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Fonte: Blog do Ethevaldo no Estadão
[30/03/10] Um
imbróglio chamado Telebrás - por Ethevaldo Siqueira
Não há gente mais sofredora do que os defensores da volta da Telebrás. Eles
estão à beira de um ataque de nervos, pois esperam desde agosto do ano passado
que a proposta oficial de reativação da estatal seja aprovada pelo governo
federal. Depois de agosto, adiaram o anúncio para setembro, outubro e novembro.
E assim sucessivamente, para dezembro, janeiro, fevereiro e, finalmente, para
março, momento solene de anúncio do PAC2. O sonho era que tanto o anúncio do
PNBL quanto o da volta da Telebrás fossem feitos no dia 29 de março. Mas não
foram, nem o PAC2 nem a volta da estatal.
Por que nada aconteceu? O motivo, alegado pelo ministro do Planejamento, Paulo
Bernardo, foi de que os custos do PNBL ainda não estão definidos. E mais: que a
decisão de se recriar a Telebrás é apenas um detalhe e ainda não foi tomada.
Outras fontes falam na criação de outra estatal ou a escolha dos Correios para
gerir o PNBL, se e quando ele for elaborado.
Há muito se percebe que o governo não obtém o consenso mínimo sobre a questão da
banda larga. Há divergências internas no governo, tanto sobre o plano qaunto
sobre a reativação da Telebrás. Enquanto isso, o tempo passa e a campanha
presidencial já está nas ruas. Num período desses, tudo pode acontecer.
Inclusive nenhuma decisão ser tomada.
Os defensores do projeto Telebrás agora prometem a decisão final para abril - ou
maio, ou junho - quando a ministra-mãe dos PACs e defensora da volta da estatal
já estará em plena campanha. Nesse período, entretanto, a manipulação da cotação
das ações deve continuar, com a desfaçatez e a naturalidade que caracterizam as
grandes maracutaias deste País.
Investir em ações de uma empresa nessas condições, sem nenhuma certeza em seu
futuro, sem patrimônio e sem receita, passa a ser uma aventura de alto risco. E,
como se pode avaliar, os investidores bem-intencionados, que acreditavam nesses
papéis, começam a temer por seu rico dinheirinho.
Nervosos, agressivos e preocupados com seus planos políticos, alguns dos
defensores da volta da Telebrás se tornam cada dia mais arrogantes diante dos
criticam o projeto. Xingam, ameaçam e perdem a compostura, em seus sites
exclusivos para a campanha de apoio à tese estatal e ao PNBL de seus sonhos. Em
lugar de argumentar com fatos e dados objetivos, eles atacam os supostos
adversários e acusam-nos de estarem vendidos às Teles. Sua luta, no entanto, não
passa de defesa dos próprios interesses e de uma bandeira eleitoral que já não
conseguem desfraldar, que lhes foge ao controle.