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Fonte: Site do Ethevaldo Siqueira
[19/03/10]
Batalha jurídica
ronda Telebrás - por Carla Jimenez, Elaine Cotta e Sílvio Ribas (redacao@brasileconomico.com.br)
A polêmica proposta de recriação da estatal para tirar do papel o Plano Nacional
de Banda Larga vai exigir fôlego para enfrentar diversos obstáculos jurídicos,
segundo especialistas ouvidos pelo Brasil Econômico.
O primeiro deles é que, sem uma discussão no Congresso que resulte em projeto de
lei que atualize a Lei Geral das Telecomunicações, a Telebrás não pode voltar a
existir.
"Se o governo quiser apenas criar uma nova empresa de telecomunicações, a lei
não permitiria", afirma Carlos Ari Sunfeld, que foi um dos formuladores da Lei
Geral das Telecomunicações, de 1998. "A atual legislação não permite que o
governo seja regulador e ao mesmo tempo prestador de serviço", diz. O advogado
Guilherme Ieno Costa, da Koury Lopes Advogados, reforça a tese e acredita que a
ideia de recriar a Telebrás é uma grande "bobagem".
O advogado Leonardo José Melo Brandão, que já foi procurador da Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel), lembra que a Constituição de 1988 determina que a
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só pode acontecer em casos
de segurança nacional ou quando o setor privado sozinho não tem condições de
oferecer determinado serviço. "E esse não parece ser o caso da banda larga",
afirma.
"As empresas privadas brasileiras que atuam no setor têm interesse e condições
financeiras de ampliar esse mercado. Não há motivo para que o governo precise
intervir", diz. Brandão afirma ainda que mesmo que o governo insista em reativar
a Telebrás para colocar em prática o Plano Nacional de Banda Larga, a volta da
estatal terá, obrigatoriamente, que ser discutida e aprovada pelo Congresso. "No
fundo, essa é uma discussão muito mais política do que jurídica."
Mas tirar a Telebrás do papel é realmente inviável? "Em princípio é até
possível", diz Sunfeld. "Mas o governo teria de convencer o Congresso e a
sociedade de que é realmente ele que tem de investir", completa Brandão.
Sunfeld ressalta três pontos que são fundamentais nessa discussão. O primeiro é
o fato de a União, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), ser acionista da Oi, que já presta os mesmos serviços que a Telebrás
poderia prestar. "E aí é que está um dos problemas: ou a União sai da Oi,
suspendendo seus direitos de voto – o que seria muito complicado porque a
participação do BNDES na empresa não é pequena – ou não recria a Telebrás", diz
Sunfeld.
O segundo ponto é o fato de o projeto ainda não ser claro ao ponto de explicar
os reais motivos e necessidades do renascimento da estatal. O terceiro gargalo
está no fato de a volta Telebrás não ser possível de um dia para o outro. "Na
prática, é inviável pegar a carcaça da empresa e transformá-la em uma prestadora
de serviço porque a Telebrás não tem nada, nem funcionários, nem equipamentos."
O ex-ministro das Comunicações, Juarez Quadros, lembra ainda que a Lei das S.A.
também seria um limitador para uma Telebrás ativa, uma vez que a empresa teria
de ser lucrativa, algo que a priori não deve acontecer. "Não basta vontade
política, há um rito burocrático administrativo terrível", diz ele. O risco,
avisa, é criar a temida insegurança jurídica, que afeta a credibilidade do país.
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aqui.