estatal, mas nenhum senador deu voz às denúncias específicas em
torno de um suposto beneficiamento de empresários com a retomada da rede
Eletronet, outra parte estratégica do plano.
Alvarez classificou o tema como "falsa polêmica" e reiterou que o uso da
Telebrás é o melhor caminho prospectado até agora pelo governo, mas que a
decisão não foi tomada pelo presidente Lula. "Não se trata de recriar uma
holding com 27 subsidiárias como era a Telebrás no passado. Mas alguém tem que
gerenciar isso (o PNBL). E a melhor opção até agora é a Telebrás", declarou o
assessor.