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Fonte: Teletime
[30/11/10]
Governo comemora avanço do PNBL, mas ações planejadas ainda estão pendentes
- Mariana Mazza ("Terceiro Encontro do Fórum Brasil
Conectado")
As pautas do terceiro, e último, encontro do Fórum Brasil Conectado em 2010,
realizado nesta terça-feira, 30, em Brasília, revelaram que o governo pouco
avançou no desenvolvimento das metas fixadas para viabilizar o Plano Nacional de
Banda Larga (PNBL). Grande parte das atividades planejadas no início do programa
como de "nível 1", ou seja, de implantação imediata, foram consideradas
"realizadas" pela equipe do Grupo Gestor de Políticas de Inclusão Digital (CGPID)
da Presidência da República. Mas a análise detalhada da lista mostra que o
governo considerou entre estes itens ações que ainda estão em pleno debate.
O exemplo mais evidente é o novo Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU
III). Primeira ação considerada concluída no lote regulatório de projetos, o
PGMU III está longe da finalização. A proposta da Anatel foi distribuída na
semana passada para relatoria do gabinete da conselheira Emília Ribeiro. E a
simples discussão pública das metas propostas já rendeu uma das maiores
polêmicas enfrentadas pela Anatel desde sua criação. Basicamente, empresas e
órgãos de defesa do consumidor criticam a natureza das novas obrigações e a
legalidade do plano. O SindiTelebrasil, inclusive, entrou com uma ação na
Justiça contra a Anatel tentando invalidar todo o PGMU, e cresce a possibilidade
de que o novo plano não seja aceito pelas empresas.
Mas os problemas na lista de atividades concluídas não param por aí. No campo
regulatório, o governo contabiliza que 10 das 25 ações programadas já foram
realizadas neste ano. Além do PGMU III, estão incluídos outros assuntos em
processo de discussão, como a nova destinação da faixa de 450 MHz (em votação no
Conselho Diretor da Anatel) e o Plano Geral de Metas de Competição (PGMC). Nada
disso está concluído na Anatel.
O presidente da Anatel, embaixador Ronaldo Sardenberg, disse que a mudança de
destinação do 450 MHz, atribuindo a faixa para provimento de banda larga em
áreas rurais, deverá ser aprovada na próxima semana. O assunto já está na pauta
da reunião desta quinta-feira, 2, mas Sardenberg não fez maiores comentários
sobre por que sua aposta é que a votação final só ocorra na semana seguinte.
Enquanto isso, o Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) ainda sequer passou
por consulta pública. A proposta que será apresentada à sociedade está sob
relatoria do conselheiro João Rezende e mais uma vez Sardenberg fez uma previsão
de quando o assunto será deliberado. Segundo o embaixador, a proposta de
consulta pública deve ser votada em duas semanas.
Pendências inevitáveis
Mesmo com a promessa de que os assuntos serão deliberados ainda neste ano, o
fato é que tanto a destinação da faixa de 450 MHz quanto o PGMC (onde estão
atreladas três das 10 ações detalhadas hoje) não terão efeito prático tão cedo.
O uso da faixa só será viabilizado após a realização de um leilão pela Anatel, o
que não tem data para ocorrer ainda. No caso do PGMC, sequer é possível prever
quando o plano será publicado de fato, uma vez que o assunto ainda precisa
passar pela análise pública da sociedade. As três ações associadas ao PGMC são:
compartilhamento de rede; novas regras de interconexão; e novas definições de
Poder de Mercado Significativo (PMS).
A lista de ações dadas pelo governo como concluídas, mas que ainda têm
pendências, são:
* 3G em todos os municípios. É considerado como cumprido, apesar de o próprio
governo frisar que o assunto está sub judice por conta da disputa sobre quem
poderá comprar o leilão da Banda H;
* Leilão do 3,5 GHz. Item que ainda depende da liberação de uma minuta do
edital;
* Implantação de dutos e fibras ópticas aproveitando obras de infraestrura em
outros setores. A Anatel produziu uma minuta de decreto, mas o assunto sequer
começou a ser debatido com as outras agências que regulam os setores afetados;
* Reserva de espectro para uso público. O item foi considerado cumprido porque a
minuta de edital do 3,5 GHz já fez esse tipo de reserva;
* Pulverização de blocos nos leilões de radiofrequência, permitindo a criação de
prestadoras regionais. Novamente, apenas a minuta do 3,5 GHz foi usada como
parâmetro para a análise do cumprimento deste item, mas o leilão ainda não tem
data.
Avanço relativo
O coordenador do CGPID e assessor especial da Presidência, Cezar Alvarez,
insistiu que há sinais de avanço do PNBL no campo das medidas regulatórias,
apesar de nem todos os temas estarem completamente concluídos. "Discordo
profundamente da análise que está sendo feita de que as ações não foram
realizadas", afirmou o coordenador. "Essas ações de regulação têm uns 10 passos
da origem à conclusão. No momento que lançamos o PNBL, estamos no passo 1, por
assim dizer. Se nós formos medir agora o que já está sendo deliberado, avançamos
muito sim", analisou.
Segundo Alvarez, as 10 ações listadas como realizadas seriam projetos que estão
"na boca do caixa", insistindo que o plano está em fase avançada de
implementação no que diz respeito à regulamentação. O CGPID, no entanto, admite
que questões importantes ficarão como "desafios para a próxima gestão". É o
caso, por exemplo, do debate sobre neutralidade de redes e adoção de parâmetros
de qualidade para a banda larga no Brasil. Um dos pontos mais controversos do
PNBL, a possibilidade de a Telebrás atuar também no mercado de oferta de
Internet ao usuário final, também só deve ser debatido de fato no próximo
governo.
MP 495 e tributos
No lote das medidas para desenvolvimento tecnológico e desoneração da cadeia
produtiva, aparecem as duas iniciativas concretamente concluídas em 2010 e que
fazem parte da política pública do PNBL. São elas a aprovação da MP 495/2010, já
aprovada pelo Congresso e que espera apenas a sanção presidencial para virar
lei, e a prorrogação do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES
até março do próximo ano. A MP convertida em lei trata das regras de preferência
às empresas nacionais com desenvolvimento tecnológico no país nas compras
públicas. Já o PSI consiste em verbas do banco de fomento para financiar a
aquisição de produtos com tecnologia nacional.
Apesar de ambas as ações serem importantes para o PNBL, o escopo dessas
iniciativas extrapola a política pública de inclusão digital, tendo impacto em
toda a administração federal (no caso da MP) e em qualquer empresa privada que
deseje adquirir equipamentos desenvolvidos no Brasil (no caso do PSI).
Tributos pendentes
No grupo das ações de desoneração da cadeia produtiva, o principal item
defendido pelas teles ainda não foi contemplado. Trata-se da redução, ou até
mesmo renúncia plena, do ICMS na comercialização de banda larga. A promessa do
CGPID era negociar com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz),
órgão que congrega os secretários de Fazenda dos estados.
Mas as negociações não avançaram. Segundo Alvarez o problema foi apenas de
timing: com a transição dos novos governos nos estados a partir de 2011, o
momento não era oportuno para um acordo com impacto nos cofres estaduais. Além
disso, pesou o fato de que o governo ainda está concluindo a ação envolvendo a
renúncia plena do IPI sobre os modens para oferta de banda larga. Alvarez disse
que precisa da conta de impacto da renúncia nos modens para conversar com os
secretários e assegurar que uma redução no ICMS realmente viabilizará a oferta
de banda larga a preços menores.
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Fonte: Teletime
[30/11/10] "Não
estamos alterando a telefonia fixa", diz Alvarez sobre metas de backhaul -
Mariana Mazza
No que depender do Comitê Gestor de Políticas de Inclusão Digital (CGPID) da
presidência da República, a Anatel tem pleno apoio em sua iniciativa de impor
metas mais amplas às concessionárias de telefonia fixa, incluindo o aumento da
capacidade das redes com a clara intenção de fortalecer a oferta de um outro
serviço, o da banda larga. Nesta terça-feira, 30, em seu discurso de
encerramento do 3º Fórum Brasil Conectado, o coordenador do CGPID e assessor
especial da Presidência, Cezar Alvarez, demonstrou ter uma visão bastante
alinhada com a filosofia adotada pela agência reguladora, de que não há mal
algum em misturar, em última instância, a telefonia fixa (serviço público) com a
banda larga (serviço privado).
A tese defendida por Alvarez é que a convergência tecnológica está mudando o
perfil das telecomunicações. E que hoje, segundo ele, o conceito de "serviço"
está cada vez mais próximo do conceito de "infraestrutura", ao ponto de
tumultuar uma análise simplista das novas redes de telecomunicações. "Nesse
momento de convergência tecnológica, o que é serviço e o que é infraestrutura de
prestação do serviço?", questionou o coordenador. "Quem aqui pode se levantar e
dizer com segurança se a banda larga é um serviço ou uma infraestrutura?",
perguntou novamente, provocando a platéia.
O raciocínio de Alvarez, que também é coordenador do grupo responsável por levar
adiante o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), visava a defesa das novas
obrigações que a Anatel tenta impor com a atualização do Plano Geral de Metas de
Universalização (PGMU III). O assessor da Presidência fez questão de dizer que
"a proposta vai ao encontro da construção de todo o PNBL", elogiando a
iniciativa da agência reguladora.
Alvarez também fez uma defesa velada de outra iniciativa que tem incomodado as
concessionárias de telefonia fixa: a mudança no conceito de "processos de
telefonia", definição básica do sistema de prestação da telefonia fixa. "Não
creio que estejamos alterando o serviço de telefonia fixa", afirmou a
autoridade. Na visão de Alvarez, os movimentos feitos pela Anatel têm como alvo
o mercado de atacado e, portanto, não estariam mexendo efetivamente na essência
do serviço telefônico.
Cezar Alvarez, em uma longa passagem defendendo o fim da discriminação dos
consumidores, afirmou que "o serviço público é universal e assim sendo, não está
correta a dicotomia entre serviço competitivo e serviço universal".
Ele defendeu que o Estado seja mais forte no setor, indo além do "poder
regulatório" e pensando em como exercer melhor seu poder de compra e as redes
que já dispõe. Os comentários podem ser associados à decisão de revitalizar a
Telebrás, embora o coordenador não tenha citado diretamente a estatal.
Alvarez também passou um recado bastante direto às empresas e entidades que têm
criticado as iniciativas da Anatel. "Aqui é necessário encontrar caminhos
contínuos de convergência. Aquele que se colocar em posições extremas, não
chegará a nenhum benefício para sua empresa, nem para a sociedade", afirmou.
Tanto concessionárias quanto órgãos de defesa do consumidor têm se mostrado
incomodados com o novo PGMU III e as teles chegaram a abrir uma ação na Justiça
contra a Anatel para tentar bloquear o projeto.
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Fonte: Teletime
[30/11/10]
Atritos em torno do PGMU III marcam 3º Fórum Brasil Digital - Mariana Mazza
Desde que a Anatel tornou pública sua proposta para o novo Plano Geral de Metas
de Universalização (PGMU III), a agência tem tido dificuldades para encontrar
aliados ao projeto. Alvo de críticas tanto das empresas quanto dos órgãos de
defesa do consumidor, o PGMU III virou o centro de uma das maiores controvérsias
já vividas pela agência reguladora. Mas a Anatel conta com ao menos um aliado de
peso: o Comitê Gestor de Políticas de Inclusão Digital (CGPID), responsável por
tocar o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
A defesa sem ressalvas do CGPID às novas metas de universalização, especialmente
as que dizem respeito ao aumento da capacidade do backhaul, está exposta no
documento-base divulgado nesta terça-feira, 30, sobre o PNBL. O livro sintetiza
a história de construção da política pública de inclusão digital e as
perspectivas e objetivos do projeto. Sua divulgação coincide com o fim dos
debates do Fórum Brasil Conectado, grupo onde diversos segmentos da sociedade
estão representados para discutir os caminhos da banda larga no Brasil.
Acontece que o que está retratado no documento não representa, de fato, a
opinião da maioria dos participantes do fórum, especialmente no que diz respeito
às novas metas de universalização. Apesar de o livro propor claramente que as
metas das concessionárias sejam voltadas para o aumento da capacidade do
backhaul (página 28) - inclusive personalizando o próprio "PNBL" como propositor
- e defender que a convergência está "transformando a forma como o STFC é
caracterizado", nem todos coadunam com essa visão.
Posições contrárias
Entidades civis, associações de empresas de telecomunicações, órgãos de defesa
do consumidor e até executivos de empresas de Tecnologia da Informação
reclamaram a interlocutores do resultado dos debates e, especialmente, das
conclusões tiradas pela equipe de coordenação do PNBL. "A impressão que dá é que
estamos aqui só para chancelar uma proposta da Anatel que não concordamos",
afirmou um representante das empresas que abandonou os debates antes do término
do encontro. "Parece que está tudo decidido. Eles fizeram a cabeça da Anatel de
que banda larga é STFC - ou a Anatel fez a deles, não sei - e não há mais
diálogo", reclamou outro participante de uma entidade civil.
Para evitar atritos com o governo, muitos dos críticos não apresentaram suas
posições nos debates. Mas houve quem levantasse publicamente questionamentos
sobre a lógica defendida pelo CGPID e sobre as mudanças conceituais que estão
por vir. A advogada da entidade de defesa do consumidor ProTeste, Flávia Lefèvre,
questionou a legalidade das metas sugeridas pela agência reguladora e avalizadas
pelo comitê. Para Flávia, não é correto transferir a banda larga para dentro da
telefonia fixa por meio de metas de universalização e regulamentos da Anatel.
O presidente da Informática de Municípios Associados (IMA) e ex-presidente da
Anatel, Pedro Jaime Ziller, colocou em xeque a tentativa de flexibilizar o
conceito de "processos de telefonia" pela Anatel, para possivelmente abarcar a
banda larga como uma modalidade do serviço público. "Esse conceito existe antes
mesmo da instituição do Sistema Telebrás. É um princípio técnico, baseado na
eletrônica necessária à prestação do serviço", afirmou o executivo após o debate
explicando seu posicionamento contra a mudança conceitual.
A proposta da Anatel é permitir que a transmissão de dados pelas concessionárias
de telefonia fixa não se limite a 64 kbps, como está fixado na definição em
vigor. Obviamente, quando o conceito foi criado na área de engenharia de
telecomunicações, sequer havia Internet. Assim, o limite de 64 kbps só foi
incluído posteriormente, com a digitalização das redes. "Mas o conceito do
momento analógico e digital são equivalentes, porque os 64 kbps representam a
velocidade que eu consigo ter usando o sistema de transmissão original da
telefonia", explicou o ex-presidente da Anatel.
Dúvidas continuam
O debate desta terça pode ter sido o último encontro do Fórum Brasil Digital.
Com a mudança no governo, ainda não está garantida a manutenção do grupo de
discussão e o documento divulgado hoje pode ser entendido como uma compilação do
processo de implantação do PNBL, mas não necessariamente dos trabalhos do grupo.
Tendo realizado apenas três encontros, o fórum não chegou a deliberar
formalmente sobre uma posição das entidades ali representadas. Na prática,
existe apenas a posição do governo, representado pelo CGPID. E a preocupação
agora é que o documento-base divulgado hoje não seja interpretado no futuro como
um aval dessas entidades a todo o projeto e suas nuances regulatórias.