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Fonte: Teletime
[15/10/10]
Telebrás reduzirá volume de ações no mercado - por Mariana Mazza
O Conselho de Administração da Telebrás aprovou nesta sexta-feira, 15, o início
de um processo que alterará o perfil da estatal na bolsa de valores. A empresa
irá remodelar o volume de ações que possui no mercado, agrupando-as em grupos de
10 mil. O anúncio ao mercado foi feito por meio de fato relevante divulgado na
tarde desta sexta, 15. O aglutinamento dos papéis ainda precisa do aval da
Assembléia de Acionistas para ser efetivamente realizado. O próximo encontro de
acionistas deve ocorrer até novembro deste ano. E, apesar de a medida só ter
sido anunciada formalmente hoje, a racionalização do volume de ações negociadas
na bolsa é um antigo pedido dos acionistas.
De acordo com o fato relevante, o reagrupamento das ações trará benefícios à
estatal com a redução dos custos de operação no mercado de valor. Para o
presidente da empresa, Rogério Santanna, há outras vantagens no processo. O
agrupamento em lotes de 10 mil ações fará com que os papéis da empresa passem a
ter um valor mais aderente ao praticado de forma geral na Bolsa de Valores de
São Paulo. Na prática, as ações ordinárias, que na tarde de hoje estão cotadas
em R$ 1,37, passarão a "valer" R$ 13,70 após a aglutinação. Já as ações
preferenciais, no momento com valor de R$ 1,13, passariam a ter valor de face de
R$ 11,30 após o processo de racionalização dos papéis.
A Telebrás é hoje uma das empresas com maior número de ações em movimento na
Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), tendo mais de 1 trilhão de papéis em
posse dos acionistas. Esse volume extremamente acima do tradicional é resultado
do Plano de Expansão promovido pelas subsidiárias da Telebrás quando a oferta de
telefones era feita pela estatal. Nos quase 30 anos de controle estatal das
telecomunicações, milhões de ações foram emitidas como "contrapartida" para os
assinantes que aceitavam financiar a expansão do sistema por meio dos planos de
expansão. Na prática, cada consumidor de uma linha Telebrás era também um
acionista da estatal. E, assim, o mercado ficou inchado com milhões de
acionistas da Telebrás. Muitos deles não sabem até hoje que ainda possuem papéis
da empresa.
A mudança no loteamento das ações também poderá trazer um benefício colateral
para esses inúmeros acionistas dispersos no mercado. A Bovespa estipula um
mínimo para a negociação de papéis no mercado, fixando o piso em 1 mil ações.
Por conta dessa regra, esses acionistas gerados pelo plano de expansão, que
várias vezes possuem uma única ação, não conseguiam vendê-la na bolsa. Com o
aglutinamento, será criada uma espécie de banca dos acionistas fracionários (que
não atingiram o novo lote de 10 mil ações). Essas ações serão sumariamente
vendidas, gerando um crédito para esses micro acionistas que poderá ser
recuperado nos bancos que hoje gerenciam as ações emitidas nos planos de
expansão: Itaú e Bradesco.
O reagrupamento das ações em lotes de 10 mil acontecerá tão logo a Assembléia de
Acionistas aprove o plano. A partir daí, será dado 45 dias para que os
acionistas façam suas opções de migração para os novos lotes ou negociem os
papéis que dispõem. À primeira vista, o mercado não reagiu bem ao anúncio da
estatal. O pregão da bolsa fechou com as ações ordinárias da empresa em queda de
8,1%. Já as preferenciais tiveram retração de 6,72%.